O comunicado do FOMC indica que a economia dos Estados Unidos apresentou um desempenho robusto durante o terceiro trimestre. Embora tenha havido uma moderação na criação de empregos em comparação com os trimestres anteriores, o mercado de trabalho permanece forte, e a taxa de desemprego permanece historicamente baixa. O PIB segue em tendência de alta, apresentando uma expansão de 2,9% no terceiro trimestre deste ano quando comparado com o mesmo período do ano passado. Os gastos dos consumidores, que se mostram extremamente resilientes, já cresceram 4% no terceiro trimestre, após crescer 0.8% no segundo. O mercado imobiliário e o hipotecário como um todo, encontram-se apertadíssimos, mesmo com o esvaziamento dos estoques de casas no mês de setembro, as hipotecas MBA ainda estão com taxas altíssimas, tornando o mercado hipotecário, mesmo com todos os programas de auxílio do governo americano para alguns grupos específicos (como veteranos e indivíduos com pouco poder aquisitivo), muitíssimo deprimido. No entanto, um ponto crítico mencionado é a persistência da inflação em níveis elevados, totalizando 3,7% na base de comparação anual e 0,4% só no mês de setembro, o que continua sendo uma preocupação para o Comitê, que visa mantê-la em 2% no médio/longo prazo.
Agora, resta ao Federal Reserve tentar decifrar se esses movimentos que acontecem nos Estados Unidos são inflacionários ou não. Uma resiliência saudável, que pode ser o caso, demonstra a pujança da economia americana frente à política monetária contracionista do FED. Mas se essa pujância se mostrar inflacionária, um movimento que poderá ocorrer se os meios circulantes se mostraram demasiadamente superiores aos bens e serviços da economia real, ou até mesmo as pressões inflacionárias oriundas da oferta de commodities-chave para a economia americana, como o petróleo, se mostrarem intransponíveis, aí poderemos ver o Federal Reserve aumentar as políticas monetárias contracionistas.
Em relação ao setor bancário, o FOMC em seu comunicado observa que as condições financeiras mais restritivas para os agregados familiares e empresas podem impactar o crescimento econômico, o emprego e a inflação. Portanto, o FOMC precisará se atentar aos dados de inadimplência, ao mesmo tempo que tenta prevenir uma catástrofe em que o sistema financeiro ceda créditos com alto risco agregado, mantendo as taxas de depósito altas, de modo a prevenir que as instituições financeiras se aventurem em ambientes perigosos para o sistema financeiro como um todo.
Para seguir a meta de levar a inflação para o patamar de 2%, o Comitê decidiu manter a faixa-alvo da taxa de fundos federais entre 5,25% / 5,5%, entendendo que no momento, existe uma consonância, pelo menos momentânea, entre o crescimento econômico e o controle da inflação. Além disso, o comunicado menciona que o Comitê continuará a avaliar informações adicionais e suas implicações para a política monetária.
Ademais, o Comitê continua a reduzir seu portfólio de títulos do Tesouro e títulos de agências e valores mobiliários lastreados em hipotecas, de acordo com os planos anteriormente anunciados. Assim como o Banco Central Europeu, que está vendendo seus ativos para retirar liquidez do mercado financeiro, e, naturalmente, controlar a demanda agregada. Importante mencionar que essas práticas de "quantitative tightening" ou aperto quantitativo podem aumentar a quantidade de Títulos do Tesouro Americano no mercado, fazendo os juros futuros subirem. Em um ambiente em que o Tesouro Americano está enfrentando problemas com o tamanho da dívida, um aumento nos juros futuros pode ser problemático, aumentando o serviço da dívida que deverá ser paga para os detentores dos títulos.
Em resumo, o comunicado do FOMC destaca a preocupação com a inflação elevada, mantém as taxas de juros inalteradas e reafirma seu compromisso com suas metas de políticas. O Comitê está monitorando de perto a situação econômica e tomará medidas conforme necessário. Esteja atento às próximas atualizações do FOMC, que podem influenciar o cenário econômico global. Até a próxima atualização macroeconômica!