Durante toda a campanha, Dilma foi enfática em dizer que a inflação estava sob controle.
Agora, apensas três dias depois do segundo turno, o Banco Central eleva a taxa de juros base em 0,25% para 11,25%. Esta é a primeira elevação desde abril, quando começou a corrida eleitoral.
A Selic é a mais alta desde outubro de 2011, e esta é a primeira elevação desde abril deste ano, quando o processo eleitoral já estava nas ruas.
Pode-se dizer que foi um verdadeiro “Estelionato Eleitoral”.
O que surpreende é que essa alta não era sugerida na ata de setembro, segundo a qual os 11% já seria suficientes para levar, aos poucos, a inflação para o centro da meta. O mercado foi pego de surpresa pela contradição da ata. O que mudou?
Foi-se o tempo que juros em alta significava bolsa em baixa e vice versa. Eram tempos mais fáceis.
Naquela época, com mais essa alta dos juros, haveria uma maior saída de dinheiro das ações a procura de títulos de renda fixa. E apenas alguns poucos papéis seriam beneficiados, como as seguradoras, por exemplo.
Porem, o maior recado que essa alta de juros nos dá é que a inflação está realmente fora do controle.
E mais uma vez o governo utilizou a Selic como único instrumento para controlar a temida inflação.
O governo precisará reconquistar a confiança do mercado e para isso deverá tomar medidas concretas em relação ao ajuste fiscal. Medidas que mostrem o tamanho do esforço que o governo pretende empreender nesse ajuste.
De um lado o mercado espera corte de despesas, mas este pode vir acompanhado de aumento dos impostos. E todos sabem que temos uma das maiores cargas tributárias do planeta.
O governo poderia cortar também os investimentos, porem com a economia minguando e crescimento pífio, acho bem difícil que essa conta seja mexida.
O investidor deverá ficar muito atento a esses pontos. Se tais medidas não se mostrarem profundas e direcionadas para melhorar superávit (mais do lado do corte de despesas), podemos ver o PIB recuar ainda mais, a inflação superando topo da meta e o lucro das companhias de capital aberto recuar.
Tempos nada fáceis para a bolsa de valores.