BERLIM (Reuters) - A decisão da chanceler Angela Merkel de permitir que milhares de migrantes retidos na Hungria entrem na Alemanha causou um racha em seu bloco conservador neste domingo, quando seus aliados bávaros acusaram Merkel de dar "um sinal totalmente errado" para a Europa.
A disputa eclodiu após Áustria e Alemanha terem aberto suas fronteiras para milhares de exaustos migrantes levados de ônibus para a fronteira da Hungria por um governo de direita do país, preocupado com o número de pessoas.
A Alemanha espera um fluxo recorde de 800.000 migrantes e refugiados neste ano, de longe o mais alto na União Europeia. Mais de 100.000 requerentes de asilo foram registrados somente em agosto. A maior e mais rica economia da Europa atrai muitos migrantes, que muitas vezes têm parentes que já vivem no país.
Merkel e o presidente húngaro Viktor Orban haviam concordado por telefone que a decisão de permitir que os refugiados - muitos vindos da guerra civil da Síria - atravessassem as fronteiras era um gesto um temporário feito por razões humanitárias, disse um porta-voz do governo alemão.
Mas o ministro do Interior da Bavária, Joachim Herrmann, cujo partido União Social Cristã (CSU (SA:CARD3)) é irmão dos Cristão Democratas (CDU), de Merkel, acusou-a de ter seguido em frente sem pedir aos Estados da Alemanha, que têm que lidar com o fluxo de migrantes.
O governador da Bavária, Horst Seehofer, e outros líderes da CSU acordaram em uma conferência por telefone que a luz verde de Merkel aos migrantes presos na Hungria havia sido uma "decisão errada por parte do governo federal", noticiou o jornal Bild am Sonntag.
Já o partido de centro-esquerda Social Democrata, também parceiro de Merkel na "grande coalizão", se apressou em defendê-la, com a secretária-geral Yasmin Fahimi classificando a decisão da chanceler de "a única coisa certa a ser feita".
A coalizão de Merkel deve acordar uma série de medidas ainda neste domingo, incluindo a redução da burocracia para facilitar a construção de abrigos, o aumento dos fundos para Estados e municípios e aceleração dos procedimentos de asilo.
(Por Michael Nienaber)