Alphabet: Império de buscas de US$ 2 tri enfrenta sua maior ameaça até agora

Publicado 02.06.2025, 13:50

A Alphabet Inc (NASDAQ:GOOGL), controladora do Google, vem sendo alvo de pressões regulatórias cada vez maiores em diferentes frentes. A Alemanha estuda a adoção de um imposto de 10% sobre serviços digitais, enquanto a Justiça dos Estados Unidos avalia possíveis medidas antitruste que poderiam levar à venda do navegador Chrome. Em meio a esses desafios, as ações da gigante de tecnologia recuaram, sendo negociadas a US$ 170,68, à medida que investidores ponderam os impactos de uma supervisão regulatória mais intensa e da concorrência no setor de inteligência artificial sobre seu modelo de negócios baseado em buscas.

Ações da Alphabet recuam diante de múltiplos desafios para o Google

No dia 30 de maio de 2025, os papéis da Alphabet encerraram o pregão a US$ 170,68, com queda de US$ 2,28 (ou 1,32%), refletindo a crescente preocupação dos investidores com o ambiente regulatório. No acumulado do ano, as ações registram queda de 10,26%, enquanto o S&P 500 avança 0,15%.

Nos últimos 12 meses, os papéis da companhia recuaram 1,18%, frente a uma valorização de 12,52% do índice amplo de mercado. O valor de mercado atual da Alphabet é de US$ 2,064 trilhões, com faixa de negociação entre US$ 142,66 e US$ 208,70 no período de 52 semanas. Apesar dos ventos contrários, a empresa mantém fundamentos sólidos: P/L histórico de 19,05, P/L projetado de 18,55 e caixa disponível de US$ 95,33 bilhões.

As margens operacionais seguem robustas, com margem líquida de 30,86% e retorno sobre o patrimônio de 34,79%. As projeções de analistas apontam para preços-alvo entre US$ 180 e US$ 237, com média de US$ 199,31 — o que sugere potencial de valorização, mesmo em meio à pressão regulatória.

Alemanha avalia imposto digital de 10% sobre Google e Meta

O governo alemão estuda a criação de um imposto de 10% sobre serviços digitais, que atingiria grandes plataformas online como o Google e a Meta Platforms Inc (NASDAQ:META), segundo declarações do ministro de Estado para a Cultura, Wolfram Weimer, à revista STERN.DE. O ministro classificou a alíquota como “moderada e legítima”, e afirmou que gigantes digitais americanas estão sob seu radar.

A proposta segue a tendência já adotada por Reino Unido, França, Itália, Espanha, Áustria e Canadá, que criaram tributos específicos para grandes empresas de tecnologia, mirando a receita gerada localmente.

De acordo com o analista Brian Wieser, a Alemanha representa cerca de US$ 10 bilhões em receitas anuais para o Google, o que torna o impacto financeiro potencialmente relevante. O presidente Donald Trump tem se posicionado contra esse tipo de tributação, e a recém-aprovada "Lei de Uma Grande e Bela Reforma" inclui cláusulas para elevar impostos sobre empresas e cidadãos de países considerados discriminatórios contra companhias americanas.

A Computer and Communications Industry Association, da qual o Google faz parte, criticou a proposta alemã, alertando que ela “ampliaria tensões comerciais” e classificando a iniciativa como “equivocada”. A entidade destacou o consenso bipartidário nos EUA de que esse tipo de tributação prejudica as exportações americanas.

Caso antitruste ameaça forçar venda do Chrome

A Justiça americana avalia propostas do Departamento de Justiça (DoJ) que poderiam remodelar profundamente os negócios do Google, incluindo a possível exigência de venda do navegador Chrome e o fim de acordos de busca padrão que geram bilhões em receita. Durante as alegações finais, o juiz distrital Amit Mehta questionou se a inteligência artificial deve ser considerada uma tecnologia concorrente da busca tradicional, perguntando: “Você acha que alguém ainda tentaria criar um novo motor de busca generalista, diante do cenário atual?”

O Departamento de Justiça argumenta que as medidas propostas são necessárias para restaurar a concorrência, alegando que o comportamento do Google “distorceu fundamentalmente” o mercado. A proposta prevê que a empresa compartilhe dados de busca com concorrentes e encerre os pagamentos bilionários feitos a fabricantes como a Apple (NASDAQ:AAPL) para manter o Google como buscador padrão.

A OpenAI teria manifestado interesse em adquirir o navegador Chrome, caso o Google seja forçado a vendê-lo, segundo testemunho de Nick Turley, diretor de produto do ChatGPT. A empresa também seria favorecida pelo acesso aos dados de busca da Google para melhorar a acurácia de suas respostas.

O Google argumenta que as medidas sugeridas ultrapassam os limites legais e o obrigariam a entregar sua tecnologia aos concorrentes. Como contrapartida, a empresa afirma já ter encerrado acordos exclusivos com operadoras e fabricantes de smartphones, como forma de atender às preocupações concorrenciais.

A decisão do juiz Mehta está prevista para agosto. O veredicto pode redesenhar o mercado de buscas e abrir espaço para a ascensão de concorrentes baseados em inteligência artificial.

Concorrência com IA ameaça domínio da busca

O avanço da inteligência artificial representa um desafio direto ao modelo tradicional de busca do Google. Durante o processo antitruste, um dos advogados do DoJ afirmou que as medidas propostas buscam impedir que o Google bloqueie a entrada de concorrentes baseados em IA à medida que a tecnologia evolui.

A OpenAI afirmou que ainda levará anos até que consiga responder a 80% das buscas com precisão por meio de IA, mas sua plataforma ChatGPT já vem alterando a forma como usuários acessam informações online.

Como resposta, o Google passou a incorporar funcionalidades de IA generativa em sua plataforma de busca. A própria empresa reconhece que a inteligência artificial está transformando a experiência de busca dos usuários. O movimento regulatório ocorre em um momento decisivo, com grandes empresas de tecnologia correndo para desenvolver soluções baseadas em IA que podem transformar o mercado de informações.

A defesa jurídica do Google sustenta que a companhia já permite que fabricantes de dispositivos instalem aplicativos concorrentes de busca e inteligência artificial, o que comprovaria abertura à competição. Apesar disso, as autoridades antitruste seguem preocupadas com a possibilidade de que o domínio atual da empresa seja estendido para a nova era da IA, inibindo a inovação e a concorrência em tecnologias emergentes.

O desfecho do processo pode ser determinante para definir se as empresas de inteligência artificial terão condições equitativas de disputar o mercado de busca e recuperação de informações.

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