Com um pé atrás
Sem referências relevantes na agenda econômica, os mercados seguem ao sabor dos conflitos (lá fora) e reféns das apostas eleitorais (por aqui).
No mercado internacional, a retirada de tropas russas da Ucrânia, a perspectiva de acordo diplomático entre as partes e o cessar-fogo na Faixa de Gaza amenizam o clima. Ainda assim, promovem uma melhora comedida, tanto que o petróleo e os ativos de segurança (como ouro e títulos do Tesouro americano) continuam em evidência. Mas não podemos dizer o mesmo por aqui...
Otimismo desmedido (parte 1)
Apoiado na alta das estatais, o Ibovespa registrou forte apreciação na véspera e consegue sustentar relativa estabilidade nesta terça-feira. Com isso, se aproxima novamente do patamar de 57 mil pontos, que guarda o seu teto até então em 2014.
No ano, o índice de ações acumula alta próxima de 10%. Desde a metade de março, quando saíram as primeiras pesquisas eleitorais mostrando queda nas intenções de voto da situação, o saldo é positivo em mais de 25%.O grande propulsor segue com as ações da Petrobras. Curioso que ontem os papéis da estatal (PETR4) dispararam 4,3% mesmo diante da divulgação de um dos piores resultados trimestrais de sua história (falamos dos números no M5M de ontem). Mais uma vez, pesou mais a promessa de que haverá reajuste no preço dos combustíveis e a empresa entregará crescimento de 7,5% em sua produção este ano. Resultado passado nunca foi garantia de retorno futuro, mas se falta alguma coisa na Petrobras é credibilidade em suas projeções...
Falando em metas de produção anual, a empresa não conseguiu cumprir uma meta anual sequer nos últimos dez anos. O que nos motiva a acreditar que cumprirá em 2014?
Agravante: já passou metade do ano e sua produção está estável. Teria de fazer milagre em seis meses para chegar a 7,5%. Mentiras sinceras lhe interessam? E as insinceras?
O enigma de PETR4
Quanto ao reajuste no preço dos combustíveis, não é questão de crença - pelos resultados apresentados, aumento exponencial da dívida e queimas sucessivas de caixa, é algo inevitável. Portanto, logo depois das eleições deve vir mesmo um aumento, que, segundo fontes informaram à Reuters, será de 5,5% a 6%.
Mas isso está longe de resolver o problema. No segundo trimestre, a defasagem da gasolina em relação ao mercado internacional foi de 16,4%. Sem contar o agravante de uma provável alta do dólar, que ampliaria a diferença. Diante disso, pergunto: se uma alta no preço dos combustíveis já não está embutida na alta das ações, que acumulam valorização de 60% desde a metade de março, o que estaria?
Otimismo comedido (a estatal que vale a pena)
O BB Seguridade (BBSE3) apresentou um lucro impressionante no segundo trimestre, com crescimento de 50%. Com isso superou projeções que já eram elevadas.
Para não cair em otimismo desmedido, o Rodolfo alertou no Vida PRO que “vale a ressalva de que o crescimento dos prêmios começa a dar sinais de saturação”. Ainda assim, foi mais um balanço positivo para alimentar a aposta por dividendos generosos à frente. Aposta essa bem factível.
Parte relevante dos custos do BB Seguridade fica alocada no BB, e ele aproveita a rede de distribuição do banco, atingindo uma abrangência sem precedentes na indústria de seguros.
PS: figurinha carimbada na Carteira Empiricus, BBSE3 dobrou de valor em pouco mais de um ano desde o seu IPO. Mas, neste preço, ainda justifica o seu lugar no time?
O que esperamos sentados
Apesar do belo resultado do BB Seguridade, os números mais impressionantes desta sessão foram apresentados pela EzTec (EZTC3). Quem diria, uma construtora é capaz de sustentar margem bruta de 55% e margem líquida em 50%?
Apesar da recorrência, muita gente ainda tem um pé atrás, e continua esperando a convergência para níveis mais condizentes com a média do setor.Alguma coisas que há algum tempo o mercado espera ver nos resultados das empresas...
+ A margem líquida de EzTec ir abaixo de 30%
+ PDG começar a gerar caixa
+ A Petrobras registrar superávit em sua balança comercial de petróleo
+ O ROE do Santander (na casa de 10%) convergir para os níveis de Itaú e Bradesco (na casa de 20%)
Se bem que, neste último caso, parece mais fácil o retorno sobre o patrimônio do Santander convergir para o do Banco Fator.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.