Artigo publicado originalmente na edição em inglês em 24/12/17
por Pinchas Cohen
A Semana Que Passou
Na semana passada os quatro principais índices dos EUA atingiram novos recordes, todos publicados na segunda-feira no início da negociação semanal.
Do ponto de vista fundamental, os investidores pareciam estar “milking” (tirando tudo o que podiam) a última semana completa de negócios antes do final do ano, impulsionados pela promessa da maior reforma fiscal em décadas e mais de 13 meses de conversas no mercado, empurrando a narrativa de que a reforma tributária seria extremamente otimista para as ações. Usamos o termo "milking" deliberadamente. Os investidores foram recentemente bombardeados por inúmeras previsões de que os mercados em 2018 não poderão repetir os ganhos extraordinários de 2017, que foi o melhor ano desde 2013.
Tecnicamente, os quatro principais índices dos EUA - S&P 500, Dow Jones, NASDAQ Composite e Russell 2000 - abriram a semana de negociações com diferenças crescentes, uma área que indica que não há ação de preço, formando uma diferença visual no gráfico. Isso ocorre quando os compradores não encontram oferta disponível a preços atuais e aumentam as apostas até encontrar vendedores dispostos. Enquanto o excesso de entusiasmo dos compradores parece bullish, também mantém o potencial de uma "brecha de exaustão", como a demanda anterior se esgotou, o que poderia preceder um selloff.
O Índice S&P 500 avançou 0,29%, no mesmo nível de um lucro de 0,89%, e a Dow Jones Industrial Average aumentou 0,44%, abaixo de sua alta de 0,89%. O hiato crescente entre esses índices tem um maior potencial de vir a ser um gap de exaustão, pois seus movimentos precedentes foram acentuados.
O NASDAQ Composite ganhou 0,33% depois de restituir a diferença para um avanço de 0,98%. A sua crescente disparidade tem um potencial menor de transformar-se em um gap de exaustão, uma vez que os preços anteriores estavam mais congestionados, permitindo a realização de lucros para aqueles que trouxeram os preços a esse ponto e para o sangue fresco levá-lo para outro rali.
O Russell 2000, que dissemos repetidamente obter o máximo dos cortes nos impostos, se superou, avançando 1,02%, de uma alta de 1,6%. Seu gap de exaustão não tem significado e é inofensivo, pois é um "gap de área", o que significa que os preços anteriores já estavam mais altos porque os operadores já estavam dispostos a levar os preços acima dos níveis atuais. Em outras palavras, continua a existir demanda potencial.
O fundo de um gap de continuação geralmente dá sustentação ao preço, já que os investidores se lembram do salto literal e provavelmente voltarão para a briga, para mais uma tentativa. Embora seja um mito de que os gaps devem ser preenchidos - quando os preços são corrigidos, atingindo todos os preços perdidos anteriormente e, de fato, existe uma estratégia de negociação que exige uma venda a descoberto após um gap de continuação (alternativamente, comprar após um gap de baixa), a maioria volta ao nível fica perto. Três dos quatro gaps foram preenchidos, enquanto o Dow manteve um gap leve de 0,6%.
O Dow formou uma shooting star semanal, que ocorre quando os bears recuam de um avanço de alta, sugerindo que no final do dia (ou neste caso, da semana) eles estejam no comando.
O S&P 500 formou uma vela de onda alta, algo que ocorre quando os preços sobem e caem, mas fecham sem mudanças discerníveis. Esse comportamento ocorre quando não há liderança de mercado, porque os operadores não têm ideia de como proceder. Esta vela geralmente se forma antes das reversões.
Na segunda-feira, a ação do preço formou uma shooting star, onde os bears tiveram a última palavra. Com certeza, a resistência foi mantida durante toda a semana, recebendo confirmação pela vela de alta onda.
O Russell 2000 também formou uma vela semanal de alta onda, depois de completar um poderoso padrão diário bearish engulfing na terça-feira, em que os bears pararam um grande avanço e mandaram os bulls de volta para avanço do dia anterior.
Mercados Internos: Avanço das Ações de Crescimento, Ações Defensivas Caem (Mas Não é o Que Você Está Pensando)
Energia, um setor em crescimento, teve um salto de 4,73%, como é o setor considerado o maior beneficiário da revisão fiscal, de acordo com a calculadora de impostos corporativa da MarketWatch, relatada na segunda-feira passada pela Forbes. O cálculo mostra que a taxa média de impostos do setor de energia nos últimos 11 anos foi de 36,8%, muito acima dos 30% para as empresas médias do S&P 500. Mais importante ainda, é significativamente maior que a taxa efetiva de impostos, de 27,5% para as empresas financeiras, que até agora eram consideradas as empresas com a maior taxa efetiva de impostos.
No entanto, um estímulo mais direto para o desempenho do setor de energia foi o preço recente do petróleo. O artigo da Forbes foi publicado na segunda-feira, mas o setor de energia não viu grandes ganhos até a quinta-feira, quando aumentou 2,16%, o maior salto em um dia, de um avanço semanal de 4,69%.
Isso ocorreu um dia depois que o petróleo WTI bruto saltou 0,75% na quarta-feira, o maior salto em um dia, em seu avanço semanal de 1,98%. Isso reflete o efeito do crescimento fora dos EUA e a demanda por importações de petróleo. O preço do petróleo terminou a semana em US$ 58,41 o barril, o maior fechamento para a commodity desde 20 de novembro e apenas 0,56% mais baixo. Um fechamento mais alto será o mais alto desde 30 de junho de 2015.
Serviços públicos, um setor defensivo, foi o maior retardatário, com um recuo de 4,67%, a imagem espelhada do setor de Energia. Isso apesar do fato de que o novo plano tributário teria um efeito positivo no setor. Além de reduzir a taxa de impostos de 35% para 21%, também permitiria que essas empresas deduzissem 100% do custo dos projetos de capital de seus impostos no primeiro ano em que o plano entrar em vigor, em vez de deduções menores ao longo do tempo.
O principal motivo para o selloff do setor foram as perdas maciças das duas principais empresas de serviços públicos da Califórnia, a Pacific Gas & Electric (NYSE:PCG), cujas ações caíram 12% na quinta-feira, um dia depois de a empresa ter anunciado que estava suspendendo seu dividendos devido a "incertezas relacionada às causas e passivos potenciais associados aos grandes incêndios florestais de outubro de 2017 no norte da Califórnia". É a maior baixa das ações desde agosto de 2002. Historicamente, este selloff é o segundo maior; o primeiro foi motivado pelas preocupações com a potencial responsabilidade da empresa com os incêndios florestais, enfatizado na quarta-feira quando a PG&E admitiu que ainda não descobriu a causa do incêndio de outubro.
A outra perpetradora foi a Edison International (NYSE:EIX), que caiu 6,7% na quinta-feira, impulsionada pelo anúncio da PG&E, trazendo a perda total para 22% ao mês. Isso depois que a empresa admitiu recentemente, durante uma investigação sobre outro incêndio letal na região sul do estado, que reconhece "o possível papel de suas instalações".
Então, enquanto os índices dos EUA realmente abriram novos caminhos no início da semana, eles também encontraram grandes resistências de venda quando a semana se aproximou do fim. Enquanto um setor de crescimento liderou o rali, um setor defensivo recuou, é o resultado de fundamentos específicos, não refletindo o sentimento geral do mercado.
"Black Friday" do Bitcoin
Talvez os investidores da criptomoeda tiveram a semana mais difícil de todas. Os obstinados do bitcoin, em particular, viram os ganhos se evaporar com uma atordoante queda total de 44%, em um declínio de 27%. Embora a criptomoeda mais famosa tenha recuperado 6,9% no sábado, o selloff se estendeu, eliminando os ganhos do sábado, pois continuou a cair abaixo do ponto mais baixo do sábado.
Não está claro por que isso está acontecendo agora, mas alguns acreditam que o selloff pode ter sido provocado pela grande troca de bitcoins da China, pois o BTCC não aceitará depósitos em yuan chinês a partir de 1º de janeiro. Outros sugerem que os investidores estão realizando lucros depois de ver ganhos estelares, para lucrar antes dos feriados.
Na sexta-feira, o bitcoin estava fortemente no vermelho, depois de um selloff de pânico ter chegado a US$ 10.891,32, uma perda de mais de um terço do fechamento do dia anterior, de acordo com os dados da Coindesk. Um dos maiores altistas do bitcoin, Mike Novogratz, disse na sexta-feira que está retardando o lançamento de um fundo de criptomoedas, depois de no início do mês ter previsto que a moeda digital chegaria a US$ 50 mil no próximo ano. Ele disse a Bloomberg: "Não gostamos das condições do mercado e queríamos reavaliar o que estamos fazendo". Ele agora espera que uma correção na moeda digital chegue até US$ 8.000,00 nos próximos três a quatro meses, antes de atingir US$ 20 mil novamente.
O Morgan Stanley recentemente publicou um relatório afirmando que o valor real do bitcoin pode ser US$ 0. O relatório não atribui um preço meta para a moeda alternativa e elabora por que é impossível determinar seu valor, uma vez que não é como uma moeda, sem taxa de juros, nem como ouro, que pode ser avaliado pelo peso, uso eletrônico ou joias.
Ouro
O ouro teve uma ótima semana, avançando 1,75% pela segunda semana consecutiva, mostrando que mesmo se um setor de crescimento, como a energia, cresce, enquanto um setor defensivo como os serviços públicos cai, o sentimento do investidor não é necessariamente de risco.
Ainda assim, o preço do metal precioso teve uma breve parada na confluência da sua linha de tendência quebrada desde dezembro de 2016 e sua linha de queda desde setembro.
Dólar Americano
O dólar caiu 0,6% na semana passada, na realização de lucros dos altistas do dólar após a reforma tributária/alta de juros do Fed/a tendência do novo Presidente do Fed, Powell, em direção à flexibilização das regulamentações, à medida que a temporada de festas, mais lenta, se aproxima. Outro fator que estimula a venda: o final de 2017, que deverá ter sido melhor para a moeda de reserva do que as circunstâncias previstas para 2018.
A Semana à Frente
Todos os horários EST
Segunda-feira
Feriado de Natal – USA, Reino Unido, A Maioria das Bolsas de Valores dos Mercados Desenvolvidos Está Fechada
06:30: Japão – Desemprego e Inflação (novembro): o desemprego deverá continuar em 2,8%, enquanto a inflação deve subir de 0,2% para 0,8% ao ano
Terça-feira
Boxing Day: Reino Unido, Austrália, Canadá, Nova Zelândia; Natal: Hong Kong, Itália
10:30: USA – Índice de Atividade das Empresas Fed Dallas (dezembro): deverá aumentar de 19,4 para 20.
Quarta-feira
10:00: USA – Vendas Pendentes de Moradias (novembro): deverá subir 0,5% ao ano e 1,2% ao mês, de -0,6% e 3,5%, respectivamente.
Quinta-feira
08:30: USA – Pedidos Iniciais por Seguro Desemprego (semana encerrada em 23 de dezembro): os pedidos devem cair de 245 mil para 236 mil da semana anterior.
09:45: USA – PMI de Chicago (dezembro): deverá cair de 63 para 63,9.
11:00: USA – EIA Estoques de Petróleo Bruto (semana encerrada em 22 de dezembro) [atrasada em um dia devido ao dia de Natal]: a leitura anterior viu uma queda de 6,5 milhões de barris.
Sexta-feira
08:00: Alemanha – Inflação (dezembro, preliminar): aumento de preços esperado de 1,5% ao ano dos 1,8%.