Ucrânia está pronta para aceitar proposta de cessar-fogo e EUA retomarão apoio de segurança

Publicado 11.03.2025, 15:25
Atualizado 11.03.2025, 20:25
© Reuters. Encontro entre autoridades dos EUA e da Ucrânia, em Jeddah, na Arábia Sauditan11/03/2025nSAUL LOEB/Pool via REUTERS

Por Daphne Psaledakis e Pesha Magid

JEDDAH, Arábia Saudita (Reuters) - Os Estados Unidos concordaram nesta terça-feira em retomar a ajuda militar e o compartilhamento de inteligência com a Ucrânia imediatamente após as conversações na Arábia Saudita, nas quais o governo ucraniano expressou disposição de aceitar uma proposta dos EUA para um cessar-fogo de 30 dias em seu conflito com a Rússia, disseram os países em uma declaração conjunta.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que levaria a oferta aos russos, e que a bola agora está no campo de Moscou.

"O presidente queria que essa guerra terminasse ontem... Portanto, nossa esperança é que os russos respondam ’sim’ o mais rápido possível, para que possamos passar para a segunda fase disso, que são as negociações reais", disse Rubio aos repórteres, referindo-se ao presidente dos EUA, Donald Trump, após mais de oito horas de conversas em Jeddah, na Arábia Saudita.

O Kremlin lançou uma invasão em grande escala da Ucrânia há três anos, e a Rússia, que vem fazendo avanços, agora detém cerca de um quinto do território da Ucrânia, incluindo a Crimeia, que anexou em 2014.

Rubio disse que Washington queria um acordo completo com a Rússia e a Ucrânia "o mais rápido possível".

"A cada dia que passa, essa guerra continua, pessoas morrem, pessoas são bombardeadas, pessoas são feridas em ambos os lados desse conflito", disse ele.

A resposta de Moscou estava longe de ser certa.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse que está aberto a discutir um acordo de paz, mas ele e seus diplomatas declararam repetidamente que são contra um cessar-fogo e que buscariam um acordo que salvaguardasse a "segurança de longo prazo" da Rússia. Putin descartou concessões territoriais e disse que a Ucrânia deve se retirar totalmente de quatro regiões ucranianas reivindicadas e parcialmente controladas pela Rússia.

Nesta terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse apenas que não descartava contatos com representantes dos EUA.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, que estava na Arábia Saudita, mas não participou das conversações, disse que o cessar-fogo era uma "proposta positiva", que abrange a linha de frente do conflito, não apenas os combates por ar e mar.

A RÚSSIA CONCORDARÁ?

O líder ucraniano disse que o cessar-fogo entrará em vigor assim que a Rússia concordar.

"Quando os acordos entrarem em vigor, durante esses 30 dias de ’silêncio’, teremos tempo para preparar com nossos parceiros, em nível de documentos de trabalho, todos os aspectos para uma paz confiável e segurança de longo prazo", disse Zelenskiy.

Rubio disse que o plano seria entregue aos russos por meio de vários canais. O assessor de segurança nacional de Trump, Mike Waltz, deve se encontrar com seu colega russo nos próximos dias, e o enviado especial de Trump Steve Witkoff planeja visitar Moscou esta semana para se reunir com Putin.

Trump disse nesta terça-feira que espera um cessar-fogo rápido e que achava que conversaria com Putin nesta semana. "Espero que seja nos próximos dias", disse ele aos repórteres em um evento na Casa Branca para promover a empresa de carros Tesla (NASDAQ:TSLA), de seu assessor próximo Elon Musk.

O acordo entre os EUA e a Ucrânia foi uma reviravolta brusca em relação a uma reunião amarga na Casa Branca em 28 de fevereiro entre o novo presidente republicano dos EUA, que há muito tempo é cético em relação à ajuda à Ucrânia, e Zelenskiy.

Na declaração conjunta desta terça-feira, os dois países disseram que concordaram em concluir o mais rápido possível um acordo abrangente para o desenvolvimento dos recursos minerais críticos da Ucrânia, que estava em andamento e foi jogado no limbo por conta daquela reunião.

Após aquele encontro, os Estados Unidos interromperam o compartilhamento de inteligência e o envio de armas para a Ucrânia, destacando a disposição de Trump de pressionar um aliado dos EUA conforme ele se voltava para uma abordagem mais conciliatória com Moscou.

Trump disse nesta terça-feira que convidaria Zelenskiy de volta à Casa Branca.

Autoridades ucranianas disseram nesta terça-feira que tanto a assistência militar dos EUA quanto o compartilhamento de inteligência foram retomados.

PARCEIROS EUROPEUS

Um importante assessor de Zelenskiy disse que as opções de garantias de segurança para a Ucrânia foram discutidas com as autoridades norte-americanas. As garantias de segurança têm sido um dos principais objetivos de Kiev, e alguns países europeus expressaram sua disposição de explorar o envio de forças de paz.

Na declaração conjunta, a Ucrânia reiterou que os parceiros europeus deveriam estar envolvidos no processo de paz. O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, estará na Casa Branca na quinta-feira.

À medida que a diplomacia se desenrola, as posições da Ucrânia no campo de batalha estão sob forte pressão, particularmente na região russa de Kursk, onde as forças de Moscou lançaram um esforço para expulsar as tropas ucranianas, que estavam tentando manter um pedaço de terra como moeda de troca.

Durante a noite, a Ucrânia lançou seu maior ataque com drones contra Moscou e a região circundante, mostrando que o governo ucraniano também pode desferir grandes golpes após um fluxo constante de ataques russos com mísseis e drones, um dos quais matou 14 pessoas no sábado.

O ataque, no qual 337 drones foram derrubados sobre a Rússia, matou pelo menos três funcionários de um depósito de carne e causou uma breve paralisação nos quatro aeroportos de Moscou.

(Reportagem de Daphne Psaledakis e Pesha Magid; reportagens adicionais de Anastasiia Malenko, Doina Chiacu, Jonathan Landay, Humeyra Pamuk, Steve Holland, Lili Bayer (ETR:BAYGN), Lidia Kelly e Yuliia Dysa)

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