A defesa de Marcelo Odebrecht entregou, na noite de ontem (1º), à Justiça Federal em Curitiba, as alegações finais no processo da Operação Lava Jato em que ele é réu, pedindo absolvição e apontando que não há nada que permita afirmar que o empreiteiro tenha praticado os crimes descritos na denúncia.
“Ao contrário: 'tudo o que se produziu de prova até aqui é revelador de que Marcelo Odebrecht não teve envolvimento nos crimes que lhe são imputados'”, diz a assessoria da Odebrecht, em nota.
De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal à Justiça, o empresário está envolvido diretamente no esquema de pagamento de propina a ex-dirigentes da Petrobras (SA:PETR4) e atuava orientando as atividades dos demais acusados ligados à empreiteira. Marcelo Odebrecht está preso desde junho de 2015 em Curitiba.
Para abrir a ação penal, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal da capital paranaense, considerou significativos os documentos procedentes da Suíça, apresentados pela acusação, que demonstram a movimentação de contas da Odebrecht para ex-dirigentes da estatal.
“Nesses sete meses de instrução, foram ouvidos diversos delatores, 97 testemunhas de acusação e defesa, e juntadas milhares de páginas de documentos pelas partes. Toda essa prova produzida na instrução processual, longe de envolver Marcelo Odebrecht nos crimes investigados, revela a sua cabal inocência”, diz a nota.
Para os advogados do empreiteiro, a acusação se vale de uma utilização “equivocada” da teoria do domínio do fato para tentar imputar a ele os crimes descritos na denúncia. Entretanto, afirmam que a Odebrecht é uma empresa com a gestão “extremamente descentralizada”, dividindo-se em 14 negócios distintos, subdivididos em mais de 300 pequenas empresas.
Os advogados ressaltam que não foi produzida nenhuma prova documental contra Marcelo, até porque ele nunca participou de discussões dos contratos que são objeto da investigação. Não há no processo nenhuma prova ou testemunho, nem de delatores, que vincule Marcelo às operações financeiras mencionadas na denúncia”, diz a nota da empresa.
Em relação ao e-mail endereçado a ele que fala em sobrepreço na contratação da operação de sondas pela Petrobras, a defesa disse que foi apenas um termo técnico usado na composição do valor do serviço.
Sobre as anotações encontradas no celular do empreiteiro, a defesa alegou que são lembretes de assuntos diversos, inclusive temas que surgiram na Operação Lava Jato, e que “não continham nenhum tipo de orientação”.