Os preços do algodão em pluma seguiram em queda em outubro, pressionados pela retração de compradores, especialmente de indústrias, e pela maior presença de vendedores no spot em boa parte do mês.
No acumulado do mês (entre 28 de setembro e 31 de outubro), o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, recuou expressivos 7,67%, sendo a baixa mais intensa desde julho/14 (quando caiu fortes 11%). A média de outubro, de 3,0750/lp, ficou 3,82% inferior à de setembro/18, mas 16,7% acima da de outubro/17 (valores atualizados pelo IGP-DI de outubro/18).
No geral, em outubro, demandantes apontavam baixa a qualidade dos lotes disponibilizados, com heterogeneidade de características (como micronaire, fibra e cor). Isso ocorreu porque cotonicultores priorizaram as entregas de contratos e, no spot, disponibilizaram a pluma de lotes que foram contratados e não aprovados. Nesse cenário, vendedores estiveram flexíveis nos valores.
Para as negociações futuras, foram captados vários fechamentos, envolvendo a pluma das próximas duas temporadas (2018/19 e 2019/20), principalmente para exportação. No mercado doméstico, indústrias também travaram contratos para entregas no primeiro semestre de 2019, referente à safra 2017/18, fixados em Real, dólar e no Indicador CEPEA/ESALQ.
Dados do Cepea mostram que, em outubro, os preços das exportações para embarque entre outubro e dezembro/18 tiveram média de US$ 0,7874/lp, 4,66% abaixo dos captados em setembro/18 (US$ 0,8259/lp). Já as negociações passadas com embarque programado para outubro/18 tiveram média de US$ 0,7716/lp Para exportação no segundo semestre de 2019 (referentes à safra 2018/19), a média das informações captadas em outubro/18 foi de US$ 0,7705/lp, recuo de apenas 0,39% frente à do mês anterior (US$ 0,7736/lp).
Quanto às exportações de pluma, segundo dados da Secex, somaram 163 mil toneladas em outubro, duas vezes mais que em setembro/18 (de 72,6 mil toneladas).
De acordo com dados da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) tabulados pelo Cepea, 58,5% da safra brasileira 2017/18, estimada em 2,005 milhões de toneladas, teria sido comercializada até o dia 31 de outubro. Deste total, 54,4% foram direcionados ao mercado interno, 32,6%, ao externo e 13%, para contratos flex (exportação com opção para mercado interno). Para a próxima temporada, dados indicam que ao menos 20% da produção de 2018/19 (projetada em média de 2,202 milhão de toneladas pela Conab) foi comercializada no mesmo período, sendo 54,9% ao mercado doméstico, 17%, para exportação e 28,2%, para contratos flex.
De 28 de setembro a 31 de outubro, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), porto de Paranaguá (PR), caiu 9,84%, pressionada pela queda de 8,26% do dólar frente ao Real. A média mensal da paridade foi de R$ 2,8288/lp, recuo de 12,44% em relação à do mês anterior, mas ainda registra elevação de expressivos 31,6% frente à de outubro/17 (R$ 2,1500/lp). No mesmo período, a média do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) caiu 4,16%, com o dólar se desvalorizando 8,42%.
MERCADO INTERNACIONAL – Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), os valores subiram, impulsionados pela alta do petróleo e pelo enfraquecimento do dólar. De 29 de setembro a 31 de outubro, o contrato Dez/18 aumento de 0,64%, fechando a US$ 0,7686/lp, no dia 31. O vencimento Mar/19 registrou alta de 1,31% (US$ 0,7830/lp); o Maio/19, de 1,73%, indo para US$ 0,7949/lp; e o Out/19, de 2,35% (US$ 0,7739/lp).
Dados do Icac (Comitê Internacional do Algodão), divulgados no dia 1º de novembro, revisou negativamente a produção para a safra 2017/18, estimada agora em 26,9 milhões de toneladas, mas ainda 16,5% acima da temporada anterior. O consumo também foi rebaixado, ficando em 26,8 milhões, porém, 9,4% superior ao da safra 2016/17. A comercialização mundial está prevista em 9 milhões de toneladas, 11% maior que no período anterior. Entretanto, o estoque mundial foi levantado para 18,9 milhões, crescimento de 0,43% frente à safra 206/17.
Para a temporada 2018/19, a previsão é de queda de 2,2% na colheita mundial, a 26,3 milhões de toneladas. O consumo poderá chegar a 27,5 milhões de toneladas, 2,7% maior que na temporada 2017/18. O estoque mundial poderá cair frente à safra anterior, em 6,5%, ficando em 17,7 milhões de toneladas. Para a comercialização global, a previsão é de aumento de 8,7%, chegando a 9,8 milhões de toneladas.
CAROÇO DE ALGODÃO – Os negócios envolvendo o caroço de algodão seguiram lentos em outubro. Parte dos agentes esteve atenta aos embarques dos contratos realizados anteriormente e ao período de chuvas, que reduz o interesse pelo caroço. Assim, indústrias e pecuaristas buscaram apenas por lotes de pequenos volumes no spot. O preço médio do caroço em outubro/18 em Barreiras (BA) foi de R$ 515,32/t, alta de 7,9% em relação ao mês anterior. Em Primavera do Leste (MT), o aumento foi de 1,2% (R$ 385,69/t); em Campo Novo do Parecis (MT), de 1% (R$ 316,91/t) e, em Lucas do Rio Verde (MT), de apenas 0,9%. Já em São Paulo, o preço médio ficou em R$ 620,06/t, queda de 4,9% frente ao de setembro/18.