Dólar recua em linha com perdas entre emergentes em meio à incerteza comercial

Publicado 11.04.2025, 09:18
Atualizado 11.04.2025, 10:21
© Reuters. Casa de câmbio no Rio de Janeiron24/09/2015.   REUTERS/Sergio Moraes

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista recuava ante o real nesta sexta-feira, devolvendo os ganhos da véspera, à medida que os investidores faziam reajustes nas posições e aproveitavam o apetite por risco nos mercados globais, apesar da nova escalada nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China.

Às 10h04, o dólar à vista caía 0,68%, a R$5,8588 na venda. Na semana, a moeda acumula alta de 0,35%

Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,80%, a R$5,852 na venda.

Os ganhos do real ocorriam na esteira dos avanços de seus pares frente à divisa dos EUA, como o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno, que se beneficiavam das altas dos preços de commodities no exterior, como o minério de ferro.

Investidores também pareciam motivados a buscar ativos mais arriscados diante dos ganhos em mercados acionários, com avanços na Ásia e em futuros de Wall Street, repercutindo balanços fortes por parte de grandes bancos norte-americanos nesta sexta.

Após as fortes perdas entre emergentes na véspera, os agentes financeiros ainda aproveitavam para realizar lucros e ajustar suas posições ao fim de uma semana de extrema volatilidade em meio à incerteza comercial no exterior.

No Brasil, o dólar à vista havia fechado em alta de 0,89% na véspera, a R$5,8990.

"Estamos então seguindo em linha com o exterior. Futuros em Wall Street se recuperando, que foi o que derrubou a gente ontem. Então, natural esse ajuste", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

O movimento da sessão ocorria apesar de nova escalada na guerra comercial entre EUA e China, que vinha deixando os investidores mais receosos ao risco em países emergentes ao longo da semana.

Mais cedo, a China aumentou suas tarifas sobre as importações de produtos dos EUA para 125%, revidando a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de aumentar as tarifas para a segunda maior economia do mundo a 145%.

O anúncio de Trump veio em resposta à imposição por Pequim de tarifa de 84% sobre as mercadorias dos EUA, quando a China retaliou uma imposição de tarifa anterior feita pelos EUA.

Na semana passada, Trump disse que colocaria taxa de 54% sobre o país asiático, levando a China a anunciar uma tarifa de 34% sobre os produtos norte-americanos. Em seguida, os EUA impuseram taxa de 104% sobre os produtos chineses, provocando a tarifa retaliatória de 84%.

Segundo Eduardo Moutinho, analista de mercado do Ebury Bank, as tensões comerciais também podem estar contribuindo para o enfraquecimento do dólar e de outros ativos dos EUA, como os Treasuries, uma vez que cresce a percepção de que a maior economia do mundo será prejudicada pela disputa.

"A narrativa de 'vender tudo dos EUA' estava viva e ativa nos mercados. Em períodos normais de estresse, os ativos dos EUA se saíram bem. Isso virou de cabeça para baixo desde a semana passada, com os investidores parecendo perder a confiança na posição dos EUA como o pilar do excepcionalismo", afirmou Moutinho.

Analistam temem que a disputa comercial com a China possa reacender a inflação nos EUA e provocar uma recessão econômica devido à dependência de muitas empresas norte-americanas em relação às importações vindas da China.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 1,08%, a 99,437.

Na cena doméstica, o dia era marcado pela divulgação de dados econômicos.

A atividade econômica brasileira cresceu mais do que o esperado em fevereiro com impulso do setor agropecuário, mesmo em meio ao ciclo de aperto de juros e às expectativas de desaceleração da economia, de acordo com dados do Banco Central.

Já o IBGE informou que o IPCA de março desacelerou em linha com o esperado em relação ao mês anterior, com a inflação atingindo o patamar de 5,48% em 12 meses.

(Edição de Eduardo Simões)

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.