Recheados de eventos macroeconômicos, os últimos anos têm sido bastante desafiadores para os investidores de maneira geral. Embate comercial entre as duas maiores potências do globo, pandemia, guerra entre Rússia e Ucrânia e desbalanceamento das cadeias de suprimento foram alguns desses acontecimentos recentes.
No atual momento, os maiores receios entre nove de dez gestores são a inflação global e os efeitos que a subida de taxa de juros a ser realizada pelo Fed nos Estados Unidos promoverá nas economias e, consequentemente, no consumidor. Novamente, eventos macro relevantes que impactam a definição de investimento e o comportamento de consumo de todos nós.
Contudo, engana-se quem pensa que só o macro está ditando a alocação dos investidores. Da mesma forma que se faz primordial o acompanhamento desses eventos, o olhar microeconômico também é fundamental para uma correta alocação de recursos.
Um levantamento realizado pelo Goldman Sachs (NYSE:GS) apontou que, de janeiro até setembro de 2020 (nos seis meses posteriores ao ponto mais baixo do S&P 500), um índice hipotético ponderado pelo valor de mercado das empresas formado pelas FAAMGs (Facebook (NASDAQ:FB), Amazon (NASDAQ:AMZN), Apple (NASDAQ:AAPL), Microsoft (NASDAQ:MSFT) e Google (NASDAQ:GOOGL)) teria subido 61%, contra uma alta de 12% do S&P 500 e de 3% das demais 495 companhias que formam o índice.
Analogamente, em 2022, a necessidade do stock picking também se faz presente. Enquanto o índice Nasdaq 100 cai mais de 20%, ao menos 22% das empresas que o compõem recuam mais de 50%. Uma enorme destruição de valor que poderia pegar desprevenido o investidor menos atento.
No Ibovespa essa dinâmica se repete. É possível ver movimentos discrepantes quando acompanhamos um mesmo segmento da economia, como varejo, setor financeiro ou de energia, o que se reflete na necessidade de um stock picking mais rigoroso.
Com esse racional, destaco um dos cases que faz parte em minhas sugestões, e que, em minha visão, está performando muito bem operacionalmente e gerará bastante valor para o investidor de longo prazo, a despeito das dificuldades do setor em que atua.
Trata-se do Grupo SBF (SA:SBFG3), que é o representante e distribuidor exclusivo no Brasil da Nike (NYSE:NKE), a maior marca esportiva do mundo, e dono da marca Centauro. Depois de um primeiro trimestre com resultados muito fortes e acima da expectativa do mercado, acredito que a companhia seguirá evoluindo operacionalmente, seja pelo avanço da Fisia (operação da Nike) ou pelo desempenho dos canais online e das lojas G5 da Centauro.
Apesar do cenário desafiador para o varejo de forma geral, da queda de confiança do consumidor, da redução da renda real e do desemprego ainda elevado, o posicionamento do Grupo SBF faz com que ele continue com margens saudáveis, se sobressaindo em relação a seus pares e ganhando participação de mercado. Um caso clássico de stock picking.
Forte abraço