Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - Apesar do ano desafiador em meio à crise causada pela pandemia de coronavírus, a Taurus (SA:TASA4), fabricante brasileira de armas e munições, conseguiu se destacar. No quarto trimestre de 2020, a companhia registrou alta de 500% no lucro líquido, atingindo R$ 263,3 milhões.
Em entrevista ao Investing.com, disponível no final desta matéria, o CEO Salesio Nuhs resume o resultado em duas palavras: impressionante e surpreendente. “Nem mesmo os mais otimistas dos analistas financeiros tinham essas previsões”, aponta o executivo, que destaca, além do lucro, a reversão do patrimônio líquido, que vinha negativo desde 2015.
“Isso mostra que a gente fez um planejamento estratégico eficiente e que nós estamos conseguindo entregar não só o que planejamos, mas ainda mais”, completa.
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Os números refletem também uma característica da companhia que fez com que ela não sentisse com tanta força os impactos da pandemia: “Nós somos uma empresa estratégica de defesa e, por consequência, somos uma atividade essencial. Mas não adianta ser uma atividade essencial se você não tiver as pessoas para cuidar dessa operação”, diz Nuhs, que ressalta os cuidados que a companhia teve com a saúde dos 2.700 colaboradores.
Para além do cuidado com os funcionários, os executivos da Taurus também se movimentaram para cuidar das operações da companhia. Um grande ponto foi a garantia de matéria prima para suprir a demanda. “O resultado foi que não paramos em nenhum momento. Pelo contrário, conseguimos aumentar nossa capacidade de produção em 30%”, completa.
Daqui para frente, Nuhs acredita que a companhia deva dar continuidade ao momento especial. “Nós temos hoje uma carteira de pedidos de mais de 2,2 milhões de armas. Isso dá mais de um ano de produção”, comenta, ressaltando que a empresa vai continuar tentando acelerar o aumento de produção, inclusive na fábrica dos Estados Unidos, cuja capacidade foi dobrada em 2019.
O lançamento de novos produtos e processos, com tecnologia mais avançada, também está no radar.
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No cenário, porém, nem tudo são flores. A ameaça de uma resolução da Camex zerando o imposto de importação de revólveres e pistolas, apesar de não ter entrado em vigor, continua a pairar, e os fabricantes brasileiros continuam a enfrentar desafios regulatórios.
Entretanto, segundo Nuhs, isso não deve prejudicar a Taurus. O fato de a companhia ter uma fábrica nos Estados Unidos permite que a empresa produza lá e exporte para o Brasil, colhendo os mesmos benefícios concedidos a empresas estrangeiras. No entanto, a possível resolução é vista com maus olhos pelo CEO: “Isso é muito negativo para o país, pois você faz com que o empresário brasileiro invista nos EUA para exportar para o Brasil, o que é ruim para a geração de emprego, para a arrecadação…”
O debate da regulamentação de armas, sempre em vigor, também pode ser uma ameaça, especialmente com o aumento da possibilidade de um governo de esquerda em 2022. “Isso evidentemente preocupa a Taurus, mas temos um planejamento estratégico muito firme, que tem que considerar essas questões políticas.”
O fato de o mercado brasileiro ainda corresponder a apenas cerca de 15% das vendas da companhia, porém, ameniza a pressão.
Confira a entrevista completa no vídeo abaixo: