Apesar da maior produção de açúcar na temporada 2019/20, as cotações do cristal registraram alta. De abril/19 a dezembro/19 (até o dia 20), a média do Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar cristal foi de R$ 65,35/saca de 50 kg, alta de 3,14% em relação à da temporada anterior (de R$ 63,36/saca de 50 kg de abril/18 a dezembro/18), em termos reais – os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de novembro/19. Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), de abril/19 a novembro/19, as usinas paulistas moeram 337,332 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, volume 4,63% superior ao processado em igual período da safra anterior. Desse total, 58,93% foram direcionados à produção de etanol e 41,07%, à de açúcar. O total de açúcar produzido foi de 18,33 milhões de toneladas, 2,86% acima do registrado no mesmo período da temporada passada.
ETANOL: APESAR DO AUMENTO DA PRODUÇÃO, DEMANDA ELEVA PREÇOS
Mesmo com a maior produção na safra 2019/20, os preços dos etanóis anidro e hidratado subiram. Segundo pesquisadores do Cepea, com volumes recordes a cada mês, o consumo foi se fortalecendo ao longo de toda a temporada, influenciado pela vantagem do biocombustível frente à gasolina C nas bombas. Tomando-se como base os Indicadores CEPEA/ESALQ mensais do etanol hidratado, a média foi de R$ 1,7528/litro na safra 2019/20 (até novembro), contra R$ 1,70/litro em igual período da temporada anterior, aumento real de 3,13% (valores deflacionados pelo IGP-M de novembro/19). No mesmo comparativo, o etanol anidro teve média de R$ 1,9225/litro, acréscimo de 2,17%, em termos reais. Quanto à produção, do início de abril até 30 de novembro, foram produzidos 31,7 bilhões de litros de etanol (de hidratado e anidro), 8,6% acima do volume do mesmo período da safra anterior, de acordo com a Unica.
CAFÉ: COTAÇÕES SE MANTÊM BAIXAS NA MAIOR PARTE DE 2019, MAS SOBEM NO FIM DO ANO
Após atravessarem boa parte de 2019 em baixos patamares, os preços dos cafés arábica e robusta subiram com força nos últimos meses do ano. Até outubro, os valores estavam enfraquecidos, influenciados por perspectivas iniciais de oferta ainda confortável no ano safra de 2019/20. No geral, agentes se mantiveram afastados do mercado em grande parte desse período, negociando apenas quando os preços reagiam, cenário verificado especialmente em junho e setembro. Já em novembro, as cotações passaram a subir expressivamente, principalmente as do arábica. Esse cenário, por sua vez, esteve atrelado à menor oferta de cafés finos, a preocupações quanto à disponibilidade do grão em 2020, a ganhos técnicos dos futuros de ambas as variedades, à maior demanda e ao dólar mais elevado. Na parcial da safra 19/20 (de julho/19 a 20 de dezembro/19), a média do Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor está em R$ 450,96/saca, elevação de 1% em relação à do mesmo período da temporada 2018/19, em termos reais. Para o robusta, a média do Indicador CEPEA/ESALQ do robusta tipo 6 peneira 13 acima, a retirar no Espírito Santo foi de R$ 294,59/sc na parcial da safra (de julho/19 a 20 de dezembro/19), baixa de 13% frente ao mesmo período da temporada anterior, em termos reais.
TRIGO: DÓLAR E ALTA DA TARIFA DE EXPORTAÇÃO NA AR ELEVAM PREÇOS NO BR
As cotações do trigo em grão seguem em alta no Brasil, refletindo a oferta limitada do cereal no mercado doméstico. Segundo colaboradores do Cepea, vendedores estão afastados das negociações, com expectativas de maiores valorizações no primeiro trimestre de 2020, devido ao dólar em patamar elevado e à nova política de exportação na Argentina – na última semana, o novo governo argentino anunciou proposta de elevação da taxa de exportação, de 6,7% para 12%, conforme a Bolsa de Rosário. Do lado da demanda, compradores brasileiros se mostram abastecidos e também cautelosos quanto a novas aquisições.