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A interdependência entre florestas e economia

Publicado 02.02.2023, 10:05
Atualizado 09.07.2023, 07:32

A restauração florestal é um dos principais pontos de convergência nas agendas do clima e da biodiversidade no Brasil. Se o mundo precisa depender menos da energia fóssil, por aqui conter os avanços da crise climática passa obrigatoriamente pelo fim do desmatamento e pela recuperação de ecossistemas nativos. Essas ações também são cruciais para manter a qualidade e quantidade de nossos recursos hídricos e conservar a nossa ampla biodiversidade de fauna e flora nos diferentes biomas brasileiros.

O Brasil tem um passivo superior a 21 milhões de hectares para atender o que prevê o Código Florestal em relação à conservação e recuperação de áreas degradadas nos seis biomas brasileiros. Deste total, o país assumiu o compromisso internacional de restaurar 12 milhões de hectares até 2030, o que equivale a quase três vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro.

Promover essa restauração é um desafio que envolve não apenas o compromisso do setor público e do terceiro setor, mas principalmente o engajamento do setor produtivo, um dos grandes beneficiados com a produção de serviços ecossistêmicos – como água, polinização de culturas agrícolas e controle climático, mediante compensação de emissões de gases de efeito estufa.

Em 2018, a TNC Brasil publicou o livro “Economia da Restauração”, no qual traz dados de um estudo feito pelo Instituto Escolhas em 2016, que mostra que, para recuperar os 12 milhões de hectares do compromisso assumido pelo Brasil, seriam necessários investimentos de R$ 42 bilhões a R$ 70 bilhões, valores já corrigidos pela inflação (IPCA). 

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Hoje, boa parte dos investimentos em restauração vem de editais públicos, de organizações da sociedade civil, ou de capital concessional (ou filantrópico) bastante pulverizados. Ou seja, os recursos para a restauração, na prática, são bastante limitados e geralmente associados a riscos.

Por conta dos altos investimentos necessários, comumente se diz que a restauração é onerosa, mas ela não deveria ser tratada simplesmente como um ônus. Deve ser pensada como investimento para o caminho de um futuro sustentável, buscando ações que promovam uma economia de baixo carbono competitiva, responsável e inclusiva, integrando as agendas de conservação da biodiversidade, uso sustentável das florestas e mitigação e adaptação às mudanças climáticas, sempre de olho na garantia de recursos naturais para as novas gerações. 

Precisamos mudar essa visão e desenvolver mecanismos de redução de risco e financiamento privado combinados, de forma a apoiar a restauração em grande escala, além, claro, de buscarmos técnicas mais eficientes, inovadoras e menos onerosas. Para tanto, é necessário diversificar o investimento, desenvolvendo mecanismos de mitigação e repartição de riscos, capazes de atrair financiamento privado, para apoiar a restauração em grande escala, aproveitando também os produtos e serviços ecossistêmicos oriundos da floresta, como a cadeia de valor da sociobioeconomia, por exemplo.

Além disso, a restauração tem potencial para gerar R$ 31 bilhões em retornos econômicos e contribuir com cerca de R$ 5,3 bilhões a R$ 8,8 bilhões em arrecadação de impostos.

Cabe ressaltar que os benefícios da restauração vão além dos ambientais e econômicos, alcançando também os sociais com a geração de empregos. Um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (SOBRE), Pacto pela Restauração da Mata Atlântica (Pacto), Aliança Pela Restauração na Amazônia e Coalizão Brasil, Clima, Floresta e Agricultura, com apoio de instituições como a TNC Brasil, mostrou que, no país, a restauração florestal tem capacidade de gerar um emprego a cada 2,5 hectares restaurados.

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Caso seja cumprida a meta de restauração – de 12 milhões de hectares até 2030 – o setor poderia contribuir com mais de 2,5 milhões de empregos. Em um país cuja taxa de desocupados ultrapassa os nove milhões de pessoas, segundo dado do IBGE referente ao trimestre de agosto a outubro de 2022, o potencial de emprego da restauração não pode ser ignorado. No melhor dos cenários, com os incentivos adequados, estima-se que a restauração conseguiria suprir quase 30% do déficit ocupacional do país. Além disso, novas oportunidades de trabalho podem alavancar investimentos adicionais para a implementação da restauração e apoiar a sua manutenção a longo prazo. 

Os desafios ambientais da humanidade são crescentes e as soluções para o combate à crise climática e conservação da biodiversidade passam necessariamente por ações interdisciplinares, que podem ser finalmente integradas em políticas públicas governamentais. Sabemos que investimentos em floresta e em restauração, além de manterem serviços para garantir a vida no planeta, como água e alimento, também ajudam a movimentar a roda econômica. Temos um belo e necessário desafio pela frente: a integração da agenda econômica e ambiental. 

Últimos comentários

A recuperação florestal deve ser bancada pelo agronegócio, pois são eles que utilizam a terra, recebem benefícios do governo e não pagam impostos. Além do que, cada proprietário rural tem a obrigação legal de recuperar a sua reserva legal e suas APPs. Os grandes exportam soja e milho in natura, não agregam valor ao produto exportado, consequentemente poucos empregos são gerados na cadeia produtiva.
Comentário inteligente. Deve ser uma pessoa de sucesso. Sua familia deve se orgulhar de ti. Certo?
A agenda ambiental tambem passa por outras iniciativas como a produção de Hidrogênio verde. Nesse quesito o Brasil pode alcancar um mercado de 150 bilhoes por ano, segundo um estudo da consultoria Roland Berger
Agora mesmo a floresta sendo depredada e pegando fogo o quê aparecerá é que o Brasil agora preserva a natureza. Os meios de informação já provaram e comprovaram que a eles basta pagar-lhes a mensalidade e DESGOVERNAR em paz.
Eu acho que esse é um investimento necessário, mas que não pode ser prioritário, em relação à segurança alimentar da população brasileira pois, segundo relatou a própria ministra do meio ambiente, "existem 120 milhões de brasileiros passando fome". Se, conforme foi dito na matéria, existe o interesse global por essa pauta, todos os países que a defendem, deveriam participar de um fundo multinacional, o qual seria gerido pelo Brasil e fiscalizado por uma comissão multinacional, de forma que o nosso país possa promover as ações necessárias, mas sem prejudicar a qualidade de vida da população mais necessitada, que já está chegando ao limite suportável.
Um belo desafio, que aguardamos há muito tempo que evolua, a integração da agenda econômica e ambiental, um dia será que deixará de ser um custo, para ser realmente visto como um investimento, assim espero. Parabéns pelo texto Rubens!
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