(Reuters) - Ainda não há motivos para negociações sobre como encerrar a guerra na Ucrânia, disse a Rússia nesta quarta-feira, em comentários sobre as negociações de paz que se tornaram mais frequentes desde que Donald Trump venceu a eleição presidencial dos Estados Unidos no mês passado.
"Ainda não há motivos para negociações", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ao jornal Izvestia, reiterando a posição de longa data de Moscou sobre as conversas.
"Muitos países declararam estar prontos para fornecer seu território... e somos gratos a todos os países por essa boa vontade, incluindo o Catar."
O Catar mediou vários retornos de crianças ucranianas levadas da zona de conflito para a Rússia desde o início da guerra. Milhares de civis, a grande maioria deles ucranianos, foram mortos desde que a Rússia lançou sua invasão em grande escala no país vizinho em fevereiro de 2022.
Valentina Matviyenko, presidente do Conselho da Federação, a câmara alta do Parlamento russo, disse na segunda-feira que poderia haver tentativas de iniciar negociações de paz com a Ucrânia em 2025.
No final de novembro, fontes disseram à Reuters que o presidente russo, Vladimir Putin, estava aberto a discutir um acordo de cessar-fogo na Ucrânia com Trump e poderia concordar em congelar o conflito ao longo das linhas de frente.
As forças russas controlam cerca de 20% do território da Ucrânia e têm avançado ultimamente no ritmo mais rápido desde os primeiros dias da guerra.
Mas o Kremlin tem dito repetidamente que não negociará com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, a menos que a Ucrânia renuncie à sua ambição de se juntar à Otan e retire suas tropas dos territórios atualmente controlados pelas tropas russas.
A Ucrânia, que na terça-feira declarou que não se contentaria com nada menos do que a adesão à Otan para garantir sua segurança futura, também disse que não comprometerá seu território.
Com a promessa de Trump de encerrar a guerra rapidamente após assumir o cargo em janeiro, e nomear um enviado para a Ucrânia que favorece o congelamento das atuais linhas de batalha, crescem as preocupações em Kiev e entre seus aliados de que os termos de qualquer possível pacto de cessar-fogo favoreceriam a Rússia e deixariam a Ucrânia em uma posição vulnerável.
O governo em fim de mandato do atual presidente dos EUA, Joe Biden, o maior apoiador da Ucrânia, procurou apoiar Kiev antes de deixar o cargo e permitiu que a Ucrânia usasse mísseis norte-americanos de longo alcance para atacar a Rússia.
Na segunda-feira, no mais recente movimento semelhante, o governo norte-americano aprovou outro pacote de ajuda militar a Kiev, desta vez no valor de 725 milhões de dólares.
(Reportagem de Lidia Kelly em Melbourne)