Bom, todos vocês já devem ter ouvido aquela famosa frase: “os preços no Brasil estão altos por que a expansão da base monetária não está alinhada com o crescimento do PIB”.
Isso é fato, mas será que a alta generalizada dos preços tem somente essa explicação?
Sabemos que durante a pandemia o governo expandiu a oferta monetária com auxílios, aumento de salários públicos e medidas extremamente populistas. Só que uma hora a conta chega e quem “paga o pato” são os mais pobres, que não tem acesso a instrumentos de investimento para se protegerem da alta dos preços e ainda sofrem com imposto sobre consumo nas alturas (ICMS).
Aproveito para citar Milton Friedman, economista Nobel:
“Nada é tão permanente quanto um programa temporário do governo.”
Outro ponto que corrobora assiduamente com o crescimento da nossa inflação é o ciclo de alta das commodities, que perdura desde 2020. Dentro disso podemos destacar o petróleo, que é a principal matriz energética do Brasil e o barril agora custa três vezes mais do que a média de US$ 40 registrada em julho de 2020 e está quase 60% acima dos níveis do ano passado.
Se o petróleo está em alta isso gera um efeito em cadeia, ou seja, aumento dos preços de combustíveis, fretes e transportes - que impactam na precificação dos alimentos por parte dos supermercados, hortifrutis e padarias.
E ainda há o agravo que esses movimentos estão acontecendo em conjunto com a alta do dólar, fazendo com que a nossa moeda local, o real, se desvalorize ainda mais e o brasileiro perca poder de compra. Outra questão é que países mais desenvolvidos enxergam o brasil como um mercado de commodities. Assim aumentamos nossas exportações no mercado internacional e com isso reduzimos a oferta interna destes produtos, pressionando ainda mais os preços.
E como controlar isso?
Já faz parte do senso comum que quando vivemos um período de inflação alta ele é seguido por um período de juro alto, na tentativa de desestimulo ao consumo.
O gráfico abaixo mostra exatamente essa correlação entre inflação e juros:
Porém não é um mar de rosas, os juros altos beneficiam os “rentistas” mas freiam a atividade empresarial/tomada de risco. Nesse cenário de Selic a dois dígitos o “custo do dinheiro” é maior, assim o mercado penaliza com mais veemência uma má alocação de recursos.
Mas é um trade-off, cabe a nós analisarmos o que é melhor pro nosso bolso e tentarmos nos proteger dessa monstruosa inflação.
E por fim eu sempre digo, juros altos no Brasil são a regra, exceção é o que vivemos alguns meses atrás.
Seja por motivo A ou B o Brasil está voltando ao normal…