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O Ministério das Relações Exteriores russo declarou na 2ª feira (4.ago.2025) que não se considera mais vinculado a uma moratória que impedia o país de instalar mísseis nucleares de médio e curto alcance. O governo do país declarou que os Estados Unidos estariam implantando armamentos semelhantes na Europa e na região Ásia-Pacífico.
O ex-presidente russo Dmitri Medvedev, atual vice-chefe do Conselho de Segurança, atribuiu a medida à postura “antirrussa” da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte).
“O comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Rússia sobre a retirada da moratória sobre a implantação de mísseis de médio e curto alcance é o resultado da política anti-Rússia dos países da Otan”, publicou Medvedev no X.
A mudança na posição russa se dá 6 anos depois dos EUA terem se retirado do INF (sigla para Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário) em 2019, durante o 1º mandato de Donald Trump (Partido Republicano). Desde então, a Rússia mantinha uma moratória unilateral condicionada à não implantação dessas armas por parte dos EUA.
Em comunicado oficial, citado pela Al Jazeera, o Ministério das Relações Exteriores russo explicou a decisão: “Como a situação caminha para a implantação real de mísseis terrestres de médio e curto alcance fabricados nos EUA na Europa e na região Ásia-Pacífico, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia observa que as condições para manter uma moratória unilateral sobre o desdobramento de armas semelhantes desapareceram”.
O anúncio russo foi feito uma semana depois de Trump ordenar o reposicionamento de submarinos nucleares, intensificando as tensões entre os 2 países.
O tratado INF, firmado em 1987 por Mikhail Gorbachev e Ronald Reagan, havia eliminado uma classe inteira de armamentos: mísseis nucleares lançados do solo com alcance de 500 a 5.500 km.
O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, já havia sinalizado em dezembro de 2024 que a moratória era “praticamente inviável” e teria “de ser abandonada”. Agora, ele acusa os norte-americanos de ignorarem os alertas: “Os EUA ignoraram arrogantemente os avisos da Rússia e da China e, na prática, passaram a implantar armas dessa classe em várias regiões do mundo”.
Medvedev disse que os adversários da Rússia enfrentarão novas circunstâncias: “Esta é uma nova realidade com a qual todos os nossos oponentes terão de lidar. Esperem por mais medidas”.
Com esta decisão, a Rússia poderá implantar mísseis nucleares de curto e médio alcance nas “regiões apropriadas”, conforme mencionado por Medvedev, o que pode elevar as tensões entre Moscou e a Otan.