SÃO PAULO (Reuters) - A Vale espera levantar 1,5 bilhão de dólares entre o segundo e o terceiro trimestres deste ano com a venda de uma participação em um ativo operacional no Brasil, disse nesta quarta-feira o diretor de Relações com Investidores da mineradora, Rogério Nogueira.
"A ideia é uma emissão secundária de ações preferenciais. Neste momento, estamos olhando simplesmente um ativo", disse Nogueira, durante encontro com investidores em São Paulo.
"Outra coisa que posso dizer é que é uma colocação privada, e estamos discutindo com algumas entidades específicas, em fase bastante avançada de negociação", acrescentou.
Ele não revelou, porém, qual é o ativo.
A transação faz parte de um plano de desinvestimentos e parcerias com o qual a mineradora espera levantar entre 6 bilhões e 7 bilhões de dólares em 2015, num momento em que a maior produtora global de minério de ferro lida com preços mais baixos de seu principal produto.
Segundo balanço do primeiro trimestre, os desinvestimentos e parcerias geraram 1 bilhão de dólares em caixa para a empresa, sendo 900 milhões de dólares referentes à venda de 25 por cento do fluxo de ouro da mina de Salobo e 97 milhões de dólares pela venda de 49 por cento da participação da empresa na hidrelétrica de Belo Monte.
Também integrando o plano de desinvestimento, em 19 de maio, a Vale informou ter fechado acordo para vender quatro navios gigantes (VLOCs), conhecidos como Valemax, para a China Merchants Energy Shipping (CMES) --os valores não foram informados.
Naquele mesmo dia em maio, a empresa informou ter concluído a venda de outros quatro VLOCs para a China Ocean Shipping Company (Cosco), por 445 milhões de dólares.
Segundo Nogueira, a venda dos navios deve levantar 1 bilhão de dólares neste ano e "algo similar" em 2016.
O plano de desinvestimento anunciado pela Vale contempla ainda o acordo com a japonesa Mitsui para parceria no projeto de carvão em Moçambique, anunciado no fim do ano passado.
OUTROS DESINVESTIMENTOS
De acordo com Nogueira, a mineradora ainda avalia outros desinvestimentos, mas a serem realizados em um prazo maior.
"Temos, sim, outras iniciativas sendo analisadas. Temos ativos de que já falamos no passado e posso abrir, como a Mineração Rio do Norte (MRN), alguma venda de posição na MRS (empresa de logística). Essas coisas todas estão no pipeline, mas são talvez iniciativas e transações de mais médio, longo prazo", disse o diretor.
A Vale possui participação de 40 por cento na MRN, produtora de bauxita que opera no oeste do Pará, e tem como outros sócios BHP Billiton, RioTinto, Alcan, CBA, Alcoa e Hydro.
Na MRS Logística, que opera uma malha ferroviária de carga de 1.643 quilômetros nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, a Vale possui 10 por cento, enquanto os demais acionistas são MBR, CSN (SA:CSNA3), UPL, Namisa e Gerdau (SA:GGBR4), segundo informação do site da empresa.
O executivo comentou também que a Vale tem a expectativa, para 2016, de encontrar um parceiro para seu negócio de fertilizantes, por meio de uma joint venture estratégica.
(Por Luciano Costa)