1 Ano do Pânico, Pandemia e Circuit Breakers: O Que Aprendi?

Publicado 17.03.2021, 13:45
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O que as redes sociais aprenderam?

Fiz a mesmíssima pergunta nas redes sociais (Instagram, Twitter, Facebook e LinkedIn) e as respostas são interessantíssimas.

Pelo que pude ver, o grande aprendizado foi "ter caixa e reserva de emergência".

Seguido de "controlar o psicológico e não vender".

Seguido de "comprar na baixa".

Seguido de "deveria ter escolhido melhor minhas ações".

Obrigado a todos que responderam, os depoimentos são ótimos!

A pandemia e os 6 circuit breakers

Rapidamente, vamos reviver o que aconteceu.

O novo Coronavírus já se espalhava pela Ásia, sem nenhum efeito nos mercados ocidentais. Parecia mais uma epidemia restrita à Ásia. Contudo, no final de fevereiro, os mercados locais, seguindo os EUA, mostraram que teríamos uma pandemia.

Ibovespa entre fevereiro e março de 2020 (Fonte: Bloomberg)

Foram 6 circuit breakers em 8 pregões, os piores dias foram:

9 de março -12,2 por cento.

11 de março -7,6 por cento.

12 de março -14,8 por cento.

16 de março -13,9 por cento.

18 de março -10,3 por cento.

Em 1 mês, a nossa bolsa caiu -46 por cento.

O Brasil é o pior mercado do mundo

O pânico foi forte no mundo, mas no Brasil foi ainda pior. Enquanto o SPX (índice S&P americano) caía -33 por cento, nós caíamos -47 por cento.

SPX (branco) e Ibov (verde) (Fonte: Bloomberg)

Comentamos muito na época. O Brasil era o pior mercado entre todos os desenvolvidos e emergentes que importam. O Brasil foi pior que a Argentina... e não foi só isso: nossa moeda encontrou um novo patamar:USD/BRL (Fonte: Bloomberg)

O dólar valorizou +49 por cento. Nada nunca mais foi o mesmo, mas aprendemos… aprendemos muito.

"Ter caixa"

A maioria das pessoas disse ter aprendido a "ter caixa e reserva de emergência".

Entretanto, ter caixa, para mim (Bruce), não é nem um pouco natural. Vendo as enormes oportunidades de ótimas empresas, em crescimento acelerado, com enormes barreiras de entrada, vantagens competitivas e preços baixos, considero ter caixa algo muito difícil.

Sim, é necessário, mas o meu psicológico joga contra – eu sei que ele joga contra. Eu preciso fazer um esforço sobre-humano para não alocar tudo, o tempo todo, em ações.

Ter caixa, ou melhor, ter flexibilidade no portfólio, é algo que ainda estou aprendendo.

Explico...

"Controlar o psicológico e não vender"

Eu, sinceramente, não tenho esse problema.

Olhando os resultados das empresas, meu psicológico funciona ao contrário do mão de alface – quero comprar tudo, sempre.

O que também é péssimo.

O que os americanos chamam agora de "mãos de diamante".

Como comentei acima, minha tendência é sempre comprar e estar comprado. Entendendo minhas próprias deficiências psicológicas, eu descobri algumas formas de jogar contra meu subconsciente.

Em vez de carregar caixa, é mais fácil, para mim, carregar uma posição vendida ou short (sempre em índice; short em ações específicas é arriscado demais). Nas crises, a posição short vai ganhar quando todo o meu portfólio estiver perdendo.

Além disso, carrego "posições defensivas". Empresas que, caso tenhamos uma crise ou problemas no Brasil, terão desempenho (resultado) oposto ao do mercado brasileiro. Desempenho é sempre o resultado das empresas, pois ninguém sabe o que acontecerá com o preço das ações.

Porém, minha paixão pelos resultados me impede de...

"Comprar na baixa"

Para mim, é a coisa mais fácil e natural do mundo: caiu, compra!

Meu problema é justamente encher a mão rápido demais. Apaixonado que sou pelos resultados das empresas, vou com muita sede ao pote. Acabo comprando rápido demais.

Afinal, como não ser otimista vendo o que acontece com Unidas (LCAM3), por exemplo:

Ebitda LCAM3 (Fonte: Bloomberg)

É impossível prever os movimentos do mercado, mas o mercado possui inércia. O mercado cria tendências dependendo do teor do noticiário…

Se existe uma epidemia de grandes proporções na Ásia: espere um pouco para comprar, tenha caixa, tenha paciência. Parece óbvio, mas ainda não sei se meu psicológico já entendeu esses pontos.

Na crise da pandemia, gastei todo o caixa e zerei todo o short antes do índice bater 100 mil pontos e observei, em desolação, ele caindo até os 63 mil pontos...

"Deveria ter escolhido melhor minhas ações"

Aqui, tenho enorme orgulho de dizer que aprendi MUITO (muito, muito) nos últimos anos. Quem me acompanha desde 2015 (e tem acesso aos relatórios antigos) consegue ver, claramente, a evolução.

Principalmente nos últimos 3 anos, desde que começamos a Nord, minha capacidade de avaliar negócios deu um salto. Com certeza, a necessidade de mostrar resultados quando se monta uma empresa deu um empurrãozinho (a preocupação, o stress, a cobrança).

Hoje, tomo muitos riscos que não sabia tomar há alguns anos.

Hoje, consigo enxergar a enorme diferença de ótimas empresas e empresas que dependem de fatores externos.

Hoje, tenho muito (muito) mais confiança em minha capacidade e consigo buscar empresas completamente fora do consenso de mercado.

Confiança é o principal.

Se tenho 17 anos de experiência, demorei "apenas" 14 anos para chegar até aqui. Claro, não inventei nada disso. Demorei 14 anos (eu sei, não sou dos mais inteligentes) apenas para entender o que é ensinado por Warren Buffett e Charlie Munger.

A minha sorte:

Warren Buffett

"Se você possui mais de 120 ou 130 pontos de Q.I., você pode doar o restante. Você não precisa de inteligência extraordinária para ser bem-sucedido como investidor." – Warren Buffett.

Mas muita coisa demora para cair a ficha.

Muita sabedoria dos velhinhos só faz sentido quando você está imerso nas trincheiras do mercado, porém, ao mesmo tempo, de cabeça aberta para entender o que eles dizem.

Charlie Munger

"Adquira sabedoria e ajuste seu comportamento de acordo. Se seu novo comportamento te dá um pouco de impopularidade passageira com seus pares, então que eles se estrepem." – Charlie Munger.

Aprenda, evolua.

Seus amigos e familiares e colegas que se estrepem.

Meu maior aprendizado

Foi manter a humildade. Reconhecer que o mercado é completamente maluco. É completamente maníaco-depressivo.

Estar preparado para quaisquer problemas. Qualquer nível de volatilidade. Qualquer tamanho de crise. Quaisquer movimentos.

E reconhecer que vou continuar aprendendo.

Warren Buffett

"Não importa o tamanho do talento ou o esforço, algumas coisas levam tempo. Você não pode produzir um bebê em 1 mês se engravidar 9 mulheres." – Warren Buffett.

1 ano do pânico.

1 ano da crise.

1 ano dos circuit breakers.

1 ano de aprendizado.

Que venham muitos outros mais.

 

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