Por Parisa Hafezi
DUBAI (Reuters) - O Irã começou a enriquecer urânio a 60%, disse o principal negociador nuclear do país, Abbas Araqchi, à mídia estatal nesta terça-feira, um dia depois de o governo iraniano acusar o arquirrival Israel de sabotar uma instalação nuclear crucial.
Araqchi fez o anúncio pouco antes da retomada das conversas em Viena com o objetivo de ressuscitar o acordo nuclear de 2015 do Irã com grandes potências, ao qual Israel se opôs duramente e do qual o ex-presidente norte-americano Donald Trump desligou os Estados Unidos três anos atrás.
Na semana passada, o Irã e as potências globais realizaram o que descreveram como conversas "construtivas" para salvar o pacto, que desandou à medida que o Irã passou a violar seus limites de enriquecimento de urânio sensível em reação ao fato de Trump ter reativado sanções rigorosas contra Teerã.
O acordo havia estabelecido um teto de pureza de 3,67% para o Irã enriquecer hexafluoreto de urânio, o combustível das centrífugas -- muito abaixo dos 90% do nível usado em armas.
Nos últimos meses, o Irã elevou o enriquecimento a uma pureza de 20%, nível no qual o urânio é considerado altamente enriquecido e um grande passo rumo ao enriquecimento usado em armas.
Mais cedo nesta terça-feira, o principal diplomata iraniano disse que um ataque à instalação nuclear de Natanz que seu país atribui a Israel foi "uma aposta muito ruim" que fortalecerá a posição do Irã nas conversas de retomada do pacto nuclear de 2015.
Israel, cuja existência o Irã não reconhece, não comentou formalmente o incidente.