Por Marek Strzelecki e Sabine Siebold e Anna Koper
VARSÓVIA/BERLIM (Reuters) - Ao tentar conquistar um inédito terceiro mandato no poder, o governo nacionalista da Polônia tem atacado um alvo próximo de casa: a Alemanha, sua aliada da Otan e maior parceira comercial.
Em uma disputa acirrada antes da eleição de 15 de outubro na Polônia, os líderes do partido governista Lei e Justiça (PiS) têm acusado a Alemanha de tentar ditar a política do governo polonês sobre qualquer tema diretamente de Berlim, desde migração até gás.
A rixa tem desgastado a frente ampla da Europa que apoia a Ucrânia contra a invasão da Rússia, destruindo um plano para uma fábrica conjunta de reparos de tanques em benefício de Kiev.
A liderança populista do PiS também diz que a Alemanha está conspirando para trazer o principal oponente eleitoral do partido, o ex-primeiro-ministro Donald Tusk, de volta ao poder.
O PiS tem aproveitado a desconfiança em relação à Alemanha, que ainda é grande em parte do eleitorado, principalmente entre conservadores idosos que se lembram da devastação da Segunda Guerra Mundial.
"Sabe onde você pode ler o programa (de campanha da oposição)? Nos jornais alemães", disse o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki em um evento de campanha.
Seu partido retrata Tusk, que disse que seu avô foi recrutado à força pelas Forças Armadas nazistas durante a Segunda Guerra Mundial antes de fugir para o lado dos Aliados, como um fantoche alemão e o "marido político" da ex-chanceler alemã Angela Merkel. Um vídeo de campanha também zombou do sucessor de Merkel, Olaf Scholz.
Os meses de brigas entre os dois vizinhos têm testado a solidariedade da aliança ocidental que se uniu em torno da Ucrânia após a invasão russa no ano passado. A disputa já afetou os esforços para ajudar o lado ucraniano.
Em abril, os ministros da defesa da Alemanha e da Polônia, com um sorriso e um abraço de solidariedade, anunciaram a criação de um centro conjunto na Polônia para reparar os tanques Leopard de fabricação alemã danificados em combate na Ucrânia.
Mas o acordo fracassou rapidamente. Em outra disputa, Varsóvia resistiu a uma oferta alemã de instalar unidades de defesa aérea de mísseis Patriot na Polônia, mas acabou concordando.
Embora os laços entre Polônia e Alemanha tenham sido frios desde que o PiS chegou ao poder em 2015, os poloneses agora os veem piorando. Apenas 47% acham que as relações são boas, de acordo com uma pesquisa deste ano, abaixo dos 72% em 2020.
Muitos poloneses, incluindo 56% dos entrevistados na pesquisa de opinião, acham que a Alemanha não fez o suficiente para compensar os danos infligidos pela guerra. O PiS pediu ao vizinho que pague mais de 1 trilhão de euros em reparações, o que foi rejeitado por Berlim.