Dia de reunião do Copom e as expectativas se voltam, como sempre, ao que será dito depois, no comunicado dos diretores. Parece consenso um ajuste da Selic de um ponto percentual, a 5,25%, sendo previstos novos ajustes em setembro e depois. Não é absurdo considerar que a Selic possa chegar a 7,0% ao fim do ano e neste patamar permanecer em 2022. Vemos aqui o BACEN mais agressivo (mais hawkish), ainda “atrás da curva”, mas correndo atrás do prejuízo e tentando “ancorar as expectativas”. Difícil criticar depois do ocorrido, com o choque de oferta decorrente da pandemia. A taxa Selic quando recuou a 2,0%, foram unânimes os elogios e raras as críticas. Só que aí veio a pandemia e tudo virou. Neste contexto, achamos que o BACEN agiu na “velocidade adequada”.
Imbróglio Bolsonaro x TSE e STF
Bolsonaro segue em pregação pelo voto impresso, embora este tema esteja morrendo de inanição na Comissão onde é tratado. Poucos acreditam que deve avançar. Por outro lado, pelo seu comportamento açodado, ele parece muito mais interessado em desviar o foco sobre a CPI da Covid, também enrolado para o presidente. Não nos parece, até o momento, bem sucedida esta estratégia, já havendo especulações de que a candidatura Jair Bolsonaro em 2022 pode ficar inelegível. Tudo é possível. Isso porque a resposta do STF aos ataques do presidente ao ministro Barroso nos parece bem contundente. O presidente erra ao tentar personalizar estes ataques, conseguindo dissipar a sólida união dos ministros e no STE. Todos parecem imbuídos de dar um susto ou um basta nos tumultos deste presidente. É sempre ele “a chegar na festa e tumultuar”.
Sobre a agenda de reformas
O relator Celso Sabino apresentou um novo parecer ao Congresso nesta terça-feira (dia 3). Neste, um dos objetivos é tornar a mudança de Imposto de Renda para as empresas, reduzindo de 25% para 12,5% em dois anos, neutra, não havendo perda de R$ 30 bilhões na arrecadação federal. Dentre as mudanças aventadas, a isenção para quem recebe lucros e dividendos no regime do Simples e a inclusão de mecanismos que vinculem a redução do IRPJ ao aumento da arrecadação. Especulações indicam que o projeto deve ser votado na sexta-feira (dia 6). Em contrário, secretários de Fazenda dos estados seguem se mobilizando. Para eles, através do COMSEFAZ, este projeto deve ser “rejeitado”, pois há um desbalanceamento de recursos para os estados e municípios. Em complemento, Arthur Lira acha que é possível votar a reforma administrativa ao fim deste mês.
Sobre os precatórios
Na mesa o debate em torno de como tratar uma dívida da União com empresas e pessoas físicas, decidido pela Justiça, da ordem de R$ 90 bilhões em precatórios. Guedes disse que os precatórios acima de R$ 66 mil devem ser parcelados, 15% iniciais e depois nove prestações. Disse ele que “pagará quando puder” e que isso não constitui “calote”. Muitos acham o contrário. Para Maílson da Nobrega, há calote sim e isso pode ameaçar a confiança dos investidores nos títulos públicos.
Indicadores
O IPC da Fipe registrou 1,02% em julho, contra 0,81% em junho, a maior taxa para o mês desde 2001. Em 12 meses foi a 9,79%, com Alimentação subindo 15,10%, decorrente da “frente polar”, que impactou muitas culturas agrícolas, Transportes subiu 14,43%, Saúde 8,39% e Habitação 7,52%. Nos mercados, a situação hídrica segue preocupante, já considerada a maior seca desde 2000. O risco de blecaute localizado e nos horários de pico de consumo está na mesa do chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira.
Outro indicador foi a Confiança dos Empresários, da FGV, na maior alta desde 2013. Foi a 101,9 pontos, em alta de 3,1 pontos. Foi a primeira vez que o índice ultrapassou os 100 pontos, indicativo favorável. Esta alta foi impulsionada pelo bom humor dos empresários da área de Serviços.
Sobre a pandemia
No Brasil, novos casos nesta terça-feira chegaram a 32.316, na média de sete dias 33.821. Em 24 horas, os óbitos foram a 1.209 acumulando 558 mil. Na vacinação, são 142,5 milhões de doses aplicadas, na primeira dose 101,0 milhões, na segunda 41,5 milhões. Com a variante Delta no mundo, muitos idosos voltaram a se internar. Aumenta a pressão internacional pela terceira dose. Neste cenário, a tal imunidade de rebanho é maior do que 80%, se aproximando dos 90%, de acordo com a Diseases Society of America.
No mercado
Na terça-feira (dia 03), o Ibovespa operou em queda na maior parte do dia, para se recuperar ao fim (+0,87%, a 123.576 pontos). Já o dólar chegou a subir mais de 2%, passando de R$ 5,27, para fechar em alta de 0,48%, a R$ 5,19. Em NY, o S&P 500 renovou recorde a 4.423 pontos, alta de 0,82%, com temporada positiva de balanços e ações de Big Techs e do setor de saúde. Dow Jones e Nasdaq 100 também se aproximaram dos recordes, fechando em altas de 0,80% e 0,65%, respectivamente. A sessão foi marcada pela volatilidade, com o mercado atento ao pacote de infraestrutura e à variante Delta, aumentando preocupações sobre possível impacto na demanda.
Para o mês de agosto, considerado “mês do desgosto”, a recomendação pesa sobre papéis atrelados a commodities, setor financeiro, varejo e tecnologia.
Nesta madrugada, no mercado asiático, os índices operaram entre estáveis e em suaves quedas. Nikkei recuou 0,24%, Shanghai -0,05% e HangSeng -0,10%. Na abertura da Europa, os mercados operavam em suave alta. DAX subindo 0,6%, FTSE 100 +0,44%, CAC 40 +0,37% e Eurostoxx50 +0,51%. No DXY, o recuo era de 0,02%, a 92.058 pontos, os TNotes de 10 anos subiam 0,55%, a 1,181% e os barris de petróleo, WTI a US$ 70,19 e Brent a US$ 71,14. Aqui, como agravante uma troca de mísseis entre barcos americanos, ingleses, iranianos, americanos, na costa dos Emirados Árabes.
Na agenda desta quarta-feira (dia 04), além da repercussão dos dados dos gerentes de compras de serviços da China, nesta madrugada, atenção para os PMIs da Zona do Euro, dos Estados Unidos e do Brasil. Nos EUA, sai também o índice dos gerentes de suprimentos, o ISM, e os dados de criação de empregos privados da empresa, ADP. No Brasil, o grande destaque será a reunião do Copom. A agenda de balanços será pesada, com Uber (NYSE:UBER), General Motor e Kraft Heinz no exterior. No Brasil, destaque para Petrobras (SA:PETR4), Gerdau (SA:GGBR4), Braskem (SA:BRKM5) e Totvs (SA:TOTS3).
Boa semana a todos! Saudações aos nossos atletas, verdadeiros heróis nacionais sem apoio. São treze medalhas, três de ouro, três de prata e sete de bronze.