Musk ordenou desligamento do serviço de satélite Starlink enquanto Ucrânia retomava território da Rússia
As cotações domésticas do algodão em pluma recuaram em junho, voltando aos patamares observados em meados de outubro/20. A pressão veio dos menores valores observados para a pluma posta na Ásia e também da desvalorização do dólar, que reduziram a paridade de exportação. No mercado interno, a demanda seguiu enfraquecida, com indústrias adquirindo novos lotes apenas quando houve necessidade. As estimativas de que a nova safra seja volumosa reforçaram a pressão sobre os valores domésticos.
Em geral, mesmo diante da dificuldade em acordar preço e/ou qualidade entre comprador e vendedor, o maior impasse esteve no desempenho das vendas ao longo da cadeia, o que limitou as negociações no spot e também manteve players apreensivos para realizar contratos a termo envolvendo grandes volumes. Boa parte dos cotonicultores esteve afastada de novas negociações, diante do mercado baixista. No campo, segundo a Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), foram colhidos 4,21% da área estimada no Brasil até o dia 30 de junho. Entre 31 de maio e 30 de junho, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, recuou expressivos 12,51%, fechando a R$ 3,5984/lp no dia 30 – o menor valor nominal desde 15 de outubro de 2020 (R$ 3,5616/lp). Ainda assim, em junho, a média do Indicador foi de R$ 3,9499/lp, 0,54% acima da de maio/23, mas 46,64% menor que a de junho/22, em termos nominais.
MERCADO INTERNACINAL – Cálculos do Cepea apontam que as paridades de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) caíram 10,7% entre 31 de maio e 30 de junho, para R$ 3,6982/lp (US$ 0,7716/lp) no porto de Santos (SP) e R$ 3,7087/lp (US$ 0,7738/lp) no de Paranaguá (PR) no dia 30. Isso é resultado da baixa de 5,17% do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente), para US$ 0,8890/lp, e da desvalorização de 5,63% do dólar frente ao Real no acumulado de junho – a moeda norte-americana encerrou o mês a R$ 4,7930/lp no dia 30. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), entre 31 de maio e 30 de junho, o vencimento Jul/23 se desvalorizou 0,77%, a US$ 0,8284/lp. Já o contrato Out/23 avançou 1,58%, a US$ 0,8158/lp; o Dez/23, 1,13%, a US$ 0,8037/lp; e o Mar/24, 0,87%, a US$ 0,8025/lp.
CONAB – Em relatório divulgado no dia 13 de junho, a Conab indicou que a área nacional de algodão na safra 2022/23 deve somar 1,636 milhão de hectares, 2,2% acima da temporada 2021/22. A produtividade foi reajustada positivamente por mais um mês e deve aumentar 2,69% frente ao relatório anterior e 14,1% em relação à safra passada, para 1.821 kg/ha. Dessa forma, o volume colhido no Brasil pode chegar a 2,978 milhões de toneladas, seguindo como a segunda maior safra da história, com aumentos de 2,66% no comparativo mensal e de 16,6% em relação à temporada 2021/22.
COTTON OUTLOOK – Dados divulgados no dia 30 de junho pelo Cotton Outlook indicam que a produção mundial da safra 2023/24 está estimada em 25,93 milhões de toneladas, 2,73% maior que o volume apontado em maio/23 e 3,13% acima da temporada 2022/23 (25,142 milhões de toneladas). Quanto ao consumo mundial, houve aumento de 0,58% no comparativo mensal e elevação de 4,98% frente ao da safra 2022/23, indo para 24,253 milhões de toneladas na temporada 2023/24. Nesse cenário, a oferta mundial está 6,91% acima da demanda. Para o Brasil, especificamente, a produção na temporada 2022/23 foi reajustada para 3 milhões de toneladas em junho/23, elevação de 3,45% frente ao relatório do mês anterior. Assim, o volume da safra 2023/24 deve ficar 6,67% inferior ao da temporada passada, totalizando 2,8 milhões de toneladas, enquanto o consumo nacional pode ser ampliado para 700 mil toneladas (+3,7%).
CAROÇO DE ALGODÃO – O mercado de caroço de algodão no spot se manteve enfraquecido em junho, influenciado pela desvalorização de seus subprodutos, como torta, farelo e óleo de algodão – esse cenário, por sua vez, esteve atrelado aos recuos nos preços de outras commodities utilizadas para a alimentação de ruminantes. Ainda que vendedores cedam nos preços de negociação do caroço, compradores pediram valores ainda menores e/ou esperaram para adquirir quando chegar mais volume da safra nova no mercado. Quanto aos preços, levantamento do Cepea mostra que a média do caroço no mercado spot em junho/23 em Primavera do Leste (MT) foi de R$ 1.074,75/t, queda de 11,7% em relação à do mês anterior e retração de expressivos 30,2% sobre a de junho/22 (R$ 1.538,72/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de maio/23. Em Campo Novo do Parecis (MT), a média recuou 6,9% na comparação mensal e significativos 30,3% na anual, indo para R$ 1.029,86/t em junho/23. Em Lucas do Rio Verde (MT), a média foi de R$ 857,91/t, baixa de 20,4% frente à do mês anterior e retração de expressivos 41,4% se comparada à do mesmo período de 2022. Em Barreiras (BA), a média foi de R$ 1.262,33/t, quedas de 9,6% frente à de maio/23 e de 18,5% em relação à de junho/22. Em São Paulo (SP), a média caiu 8,8% no mês e 21,7% no ano, a R$ 1.430,26/t em junho/23. Já para a safra 2022/23, a comercialização esteve lenta e os preços significativamente inferiores aos praticados no ano passado. Esse cenário se deve à projeção indicando bom volume de algodão a ser colhido, ao enfraquecimento da demanda, a chuvas mais regulares e também aos menores preços de outras commodities, como a soja e o milho. Além disso, compradores estiveram cautelosos nas novas aquisições.
A Conab estima produção brasileira de caroço de algodão em 4,251 milhões de toneladas, 4,3% maior que a da temporada 2021/22. Para Mato Grosso, o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) indica que foram comercializados apenas 39,04% do volume a ser produzido no estado nesta safra 2022/23, 13,52 pontos percentuais abaixo ritmo registrado no mesmo período de 2022 (de 52,56% referente à safra 2021/22) e 23,4 p.p. inferior à média dos últimos cinco anos (de 62,44%). Dados do Cepea apontam que, para negociações com entregas entre julho e dezembro de 2023 (referentes à safra 2022/23), o preço médio de contratos a termo em Primavera do Leste (MT) esteve em R$ 884,10/tonelada, significativa queda de 40,2% frente à média de comercialização da temporada anterior (com embarques programados no segundo semestre de 2022). Em Lucas do Rio Verde (MT), o preço médio dos contratos a termo teve baixa de 37,7% no mesmo período, para R$ 824,35/t. Em Campo Novo do Parecis (MT), a retração foi de 38,7% (R$ 796,68/t). Em Barreiras (BA), o valor médio está em R$ 1.155,00/t para entrega no segundo semestre deste ano, recuo de 19,2% frente ao do mesmo período de 2022.