De ponta cabeça
Deixa ver se entendi...
O mercado estava com medo do Banco Central americano retirar a palavra “paciência” do seu comunicado sobre o ritmo de retirada dos estímulos econômicos.
Ele tirou.
Os mercados explodiram para cima.
Não foi só isso...
A grande novidade da reunião do Federal Reserve de ontem, além de ele ter perdido a paciência, foi a revisão para baixo nas projeções para a economia.
Piorou as suas projeções para taxa de desemprego, crescimento e inflação.
E?
O petróleo, em resposta, disparou de US$ 42 para US$ 44.
Os índices de ações, sem exceção, fizeram isso:
É... a redução em praticamente todas as projeções para a economia foi comemorada com uma festa de arromba nos mercados.
Pode?
O que está por trás dessa bolha
O movimento de ontem nos diz algo de forma muito enfática: os mercados estão subindo ao redor do mundo sem qualquer lastro estritamente econômico, dos fundamentos materiais, baseado meramente na impressão irrestrita de dinheiro. A liquidez manda em tudo. E isso é muito perigoso.
Talvez não seja novidade, mas é (mais uma) prova inequívoca.
O único gatilho dos mercados é a ração diária fornecida pelos Bancos Centrais. A mesma que está prestes a acabar.
“Não tem mais verba, vai no verbo”.
O Dil(e)ma, versão global
Ontem conversamos sobre o dilema da Dilma: na pior popularidade desde o impeachment de Collor, a presidente precisa tomar medidas impopulares (ajuste fiscal), e não tem mais a possibilidade (verba) para medidas populistas.
O dilema gringo é ainda pior...
Os Bancos Centrais injetaram trilhões de dólares nas economias ao longo dos últimos sete anos, para minimizar os impactos da crise de 2008 sobre as economias.
Agora, com seus respectivos balanços à beira da explosão, precisam virar a mão.
Por que não viraram até agora? O que faz o Fed adiar tanto a subida dos juros nos EUA?
Além do impacto sobre a recuperação das economias, e do estouro dessa inflagem dos mercados, pelo tamanho do estoque de dívida formado ao longo desses sete anos de incentivos brutais à tomada de empréstimos - se tornaria algo impagável.
O problema?
Quanto mais ela adia, mais ele infla essa bolha.
Cidanou
Em terra tupiniquim, novamente, o principal desdobramento econômico é de esfera política.
Precisamos como nunca de uma revisão de curso na economia, mas só debatemos o imbróglio político...
Para não agravar ainda mais essa crise política, o ministro da educação da Pátria Educadora, Cid Gomes, foi demitido com menos de dois meses de mandato, após declarar guerra ao Congresso.
Cid estava por detrás da polêmica mudança nas regras do jogo do financiamento estudantil e, consequentemente, no esfacelamento do valor de mercado das companhias de educação.
Se a saída de Cid é positiva ou negativa para o setor, sob a ótica econômica da coisa?
Bom, ações de Kroton e Estácio lideram os ganhos do Ibovespa no momento que escrevo.
Agora, em segundo momento veremos se a política era de Cid, ou de partido.
A próxima a pedir dinheiro
Começamos sugerindo a venda das ações a R$ 9,00 e continuamos o fazendo a R$ 2,25, entendendo que o atual patamar ainda não contempla adequadamente as adversidades adicionais em torno do turnaround, tampouco a possibilidade de que a incorporadora venha a realizar um novo aumento de capital.
De quem estávamos falando? PDG. A incorporadora acaba de anunciar aumento de capital de até R$ 500 milhões, a R$ 0,44 por ação.
“Poxa, mas veio abaixo das cotações atuais? Não estava a R$ 2,25??”
Nada disso, aquele alerta ali é antigo, de 2013.
Eles emitirão 1,1 bilhão de novas ações, para uma companhia que possui atualmente 1,3 bilhão de ações em circulação. Ou seja: a diluição da base atual de acionistas é enorme.
Se os potenciais R$ 500 milhões vão resolver o problema da empresa?
Não sabemos. Ninguém sabe. Há muita qualidade na gestão e no Conselho, mas o valor de mercado da empresa é de R$ 542 milhões (pré-aumento), para uma dívida de R$ 7 bilhões.
A pergunta que não quer calar é...
Depois da PDG, quem pode ser a próxima a emitir ações?
Fosse apostar, diria que começa com “P”, e termina com “bras”.