Por Timour Azhari e James Mackenzie
BEIRUTE/JERUSALÉM (Reuters) - Israel rejeitou nesta quinta-feira os apelos globais por um cessar-fogo com o movimento Hezbollah do Líbano, desafiando seu maior aliado, os Estados Unidos, e avançando com ataques que mataram centenas de pessoas no Líbano e aumentaram os temores de uma guerra regional total.
Um avião de guerra israelense atingiu os arredores da capital Beirute, matando duas pessoas e ferindo 15, incluindo uma mulher em estado crítico, segundo o Ministério da Saúde do Líbano. Com isso, o número de mortes causadas por ataques durante a noite e nesta quinta-feira chegou a 28.
O ataque matou o chefe de uma das unidades da força aérea do Hezbollah, Mohammad Surur, de acordo com duas fontes de segurança, o mais recente comandante sênior do Hezbollah visado em dias de assassinatos que atingiram os altos escalões do grupo.
A fumaça foi vista subindo após o ataque perto de uma área onde estão localizadas várias instalações do Hezbollah e onde muitos civis também vivem e trabalham. A emissora de televisão Al-Manar, do Hezbollah, transmitiu imagens de um andar superior danificado de uma edificação.
No lado israelense da fronteira com o Líbano, o Exército realizou um exercício simulando uma invasão terrestre -- um possível próximo estágio após ataques aéreos incessantes e explosões de dispositivos de comunicação.
Israel prometeu proteger o norte do país e devolver às comunidades locais milhares de cidadãos que foram retirados desde que o Hezbollah lançou uma campanha de ataques entre fronteiras no ano passado em solidariedade aos militantes palestinos que lutam em Gaza.
"Não haverá cessar-fogo no norte", disse o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, no X. "Continuaremos lutando contra a organização terrorista Hezbollah com todas as nossas forças até a vitória e o retorno seguro dos moradores."
Esses comentários acabaram com as esperanças de um acordo rápido após o primeiro-ministro libanês Najib Mikati, cujo governo inclui elementos do Hezbollah, expressar esperança de um cessar-fogo.
Centenas de milhares de pessoas deixaram suas casas durante o mais pesado bombardeio israelense no Líbano desde uma grande guerra em 2006.
O Hezbollah tem enfrentado os militares israelenses desde que o movimento muçulmano xiita foi criado pela Guarda Revolucionária do Irã em 1982 para combater uma invasão israelense no Líbano. Desde então, ele se transformou no mais poderoso representante de Teerã no Oriente Médio.
EUA, França e vários outros aliados pediram um cessar-fogo imediato de 21 dias na fronteira entre Israel e Líbano. Eles também expressaram apoio a um cessar-fogo em Gaza.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse à MSNBC que as principais potências mundiais queriam um cessar-fogo e que se iria reunir com autoridades israelenses em Nova York nesta quinta-feira.
(Reportagem de Laila Bassam, Timour Azhari e Maya Gebeily em Beirute, Ari Rabinovitch, Maayan Lubell e James Mackenzie em Jerusalém; John Irish, Michelle Nichols e Humeyra Pamuk na ONU; e Gabriella Borter e Kanishka Singh em Washington)