Por Victoria Waldersee
LISBOA (Reuters) - A pandemia de Covid-19 conseguiu o que muitos prefeitos de toda a Europa tentam em vão: eliminar dezenas de milhares de locais de hospedagem pelo Airbnb (NASDAQ:ABNB) (SA:AIRB34) dos centros das cidades e ajudar a baixar custos dos aluguéis dos moradores em até 15%.
Embora as cidades europeias acolham turistas há muito tempo, críticos dizem que o aumento de propriedades listadas no site de aluguéis de curto prazo Airbnb nos últimos anos afugentou muitos nativos de seus próprios mercados imobiliários, transformando bairros históricos em espaços sem alma.
Empresas de gerenciamento patrimonial e donos contatados pela Reuters em cidades como Lisboa, Barcelona, Praga e Veneza disseram que o colapso do turismo fez alguns anfitriões substituírem turistas por inquilinos de médio e longo prazos, mudarem-se para os imóveis ou desistirem das propriedades.
Dados da empresa de análise de aluguéis de temporada AirDNA mostraram que o número de anúncios de Airbnb com ao menos uma noite reservada ou disponível no último mês nas 50 maiores cidades europeias caiu 21,9% em 2020 na comparação ano a ano.
O Airbnb diz que se adapta aos padrões de viagem em transformação e que as pessoas procuram cidades pequenas e grandes fora do circuito turístico. "Tivemos mais anúncios na França, Alemanha, Portugal, Espanha e República Tcheca combinados no final de 2020 do que no final de 2019", disse o porta-voz Andreu Castellano à Reuters.
Embora alguns anfitriões de grandes destinos europeus planejem voltar ao Airbnb quando os turistas retornarem, outros deixaram o negócio dos aluguéis de temporada de vez.
"Se o turismo tivesse voltado mais rápido, talvez eu não tivesse tomado esta decisão. Mas não posso passar mais um ano sem uma noção clara de quando o dinheiro vai entrar", disse Vanessa Rola, de 40 anos, que alugava quatro apartamentos no distrito lisboeta da Graça em plataformas de viagem como o Airbnb. Sem turistas, ela não conseguia pagar o próprio aluguel, e está encerrando os contratos.
Em Veneza, onde dados da AirDNA mostraram que os anúncios ano a ano da Airbnb e da rival Vrbo combinados caíram 67% em janeiro, ativistas dos moradores estão exortando o governo a aproveitar a oportunidade para ajudar os nativos – por exemplo, estabelecendo tetos para os dias de aluguel e convertendo espaços vazios em moradias de baixo custo.