Por Scott Murdoch e Thyagaraju Adinarayan
HONG KONG/LONDRES (Reuters) - As ações da Didi Global chegaram a cair 25% nas negociações pré-mercado dos EUA nesta terça-feira, antes de sua primeira sessão desde que os reguladores chineses ordenaram que o aplicativo da empresa fosse retirado do ar, dias depois de seu IPO de 4,4 bilhões dólares na Bolsa de Valores de Nova York.
A Administração do Ciberespaço da China (CAC) ordenou a remoção do aplicativo empresa chinesa de transporte urbano por aplicativo no domingo, em meio a uma investigação oficial sobre como a empresa usa dados de clientes.
Outras empresas chinesas listadas nos EUA, incluindo Full Truck Alliance e Kanzhun Ltd, também sinalizavam uma abertura negativa nesta terça-feira após o CAC anunciar na segunda-feira investigações relacionadas à segurança cibernética em suas empresas afiliadas.
O mercado acionário norte-americano esteve fechado na segunda-feira em razão de feriado nos Estados Unidos.
Nas negociações pré-mercado nesta terça-feira, as ações da Didi chegaram a cair 25%, para 11,59 dólar, bem abaixo de seu preço de estreia na Nyse de 16,65 em 30 de junho. Nesse nível pré-mercado, Didi deve perder quase 19 bilhões de dólares em valor de mercado.
"Em termos de impacto de fundamentos, isso (a queda do preço das ações) é um pouco severo, em nossa opinião", disse Sumeet Singh, diretor da Aequitas Research que publica no Smartkarma, à Reuters.
"Mas com algumas fontes de notícias dizendo que a Didi sabia com meses de antecedência que uma repressão estava chegando, algumas pessoas começarão a ter suas dúvidas sobre a governança da empresa também."
O Wall Street Journal informou na terça-feira, citando fontes, que a empresa foi advertida por reguladores para atrasar a oferta pública inicial (IPO) e examinar a segurança de sua rede.
"E se a repressão foi de fato planejada com meses de antecedência, isso significa que não irá embora logo, o que pode explicar a grande correção do preço das ações", acrescentou Singh.
A Didi disse na segunda-feira que a proibição do aplicativo teria um impacto adverso em sua receita na China, apesar de continuar disponível para os usuários existentes. Ele também disse à Reuters que não tinha conhecimento da investigação antes do IPO.
"A proibição do app de Didi prejudicará o crescimento do usuário e, ao mesmo tempo, os usuários existentes do app de Didi também terão um certo nível de reserva sobre o uso do app da empresa devido ao medo de comprometer seus dados pessoais", disse Shifara Samsudeen, analista da LightStream Research que também escreve no Smartkarma.
"Portanto, é óbvio que a linha de frente de Didi será afetada."
(Reportagem de Scott Murdoch em Hong Kong, Thyagaraju Adinarayan em Londres e Tom Westbrook em Cingapura; Reportagem adicional de Divya Chowdhury em Mumbai)