Ativos precificam nova alta da Selic esta semana, embora maioria dos economistas veja manutenção

Publicado 16.06.2025, 16:27
Atualizado 16.06.2025, 16:30
© Reuters. Moedas de realn15/10/2010nREUTERS/Bruno Domingos

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - À espera do Copom, o mercado financeiro precifica, ainda que por margens estreitas, chances majoritárias de o Banco Central anunciar um aumento adicional de 25 pontos-base da Selic na próxima quarta-feira, de 14,75% para 15,00% ao ano, o que contrasta com as previsões predominantes dos economistas em pesquisa da Reuters e no relatório Focus.

Na última sexta-feira -- atualização mais recente -- a precificação das opções de Copom negociadas na B3 (BVMF:B3SA3) indicava 56,50% de chances de alta de 25 pontos-base da Selic, contra 42,00% de probabilidade de manutenção. Embora estes percentuais estejam mais próximos nas últimas sessões, sugerindo uma quase divisão sobre o que o Comitê de Política Monetária do BC fará, eles expressam uma mudança considerável das apostas ocorrida desde o fim do mês passado.

Em 27 de maio, por exemplo, a precificação das opções de Copom era de apenas 14,50% de chances de alta de 25 pontos-base e 83,00% de probabilidade de manutenção da Selic.

Nas sessões mais recentes os investidores passaram a colocar mais dinheiro na aposta de alta de 25 pontos-base da Selic.

No mercado de DIs (Depósitos Interfinanceiros), a curva precificava nesta tarde de segunda-feira, conforme cálculos do Banco Bmg, cerca de 60% de chances de a Selic subir 25 pontos-base, contra 40% de chances de manutenção.

Isso de certo modo contrasta com as projeções dos economistas. Pesquisa da Reuters publicada na última sexta-feira mostrou que 27 de um total de 39 economistas consultados esperavam a manutenção da Selic.

No relatório Focus do BC, publicado nesta segunda-feira, a mediana das projeções dos economistas também indica manutenção da Selic na quarta-feira, considerando um universo de 143 respondentes.

Discrepâncias entre o que o mercado precifica nos ativos e o que os economistas projetam são comuns, ainda mais em cenários de incerteza, como o atual. E também é comum que, no universo das projeções dos economistas, algumas casas saiam na frente ao reavaliarem o cenário do Copom, se reaproximando da precificação de mercado.

Na sexta-feira, o BTG Pactual (BVMF:BPAC11) revisou sua projeção para o Copom, passando a prever uma elevação adicional de 25 pontos-base da Selic, para 15,00% ao ano. O Goldman Sachs (NYSE:GS) também prevê que o Copom deve elevar a taxa em 25 pontos-base. Outras casas, como o Inter e o Bmg, seguem projetando manutenção.

O fato é que a decisão do Copom na quarta-feira é uma das mais indefinidas dos últimos anos, na visão de analistas e investidores.

"É uma das reuniões em que o mercado chega mais dividido, e essa divisão é mais recente. Saíram alguns dados econômicos e aparentemente houve uma mudança de discurso pelo Banco Central entre as reuniões do Copom, e as pessoas passaram a considerar a possibilidade de um aumento", afirmou à Reuters Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil WM.

"Isso se observa claramente, com o mercado aumentando a probabilidade de 25 pontos-base", acrescentou.

Um dos marcos da mudança de chave entre os investidores foi a participação do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em evento promovido pelo Centro de Debates de Políticas Públicas, em São Paulo, no dia 2 de junho.

Nele, Galípolo defendeu, como se espera, a flexibilidade do Copom para decidir sobre a Selic, mas pontuou que a instituição ainda está discutindo o ciclo de alta, e não quando começará o ciclo de cortes. Na visão de parte do mercado, isso deu força à possibilidade de uma elevação adicional da taxa básica.

De lá para cá, também houve um aumento das preocupações com as contas públicas, em meio às dificuldades do governo Lula em negociar com o Congresso medidas para cumprir a meta fiscal.

Do lado de quem aposta na manutenção da Selic, há a percepção de que o BC pode optar por manter a taxa agora e adiar para mais à frente, já em 2026, um eventual início de ciclo de cortes, a depender do cenário. Além disso, alguns dos números da economia já estariam favorecendo a manutenção da Selic.

"Os dados de atividade continuam indicando desaceleração da economia... Juntamente com o dado mais ameno do IPCA de maio e o cenário de dólar mais fraco, o BC pode pausar já na próxima reunião, dando o ciclo de aperto como encerrado", disse a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria, em análise a clientes.

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