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Algodão: Junho Foi Marcado Pela Espera da Entrada Efetiva da Nova Safra no Spot

Publicado 26.07.2019, 18:06
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O mês de junho foi marcado pela espera da entrada efetiva de algodão da nova safra 2018/19 no spot. Nesse cenário, as compras no spot envolveram pequenos volumes, no intuito de atender à necessidade imediata. Vendedores, por sua vez, estiveram flexíveis nos preços pedidos, mas compradores ofertaram valores ainda menores. Cotonicultores também estiveram atentos às atividades no campo e ao desenvolvimento das lavouras. Apesar do ritmo lento de colheita ao longo do mês, assim como beneficiamento, produtores indicaram estar com boa parte da produção comprometida em contratos.

Assim, entre 31 de maio e 28 de junho, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, caiu 5,45%. A média de junho, de R$ 2,7944/lp, ficou 3,05% inferior à de maio/19 e expressivos 29,39% abaixo da de junho/18, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de maio/19).

Diante das vendas enfraquecidas dos derivados, empresas permanecem trabalhando com a pluma já contratada e/ou relaram estarem estocadas. Além disso, a dificuldade em encontrar a pluma dentro das características desejadaslimitou ainda mais as negociações.

Já no estado de São Paulo, várias efetivações envolvendo a pluma da 2018/19 foram captadas pelo Cepea ao longo de junho. Na segunda quinzena, alguns lotes da nova temporada de outras regiões também, como Bahia e Mato Grosso, foram disponibilizados no mercado, mas a disparidade de preço dificultou os fechamentos. Entretanto, de acordo com colaboradores do Cepea, a temperatura mais baixa atrasou a maturação da lavoura e, consequentemente, a colheita da safra 2018/19 em algumas regiões de Mato Grosso e na Bahia.

De acordo com dados da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) tabulados pelo Cepea, 74,1% da safra brasileira 2017/18, estimada em 2,005 milhões de toneladas, teria sido comercializada até o dia 28 de junho. Deste total, 58% foram direcionados ao mercado interno, 31,6%, ao externo e 10,3%, para contratos flex (exportação com opção para mercado interno). Para a próxima temporada, dados indicam que ao menos 34,5% da produção de 2018/19 (projetada em 2,676 milhões de toneladas pela Conab) foi comercializada no mesmo período, sendo 45,3% ao mercado doméstico, 35,9%, para exportação e 18,8%, para contratosflex.

EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO – As exportações brasileiras seguem atingindo novos recordes. Segundo dados da Secex, os embarques na safra 2017/18 (de agosto/18 a junho/19) somam 2,17 milhão de toneladas até junho/19, superando o recorde da safra 2011/12. Em junho, as exportações efetivadas foram de 61,6 mil toneladas, inferiores às 82,3 mil toneladas de maio/19, mas expressivamente maiores que as 8,8 mil toneladas no mesmo período de 2018. Em faturamento, em junho, as vendas brasileiras somaram em US$ 102,9 milhões, 26,5% menor que os US$ 140 milhões do mês anterior.

Quanto à importação brasileira, de janeiro a junho/19, o volume totaliza 952,2 toneladas, 90% menor que o do mesmo período de 2018 (9,3 mil toneladas). No ano safra (agosto/18 a junho/19), as compras brasileiras somam 3,33 mil toneladas, inferiores às 10,03 mil toneladas do período anterior.

Nesse cenário, as negociações com embarques futuros nos mercados interno e externo, envolvendo a pluma das safras 2018/19 e 2019/20, permanecem lentas.

MERCADO INTERNACIONAL – De 31 de maio a 28 de junho de 2019, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), porto de Paranaguá (PR), recuou 5,98%, pressionada pela baixa de 3,62% do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) e pela desvalorização de 2,29% do dólar. A média mensal da paridade foi de R$ 2,5970/lp, quedas de 6,26% em relação à do mês anterior e de 19,1% frente à de junho/18 (R$ 3,2117/lp). No mesmo período, a média do Índice Cotlook A recuou 3,25% frente à de maio/19 e 20,6% se comparada à de junho/18. Na comparação mensal, o dólar se desvalorizou 3,37%, mas na anual houve alta de 2,1%.

Em junho, os contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) acumularam queda, influenciados pela expectativa de produção mundial volumosa, pelo enfraquecimento da demanda pela fibra dos Estados Unidos, pelo avanço do petróleo e pelo fortalecimento do dólar no mercado internacional – sendo que esses dois últimos fatores tendem a desestimular a procura pelo algodão norte-americano. Além disso, agentes seguiram atentos ao andamento das negociações entre Estados Unidos e China. Entre 31 de maio e 28 de junho, o vencimento Jul/19 se desvalorizou 7,24%, fechando a US$ 0,6315/lp, e o Out/20 teve baixa de 2,98% (a US$ 0,6575/lp). O contrato Dez/19 caiu 1,48% (US$ 0,6608/lp) e Mar/20, 1,55% (US$ 0,6669/lp).

Em relação à temporada 2019/20 norte-americana, o USDA indicou, em relatório divulgado em 1º de julho, que 37% da área já floresceu, abaixo dos 41% de um ano atrás e ligeiramente inferior à média das últimas cinco safras, de 39%. Além disso, 7% da área dos Estados Unidos já houve formação de maçãs, menor que os 11% do mesmo período de 2018. Em relação à qualidade das lavouras, 52% estão em boas e ótimas condições, acima dos 43% do ano anterior; 30% estão em condições medianas, três p.p abaixo do observado em 2018, e 18% estão ruins e em péssimas condições, contra 24% no ano anterior.

O Icac (Comitê Internacional do Algodão) estima produção mundial 2018/19 de 25,7 milhões de toneladas, com menores colheitas nos Estados Unidos, Paquistão e Austrália, devido ao clima desfavorável. Com o consumo global ficando em 26,7 milhões de toneladas, o estoque totaliza 17,8 milhões de toneladas, 4,3% inferior ao da safra 2017/18 – sendo 47,49% da China, a menor das últimas quatro safras.

Ainda segundo o Comitê, incertezas quanto ao crescimento do estoque mundial e ao consumo, que poderá vir dos países emergentes do continente asiático, inibem as previsões para a safra 2019/20. Entretanto, preliminarmente, o estoque 2019/20 poderá se expandir para 18,7 milhões de toneladas, aumento de 4,6% frente à safra anterior, com o estoque para os demais países (excluindo a China) atingindo 10,5 milhões e o da China ficando em 8,2 milhões de toneladas(representando 43,85%).

CAROÇO DE ALGODÃO – À espera do avanço no beneficiamento de caroço de algodão da safra 2018/19, as negociações estiveram lentas ao longo de junho. Lotes de pequenos volumes foram negociados pontualmente, com esmagadoras trabalhando com o estoque já adquirido. Quanto ao farelo, a comercialização esteve boa, devido à demanda de pecuaristas; já para o óleo, o ritmo esteve um pouco mais lento.

Quanto aos contratos para entregas entre julho e dezembro de 2019 (referentes à safra 2018/19), dados coletados de janeiro a junho mostram que o preço médio na BA registrou alta de 8,9% frente ao mesmo período de 2018, com a média a R$ 443,89/tonelada. Já em Primavera do Leste (MT), o preço médio permaneceu praticamente estável no mesmo período (+0,04%), com média de R$ 376,47/t; e em Lucas do Rio Verde (MT), o aumento foi de 9,6% (R$ 305,41/t). Em Chapadão do Sul, o valor médio esteve em R$ 463,33/t para entrega no segundo semestre, alta de 35% frente ao do mesmo período de 2018.

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