4 Pontos para Observar no Balanço do Wells Fargo nesta Sexta-Feira

Publicado 13.10.2016, 12:50

Por Clement Thibault

O Wells Fargo, instituição financeira baseada em São Francisco, nos EUA, que oferece serviços comerciais, bancários e de corretagem de consumo e divulgará seus resultados do 3º trimestre na sexta-feira 14 de outubro, antes da abertura dos mercados.

Wells Fargo

1. Lucros e receitas

A expectativa é que o Wells Fargo divulgue lucro por ação de US$1,01 e receitas de US$ 22,06 bilhões. Olhando por uma perspectiva de lucro, o Wells Fargo tem sido extremamente estável, mantendo lucro por ação um pouco acima de US$ 1 nos últimos três anos. A receita aumentou constantemente durante esse mesmo período, e a projeção é que, neste trimestre, tenha crescido cerca de 1%

2. Fraude de funcionários

Sem dúvida, o grande foco neste trimestre será a fraude cometida por milhares de funcionários do Wells Fargo nos últimos cinco anos. De acordo com confissão do CEO John Stumpf, os empregados do Wells Fargo criaram mais de 2 milhões contas ilegais de consumidores a fim de atender às expectativas de vendas corporativas extremamente agressivas. Durante o mesmo período, nos últimos cinco anos, o Wells Fargo demitiu aproximadamente 1.000 funcionários por ano, ou mais de 5.300 funcionários envolvidos na fraude. Mas até a mídia divulgar a notícia no mês passado, as irregularidades parecem ter continuado dentro da empresa, de acordo com relatórios desde 2005 — bem antes da informação contida na versão 'oficial' do escândalo.

Obviamente, isto é um problema em diversos sentidos. A reputação é um ativo crítico de negócios. A perda de reputação — especialmente em uma instituição cujo principal negócio envolve manter e proteger diariamente os recursos dos clientes — pode ser catastrófico. O WFC já foi considerado uma das respeitadas instituições financeiras dos Estados Unidos, embora isso não seja necessariamente o caso. Ainda, um êxodo em massa do Wells Fargo não é esperado, visto que os clientes afetados pela fraude provavelmente já deixaram o banco neste momento.

As relações pessoais são outro ponto-chave neste ramo de negócios. Até recentemente, era suficientemente fácil para os gestores culparem algumas maçãs podres para acalmar os clientes, que já estão satisfeitos com os serviços. Mas agora que a história tem sido amplamente divulgada e novos detalhes da extensão e alcance da fraude continuam vazando, você abriria uma nova conta no Wells Fargo? Acreditamos que novos clientes potenciais estarão, no mínimo, desconfiados sobre um relacionamento com o banco e duvidosos em relação às suas práticas por mais alguns trimestres.

Existe ainda a grande questão da gestão. Por pelo menos cinco anos de fraude em curso com a abertura de 2 milhões de contas fraudulentas, 5.300 funcionários demitidos, ninguém no topo do banco tomou qualquer ação para impedir essas práticas de uma vez por todas?

Esse gerenciamento incorreto da situação pelos gestores do banco ou se aproxima de crime ou é tremendamente incompetente. De qualquer forma, fica muito mal pra altos executivos. E ainda que o Wells Fargo tenha anunciado há poucas semanas que eles recuperariam o bônus de US$ 41 milhões do CEO Stumpf e forçariam o chefe da unidade fraudulenta Carrie Tolstedt a devolver US$ 19 milhões em ações, é difícil entender por que este lapso “ético” seguiu por tanto tempo.

Tolstedt deixou o banco, e só na segunda-feira passada, o Wells Fargo anunciou uma reorganização de seus principais executivos, "solidificando a estrutura de liderança abaixo Timothy J. Sloan", atual presidente e diretor de operações do banco, que já foi o chefe da divisão de atacado bancário, unidade que não estava envolvida no escândalo atual. Ontem, Stumpf anunciou que estava deixando imediatamente o banco.

3. Números consistentemente melhores

Deixando a fraude de lado por um momento, o Wells Fargo é considerado um dos bancos mais fortes do país e é geralmente um investimento seguro. Com receita de mais US$ 20 bilhões, que aumentaram de forma constante durante os últimos oito trimestres (na verdade seguem em uma trajetória ascendente há bem mais de uma década), o banco continua a crescer. No trimestre passado, a receita líquida cresceu US$ 66 milhões enquanto a margem líquida de juros caiu mais quatro pontos-base. As margens de juro líquido caíram em todos os últimos cinco trimestres, mas a receita cresceu. No ano passado, a Wells Fargo emprestou US$ 67 bilhões, alcançando recorde histórico com US$ 969 bilhões em sua carteira de financiamento. Isso significa que o Wells Fargo ainda não atingiu seu pleno potencial de crescimento. Simplificando, apesar das condições econômicas atuais e as taxas de juros baixas aplicadas atualmente, o Wells Fargo ainda é forte.

4. Maior participação de Buffet no setor financeiro

É difícil falar sobre Wells Fargo sem mencionar Warren Buffet. De acordo com a CNBC Berkshire Hathaway Portfolio Tracker, o megainvestidor Warren Buffet possui aproximadamente 10% da Wells Fargo. Além disso, o banco representa 13% da carteira de Buffet, avaliada em cerca de US$ 22 bilhões dólares. É de longe a maior fatia dele no setor financeiro.

Em julho, ele solicitou ao Federal Reserve permissão ampliar sua posição na empresa além do limite de 10% imposto pela regulação governamental. No dia 21 de setembro, Buffett disse que ele não comentaria a situação do banco atual, alegando que "conduzirá por muitos caminhos." É preciso imaginar se Buffett estava ciente das atividades antiéticas no Wells Fargo.

Ainda assim, a pergunta é: o que Buffett decidirá fazer? Qualquer movimento de venda, ainda que de uma pequena fatia de suas ações, provocaria um grande selloff dos papéis e por boas razões. No entanto, Warren Buffett não é conhecido por desistir facilmente, nem ser influenciado por turbulências de curto prazo. É provável que Buffett atravesse a tempestade. Mas isso não é uma informação certa neste momento.

Conclusão

O Wells Fargo é um negócio bom e lucrativo? Sim. Mesmo no ambiente econômico atual, de crescimento lento.

E, para os investidores experientes, um subproduto positivo do noticiário negativo recente é a fixação do preço em um ponto de entrada muito atraente. O Wells Fargo está sendo negociado atualmente em cerca de US$ 45 (no fechamento de ontem) com uma relação preço por patrimônio líquido de 1.312, o mais baixo para o banco desde fevereiro de 2013. Sua relação preço por lucro, 11, é a mínima desde desde outubro de 2013.

Mesmo sob a atual onda de escândalo, o banco é muito maior, mais rico e mais forte do que era há três anos. Acreditamos que o curinga é Buffet, uma vez que qualquer palavra ou movimento que ele possa fazer terá consequências terríveis para os acionistas do Wells Fargo. Neste momento, pensamos que Wells Fargo é uma boa compra de longo prazo comprar quando julgados por quase todos os parâmetros, mas é preciso ficar de olho em Buffet.

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