Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2024 os abates de bovinos, suínos e de frangos bateram recorde no Brasil.
No período, o abate de bovinos totalizou 39,3 milhões de cabeças, o que representou um crescimento de 15,2% ou 5,2 milhões de cabeças, em relação a 2023.
Esse resultado foi alcançado principalmente pelo aumento no número de fêmeas abatidas. Em doze meses, foram para o gancho 11,6 milhões de vacas e 5,3 milhões de novilhas, altas de 15,9% e 26,5%, respectivamente, quando comparado com o ano anterior. Assim, a participação de fêmeas foi de 43,0%, valor 1,4 ponto percentual maior que em 2023.
Figura 1. Participação de fêmeas nos abates de bovinos.
Fonte: IBGE / HN AGRO
Ciclo pecuário
Conforme mostra a figura 1, a partir de 2022, observamos um aumento na participação de fêmeas nos abates, resultado da diminuição no preço das categorias de reposição e, consequentemente, desestímulo à atividade de cria.
Em 2022, 2023 e 2024 o bezerro apresentou quedas de 4,5%, 23,4% e 0,8% respectivamente, nas médias anuais nominais.
Pelo nível de participação de fêmeas nos abates nos últimos anos, a expectativa é de que, em 2025 e 2026, ocorra uma diminuição na oferta de bezerros e, consequentemente, preços mais firmes, o que deve estimular a atividade e resultar diminuição da oferta de fêmeas nos abates.
Frangos e suínos
Conforme mencionado, 2024 também foi marcado por recorde nos abates de frangos e suínos.
No período, foram abatidas 6,45 bilhões de frangos, valor 2,7% maior na comparação anual, totalizando 13,64 milhões de toneladas de carcaça, volume 2,4% acima do de 2023.
O Paraná foi o estado com maior volume de abate de frangos, com 34,2% da participação nacional, seguido por Santa Catarina (13,8%) e pelo Rio Grande do Sul (11,4%).
Em relação aos suínos, o abate aumentou 1,2%, frente a 2023, totalizando 57,9 milhões de cabeças e 5,3 milhões de toneladas de carcaça, valor 0,6% maior que no ano anterior.
Santa Catarina foi o líder, representando 29,1% do abate nacional. Em seguida ficaram o Paraná, com 21,5%, e Santa Catarina com 17,1%.
Conclusão
Mesmo diante do cenário de alta na produção de carne no Brasil e incertezas em relação à economia, observamos um resultado positivo para os preços no final de 2024, o que mostra que o consumo interno conseguiu absorver o volume produzido. Além disso, as exportações em bom ritmo colaboraram para o escoamento da produção.
O boi casado terminou o ano com alta de 12,3%, considerando o preço médio de dezembro de 2024, frente a dezembro de 2023. Para a carcaça suína no atacado a alta no intervalo foi de 33,7% e a evolução do preço do frango congelado foi de 15,5%.
Para 2025, segundo o USDA, a expectativa é de que a produção de carne bovina brasileira diminua 0,8%, resultado principalmente do menor volume de fêmeas nos abates. Junto a isso, as exportações devem continuar em um bom ritmo. Esses valores podem colaborar para a expectativa de preços firmes ao longo do ano.
Paralelamente, um cenário mais enxuto para a produção de carne bovina pode “dar espaço” para que os preços da carne de frango e suína evoluam, frente à pressão de custos (milho), com exportações em bom ritmo. O primeiro bimestre foi de recorde de volume exportado para as três carnes in natura.
* Colaborou Isabella Camargo, analista da HN AGRO.