Liquidação ou Correção de Mercado? Seja como for, aqui está o que fazer em seguidaVejas ações caras

2016 Vai Ser um Bom Ano para as Usinas

Publicado 20.12.2015, 10:21
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O mercado de açúcar em NY fechou a semana em alta de 10 dólares por tonelada no vencimento março/2016 que encerrou cotado a 15.07 centavos de dólar por libra-peso. Os outros meses de negociação fecharam com altas entre 7.50 e 10 dólares por tonelada. Não vejo muita força para esse mercado continuar sua vigorosa alta, já que os fundos foram os principais protagonistas e o mercado físico continua apático e divorciado do mercado futuro. Não podemos esquecer que desde a mínima negociada em NY de 10.13 centavos de dólar por libra-peso em 24 de agosto, o mercado explodiu para 15.85 centavos de dólar por libra-peso em 4 de dezembro, ou seja, mais de 55% em pouco mais de três meses. Em reais, a alta foi de 61%.

Agora, o mercado se vê inundado com as inúmeras previsões sobre o déficit global de açúcar que chegam até aos assombrosos 8.2 milhões de toneladas. Outras tradings – mais conservadoras – trabalham com pouco mais de 2 milhões para 2015-2016 (lembrando o leitor que quando falamos do ano açucareiro global, este se inicia em outubro de 2015 até setembro de 2016). De qualquer forma, pergunta-se se esses números já estão devidamente refletidos no preço do açúcar negociado em NY. Um ponto a ser observado é a fraqueza do spread março/maio que depois de negociar 51 pontos caiu para 36 pontos. É a primeira indicação de que talvez as tradings estejam começando a jogar a toalha na expectativa de um mercado físico mais demandado e – portanto – pagando prêmio para os vencimentos mais curtos. Está enfraquecendo.

A situação político-econômica do Brasil é verdadeiramente um caos, com o país assistindo à perda do grau de investimento e caminhando para um aumento da inflação e da volatilidade no câmbio. Também aqui o intervalo entre as previsões do real são assustadoras. Gente que aposta em dólar até R$ 5 numa situação de absoluto estresse.

Usando o velho e gasto chavão de que nas crises é que surgem as oportunidades, as usinas hoje temem continuar a fazer suas fixações de preço para a safra 2015/2016 e mais ainda para a 2017/2018 porque acreditam que a chamada de margem oriunda da venda de NDF do dólar pode sangrar o fluxo de caixa. O cálculo feito por um executivo do setor resume bem o problema: considerando que maio/2016 fechou o equivalente a R$ 1.380 por tonelada e, assumindo que o preço médio de fixação para a safra 2015/2016, segundo o modelo da Archer, é de R$ 1.170 por tonelada, e o percentual fixado – segundo o mesmo executivo – deve estar em torno de 60%, o total de chamada de margem sofrido pelas usinas/tradings neste momento deve ser próximo a R$ 2,7 bilhões. No caso das usinas, sangra demais o fluxo de caixa e, para as tradings, restringe ainda mais a disponibilidade de fixação imediata para os clientes. Poderia haver um estresse maior caso o mercado experimente outro rally (alta súbita dos preços)?

No momento, acredito que a maior preocupação para o mercado de açúcar é muito menos a desvalorização do real em relação ao dólar e muito mais o preço do barril do petróleo no mercado mundial. Como disse o economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, “assim que as restrições comerciais forem eliminadas, o Irã irá exportar tudo o que possa produzir, e a atual situação de sobra de óleo no mercado internacional irá se agravar. Não é por outra razão que os preços do produto estão apontando para um número inferior a US$ 40,00 o barril”.

Não podemos ignorar mais de metade da cana moída vai para a produção de etanol cujo preço depende da paridade com a gasolina que tem preços administrados pelo governo. Ou seja, o preço teto de venda do hidratado será sempre limitado a 70% do preço da gasolina na bomba. Se o petróleo escorrega no mercado internacional, quem leva o tombo maior é a usina que perde competitividade e direciona mais cana para a produção de açúcar.

O ano que vem já deveremos ter uma mudança no mix de produção, aumentando a participação do açúcar em mais dois pontos percentuais em relação à 2015/2016. Isso representa um aumento da disponibilidade de açúcar para mais 3.4 milhões de toneladas, ou seja, uma boa parte do tal déficit global.

Por isso, a sugestão é maximizar o que pode ser maximizado. Uma fixação de açúcar para maio/2017, por exemplo, liquida o equivalente a R$ 1.530 por tonelada um preço bastante convidativo mesmo que se coloque na equação que o Brasil já vive numa inflação de dois dígitos. Se o dólar estressar para R$ 5,0000 naquele vencimento, o açúcar com vencimento maio/2017 vai precisar estar no mínimo a 13.34 centavos de dólar por libra-peso para que possamos atingir os mesmos R$ 1.530. Se formos razoáveis e acharmos que em maio/2017 a moeda americana pode valer R$ 4,0000 o ponto de equilíbrio sobe para 16.67 centavos de dólar por libra-peso, mais de 200 pontos acima do fechamento de sexta-feira. Se, por outro lado, a crise política se equacionar e o país recuperar a credibilidade lá fora, o dólar pode voltar ao nível de 3.5000 que colocaria o ponto de equilíbrio em NY para 19 centavos de dólar por libra-peso. Parece que o risco dessa operação é muito limitado, além do que, se a empresa não se sentir confortável, pode comprar calls (opções de compra) num preço de exercício próximo aos níveis de equilíbrio, participando num eventual rally que possa ocorrer no preço em dólares.

Inacreditável como ainda encontramos em todos os segmentos da sociedade gente que se propõe a proteger o atual governo. Para defender o Partido dos Trabalhadores, verdadeiro câncer que se instalou nas entranhas da política brasileira, o sujeito tem obrigatoriamente que estar inserido em pelo menos uma dessas categorias: alienado, amestrado, abestalhado ou apaniguado. O Brasil precisa se livrar urgentemente dessa corja de bandidos, corruptos, estelionatários e ladrões.

Gostaria de desejar aos nossos clientes, leitores, fornecedores e colaboradores um Feliz Natal e um Próspero 2016. Muito obrigado pelo apoio de todos.

Arnaldo Luiz Corrêa

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