Só até quarta
Quando alguém aponta para uma estrela, há os que olham para o astro e há os que olham para o dedo. Nos Estados Unidos, foco ainda em Fed, cuja decisão será oficialmente conhecida amanhã. Juros por lá em queda, incorporando o cenário líquido e certo de inação da autoridade monetária. Na Europa, preocupações com a integridade do sistema financeiro voltam ao radar, personificadas em bancos italianos. O alemão Deutsche também chama a atenção, com títulos de dívida caindo às mínimas desde Fevereiro e ações abaixo dos níveis de 2008. Francamente: onde está o maior risco? O mercado se concentra no que já sabe, do lado de cá do Atlântico, e ignora o cenário cada vez pior no Velho Continente. Mas só até quarta: de quinta em diante, todos lembrarão que Europa vai mal.
Volatilidade voltou: que bom!
Na esteira das idas e vindas em torno das políticas monetárias dos países desenvolvidos, a volatilidade dos mercados de ações emergentes atingiu o maior nível desde junho.
Os solavancos provocados pela entrada e saída de investidores de olho nos desdobramentos lá de fora criam distorções relevantes nos preços dos ativos, principalmente em meio a nomes de liquidez relativamente menor e/ou menos óbvios para os estrangeiros. Surgem daí oportunidades relevantes para quem é local e tem instrumentos para explorar esses trades.
Boa maneira de capturar esses movimentos — e, de quebra, reduzir a exposição aos movimentos direcionais dos mercados — é recorrer a operações de long & short. O Max e o Fernando estão com nove operações em aberto, demonstrando que oportunidades não faltam para a estratégia.
BMRL: Estava demorando
Se a agitação nos corredores dos shopping centers ainda não é a de outrora, o mesmo não se pode dizer do vai-e-vem nas sedes das empresas do setor. A melhora das expectativas econômicas do país levou investidores às compras, em busca de preços de liquidação. Aí tivemos Multiplan (SA:MULT3) reforçando presença em alguns de seus melhores ativos, Aliansce (ALSC3 (SA:ALSC3)) buscando condições de encarteirar uma participação detida diretamente por seu controlador e JHSF (JHSF3 (SA:JHSF3)) recebendo ofertas por alguns de seus empreendimentos. Não nos surpreende ouvir especulações recentes de que a BR Malls (SA:BRML3) estaria iniciando conversas com investidores interessados em sua operação. Afinal, é a maior entre as listadas – com 1,6 milhões de metros quadrados de ABL (Área Bruta Locavel), distribuídos em 45 shoppings, e com as ações sendo negociadas a metade da máxima histórica atingida em meados de 2012.
Se tudo isso já tinha chamado a atenção de Sergio Oba, nosso Serious Trader , em nada surpreende que também instigue investidores estratégicos do setor.
De volta aos anos 90
A indústria automobilística voltou ao ritmo dos anos 90, diz reportagem do Valor. Não é para menos: a demanda aditivada pela enxurrada de incentivos ao setor na última década levou operadores a entupir as garagens, tanto animados com os financiamentos a taxas indecentemente baixas quanto iludidos com relação às perspectivas de curto prazo do país. À euforia, sucedeu-se a ressaca. Que não há de perdurar por muito mais tempo. A boa notícia é que a demanda se retraiu tanto que, ao menor sinal de melhora, o impacto na cadeia produtiva já deve ser significativo. Há muito custo fixo a diluir. Olho, portanto, nas autopartistas com maior exposição a montadoras, no segmento de veículos pesados. Randon (SA:RAPT4) encabeça a lista.
Cachorro mordido por cobra...
…tem medo até de linguiça. A frase reflete bem a postura atual dos fundos de pensão com relação a investimentos em infraestrutura. Levantamento do Estadão evidencia que exposição dos fundos ao segmento é de menos de 3 por cento. Boas oportunidades, não faltam. Concorrem, porém, com os altos retornos da renda fixa, limitando enormemente os incentivos dos gestores em correr riscos adicionais. Pesa ainda a falta de transparência nas estruturas dos fundos de participação — e a Operação Greenfield há de deixar traumas, ecoando também nos próximos anos. Em infra, reforça-se a importância de se criar um ambiente regulatório favorável ao investimento estrangeiro. Diante da escassez de retornos mundo afora, basta que façamos a lição de casa por aqui para contar com recursos para o setor.