Por Michael Nienaber e Michelle Martin
BERLIM (Reuters) - O establishment político da Alemanha se apressou a sair em defesa de um acordo com a Grécia para a negociação de um terceiro pacote de resgate financeiro nesta segunda-feira, e os assessores da chanceler alemã, Angela Merkel, procuraram exibir o pacto como uma vitória europeia que seus aliados conservadores podem apoiar.
A linha-dura adotada pelo ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, nas negociações com a Grécia insuflaram coragem nos legisladores conservadores, muitos dos quais mostravam receio de apoiar uma nova ajuda a Atenas.
Os parlamentares alemães serão convocados a deixar o recesso de verão para uma votação – provavelmente na sexta-feira – que irá autorizar a abertura das tratativas sobre o empréstimo a Atenas assim que o parlamento grego tiver aprovado o programa completo e as primeiras leis. Os aliados de Merkel louvaram o acordo, obtido no começo desta segunda-feira após demoradas conversas em Bruxelas.
"A Europa venceu", tuitou Peter Altmaier, chefe de gabinete de Merkel, acrescentando que Alemanha "foi parte da solução – do início ao fim!"
O secretário-geral do Partido Democrata Cristão (CDU, na sigla em alemão) de Merkel, Peter Tauber, disse que confia que a ala conservadora da legislatura alemã irá apoiar a posição da chanceler.
Em fevereiro, os parlamentares alemães aprovaram uma prorrogação do segundo resgate financeiro à Grécia, mas em Berlim um número recorde de dissidentes conservadores sublinhou seu ceticismo a respeito do quanto se pode confiar que Atenas irá realizar reformas.
Dos 32 votos "não", 29 partiram do CDU e de sua legenda irmã, o Partido Democrata Cristão da Baviera (CSU (SA:CARD3), na sigla em alemão). Além disso, 109 conservadores assinaram declarações afirmando terem votado a favor da prorrogação, mas com reservas.
Os Social-Democratas (SPD, na sigla em alemão), parceiros minoritários na coalizão de Merkel, endossaram sem demora o acordo com a Grécia.