DACAR (Reuters) - Rebeldes Tuareg do norte do Mali dizem que ainda não receberam qualquer comunicação direta de Moscou sobre o destino dos combatentes do Grupo Wagner -- mercenários russos que eles tomaram como prisioneiros em uma batalha perto da fronteira com a Argélia, no mês passado.
Um porta-voz da coalizão rebelde, conhecida como Estrutura Estratégica Permanente para a Paz, Segurança e Desenvolvimento (CSP), disse que os prisioneiros estão sendo bem tratados e que a organização estava aberta a negociar.
“Por uma questão de princípio, estamos abertos para ouvir todas as iniciativas e propostas, mas até agora não houve negociação”, afirmou Mohamed Elmaouloud Ramadane à Reuters, em entrevista nesta semana.
Os rebeldes Tuareg afirmaram que pelo menos 84 mercenários do Grupo Wagner e 47 soldados malianos foram mortos em dias de batalhas perto da cidade de Tinzaouaten. Eles dizem ter capturado sete reféns.
Ramadane afirmou que os rebeldes foram contatados por três partes interessadas, como organizações não-governamentais e cidadãos, para conversar sobre os prisioneiros. Não houve contato, contudo, de alguém falando em nome do governo russo.
O Ministério das Relações Exteriores russo e a embaixada de Moscou no Mali não responderam a um pedido para que comentassem sobre os reféns. Após a morte do chefe do grupo mercenário, Yevgeny Prigozhin, há um ano, o Kremlin juntou o Wagner e outros grupos mercenários russos sob uma organização chamada Africa Corps. Separatistas Tuareg se insurgiram contra o governo do Mali em 2012, exigindo uma terra independente chamada de Azawad. A luta deles acabou se misturando a uma rebelião islâmica ligada à Al Qaeda na mesma região. Os russos estão no Mali desde que o exército, que tomou o poder com dois golpes de Estado em 2020 e 2021, expulsou tropas francesas e da Organização das Nações Unidas (ONU) que combatiam insurgentes islâmicos há uma década, substituindo-os pelo Grupo Wagner. (Reportagem de Jessica Donati)
((Tradução Redação São Paulo))
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