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A gestão passiva é a melhor opção para seu patrimônio?

Publicado 22.09.2023, 16:13
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Os fundos de investimento são alternativas que podem garantir diversificação, acessibilidade e praticidade para os investidores. Contudo, a escolha do veículo envolve entender a estratégia utilizada, o que se relaciona à gestão passiva e à gestão ativa. Cada tipo de gestão tem suas características e, consequentemente, apresenta riscos e resultados distintos. Portanto, antes de investir, é fundamental considerar e comparar as estratégias para entender qual delas atende às suas expectativas.

O que é gestão passiva nos fundos de investimento?

Os fundos de investimento são modalidades coletivas que reúnem investidores para adquirir cotas e participar dos resultados do veículo financeiro. Os recursos são movimentados por um gestor profissional, conforme a estratégia definida. Dessa forma, esses veículos podem compor oportunidades de investimento em renda fixa ou variável e outros ativos. No caso do fundo de investimento com gestão ativa, a intenção é superar o resultado de um índice de referência, conhecido como benchmark.

Já na gestão passiva, o foco é acompanhar o desempenho do índice de referência. Como o gestor não precisa realizar operações frequentes nem utilizar tanto sua capacidade analítica, o papel do profissional é passivo. Um exemplo comum de fundo de gestão passiva é o fundo referenciado DI, cuja estratégia tem foco em trazer resultados semelhantes ao desempenho do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).

Porém, ao pesquisar as alternativas do mercado financeiro, você perceberá que os ETFs (exchange traded funds) são os principais veículos que utilizam a gestão passiva. Por esse motivo, eles também são conhecidos como fundos de índice e têm uma estratégia ainda mais diferenciada. Nesse caso, o foco é replicar a carteira teórica do índice de referência. Então a montagem do portfólio do ETF segue os parâmetros do benchmark, sendo atualizado de acordo com os rebalanceamentos do índice.

Como a gestão passiva funciona na prática?

Como você viu, os fundos de gestão passiva buscam obter resultados equivalentes aos do benchmark. Para entender melhor como isso é possível, vale compreender como esse tipo de gestão funciona na prática, considerando um ETF. Primeiramente, é preciso saber que os índices de mercado são usados para analisar os movimentos da economia. Para tanto, são utilizadas estatísticas oficiais, com cálculos geralmente ponderados e feitos com o auxílio da tecnologia. Desse modo, os índices permitem visão ampla sobre um cenário específico ou projetar situações econômicas futuras de forma objetiva e quantitativa.

O índice de um ETF é administrado por um provedor de índice, como a MVIS, a MSCI, a Bloomberg, a S&P, a Teva, a FTSE Russell entre outras empresas especialistas do mercado. Esse provedor de índice é responsável por determinar as regras de composição do índice, além de periodicamente (trimestral, semestral ou anual, por exemplo) publicar o rebalanceamento do mesmo, com possíveis aumentos e reduções de peso de cada ativo e até inclusões e exclusões de ativos. O gestor do ETF tem a responsabilidade de comprar e vender os ativos para manter a carteira na proporção determinada pelo índice. Dessa forma, o objetivo do gestor do ETF é manter o desempenho do ETF o mais próximo possível do desempenho do índice de referência.

Quais são as vantagens da gestão passiva de um ETF para o investidor?

Além de saber o que é e como funciona a gestão passiva, vale conhecer as vantagens dos ETFs em relação às demais alternativas disponíveis no mercado:

Custos mais baixos

Um dos principais benefícios da gestão passiva nos fundos de investimento costuma ser o menor custo operacional. Como o processo é simplificado e não há uma gestão ativa, as taxas de administração tendem a ser mais baixas. Além disso, os fundos de gestão passiva não cobram taxa de performance. Afinal, esse custo incide quando o gestor consegue superar o benchmark.

No caso dos fundos de gestão ativa, com o objetivo de superar um índice de referência, o gestor costuma realizar mais operações ao longo do tempo, como compra e venda de ações e outros ativos. Essas movimentações ocorrem tanto para buscar aumentar os resultados quanto para proteger o portfólio do veículo de possíveis riscos. Por isso, esses fundos costumam cobrar taxas de administração mais altas, além de cobrarem taxas de performance quando superam o benchmark, o que interfere na rentabilidade final do fundo.

De acordo com John C. Bogle, autor do livro “O Investidor de Bom Senso”, é comum os fundos de gestão ativa terem resultados piores que os fundos de gestão passiva após descontar as taxas e os custos associados.

Menores riscos

Além dos custos menores, outra vantagem dos fundos de gestão passiva é a possibilidade de ter riscos reduzidos. Esse aspecto é válido mesmo quando os veículos são de renda variável, pois o volume menor de operações reduz as chances de erros. Já a gestão ativa envolve a avaliação constante por parte do gestor. Consequentemente, ele precisará tomar mais decisões — e até os profissionais do mercado estão sujeitos a erros ou vieses comportamentais. Por causa disso, esse tipo de gestão oferece riscos maiores.

Possibilidade de obter resultados melhores no longo prazo

Como os cotistas dos fundos de gestão passiva pagam taxas menores, é possível potencializar o acúmulo de resultados no longo prazo. Outro ponto é que o desempenho dos veículos de gestão ativa pode ficar abaixo da média do mercado, principalmente em momentos de alta volatilidade. Mesmo gestores com bastante experiência e bons históricos podem ter um desempenho inferior nesse tipo de cenário.

Para entender esse panorama, vale considerar o relatório Scorecard SPIVA da América Latina 2022, publicado pela S&P Dow Jones Indices. O estudo comparou o desempenho de fundos de gestão ativa e seus índices de referência. Foi constatado que, em 2022, a maioria dos fundos de gestão ativa no Brasil teve um desempenho inferior ao seu benchmark. No período, mais de 81% dos veículos que investem em large caps (empresas com alta capitalização) tiveram performance abaixo do Ibovespa — o principal índice de ações brasileiras.

O baixo desempenho também apareceu em outras modalidades financeiras. No caso dos fundos ativos de mid caps e small caps, por exemplo, 50,4% apresentaram resultados abaixo da média do mercado. Em prazos maiores, a quantidade de veículos de gestão ativa que perdem para o índice de referência aumenta. Em 10 anos, quase 90% dos fundos ativos de renda variável brasileiros têm desempenho menor que o benchmark.

Veja o percentual de fundos da América Latina superados pelo índice de referência:

Maior acessibilidade

Investir por meio de um fundo de investimento, de maneira geral, é mais acessível do que a compra individual de ativos. Afinal, a aquisição de uma cota de participação permite se expor a uma carteira geralmente diversificada. A acessibilidade é maior nos fundos passivos, pois as taxas costumam ser menores, como visto.

Outro ponto que torna essa modalidade mais acessível é a facilidade para avaliar a estratégia. Ao analisar um ETF, por exemplo, basta considerar a metodologia do índice de referência, os ativos que fazem parte do portfólio teórico e a frequência de rebalanceamento. Ainda, os fundos de índice são negociados na bolsa de valores, o que facilita a negociação das cotas. Os passos são acessar um home broker, pesquisar o código do fundo, selecionar o número de cotas e enviar a ordem de compra ou venda para que ele faça parte da sua carteira.

Qual é a importância da gestão passiva na carteira do investidor?

Conforme você aprendeu, os fundos de gestão passiva apresentam diversas vantagens para os investidores, principalmente em comparação aos veículos ativos. Assim, eles são importantes para aumentar o potencial de retorno da sua carteira no longo prazo, além de proporcionar diversificação e, consequentemente, reduzir os riscos. Além disso, você viu que a grande maioria dos fundos ativos brasileiros tiveram desempenho inferior ao índice de referência no longo prazo. Logo, é difícil descobrir quais gestores conseguem ter resultados acima da média e manter a continuidade desse desempenho ao longo do tempo.

Entretanto, esses dados não significam que ninguém seja capaz de superar o mercado em períodos maiores. Mas é preciso considerar essa questão na hora de definir a sua alocação de recursos. Por essa razão, o processo de seleção de fundos ativos tende a ser mais complexo. Se você não quiser se manter apenas dna gestão passiva, pode ser adequado combinar ambas as estratégias na sua carteira. A decisão dependerá das suas necessidades e expectativas com os investimentos.

Afinal, a gestão passiva é a melhor opção para seu patrimônio?

Se você tem dúvidas se a gestão passiva é a melhor alternativa para alocar o seu patrimônio, pense no risco de seleção dos seus investimentos. É comum, por exemplo, encontrar pessoas que não compram um ETF que acompanha determinado índice porque ele é composto por empresas consideradas “ruins”. Para evitar esse problema, o investidor poderia excluir essas companhias e comprar apenas as ações avaliadas como “boas” para ele. Contudo, um dos ensinamentos de Bogle, em seu livro, é capturar o retorno do mercado de maneira geral — o que é feito ao se expor a variados negócios.

Também cabe destacar o rebalanceamento do índice, pois a carteira teórica muda ao longo do tempo, conforme os resultados dos ativos e os critérios de formulação do índice. Portanto, ele tem um processo de requalificação do portfólio. Com a evolução de determinados setores, por exemplo, é esperado que o índice retire os investimentos que deixam de cumprir os critérios definidos. Ou seja, a alocação é dinâmica e atualizada conforme o desenvolvimento do mercado.

Desse modo, quem deixa de investir em um ETF e seleciona os próprios ativos pode estar assumindo o risco de seleção. Se o investidor não escolhe as melhores alternativas, a rentabilidade da sua carteira pode perder para a média de mercado. Então você precisa definir se deseja expor o seu patrimônio ao risco de seleção ao definir a estratégia de investimento.

Como escolher fundos de gestão passiva?

Se você chegou até aqui e decidiu que a gestão passiva é a melhor opção para seu patrimônio, é hora de saber como escolher os fundos de índice. Além do seu perfil de investidor e dos seus objetivos financeiros, há outras particularidades que devem ser observadas:

Metodologia do benchmark

Como os ETFs visam replicar o desempenho do índice de referência da forma mais próxima possível, é relevante conhecer a metodologia utilizada pelo benchmark. Os índices possuem diversos atributos que devem ser avaliados, como critérios de inclusão e de exclusão de ativos, critérios de ponderação e calendários de revisões e rebalanceamentos.

Por exemplo, os ETFs podem ser do tipo market cap weight — ou capitalização de mercado —, ou do tipo equal weight. No primeiro caso, as empresas com maior valor de mercado possuem maior peso. No segundo, as companhias que compõem o índice têm o mesmo peso, independentemente da sua relevância.

Tipo de exposição

Outro critério importante ao escolher fundos de gestão passiva, como os ETFs, é o tipo de exposição. Isso porque eles podem ser divididos entre renda fixa, renda variável, região geográfica, setor, entre outras possibilidades. Logo, você deve estabelecer o que realmente busca em relação ao tipo de exposição, escolhendo as posições adequadas aos seus objetivos e ao seu perfil de risco.

Diversificação do portfólio

Todo investimento possui determinado grau de risco. Um exemplo é o risco não sistemático, que pode estar associado a condições específicas de uma empresa ou de um setor. Uma das formas de se proteger desse perigo é diversificar a carteira.

Considerando um ETF, é comum que ele seja composto por diferentes ativos, a depender da composição da carteira teórica do índice escolhido. Nesse caso, quanto maior a diversidade de setores, mais protegido o fundo estará em relação ao risco não sistemático. Ainda, mesmo quando os ETFs são focados em um setor específico, como o de biotecnologia, eles podem ter uma variedade de ativos que colaborem com a proteção. Por fim, você pode aprimorar a estratégia ao contar com diferentes fundos de índice na carteira.

Você aprendeu que a gestão passiva busca obter resultados equivalentes a um índice de referência. Com esse conhecimento, você pode considerar investir parte do seu patrimônio em fundos que utilizam essa estratégia.

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