Dólar afunda no exterior após dados decepcionantes de emprego nos EUA
Período: 07 a 11 de julho de 2025
Iniciamos mais uma semana no mercado de milho futuro (CCM) com os operadores atentos à forte pressão sazonal da colheita da safrinha no Brasil. O cenário predominante ainda é de baixa, com os preços testando suportes importantes. Para a próxima semana, a dinâmica será um embate entre o peso da oferta entrando no mercado e a busca por um piso de preço, com os olhos voltados também para o clima no hemisfério norte e os dados de demanda.
Análise Fundamentalista: O Peso da Safrinha e o Gargalo da Armazenagem
O fator macro que domina o cenário doméstico é o avanço da colheita da 2ª safra, intensificado por um grave problema estrutural.
- Pressão de Oferta e o Déficit de Armazenagem: Com as máquinas no campo em ritmo acelerado, um volume massivo de milho chega ao mercado. Este ano, o fluxo é agravado pela insuficiência de capacidade de armazenagem. Muitos produtores, sem silos adequados, são forçados a estocar os grãos a céu aberto, em "silos bag" ou em estruturas improvisadas. Essa exposição ao relento cria um risco iminente de perdas por umidade, deterioração e ataque de pragas. Diante do medo de prejuízos ainda maiores, esses produtores sentem uma urgência em se desfazer do grão, aceitando preços mais baixos para garantir a venda. Essa "venda forçada" adiciona uma pressão baixista significativa sobre as cotações no mercado físico, que contamina diretamente os contratos futuros.
- Demanda e Exportação: O contraponto a essa oferta é a demanda. Precisamos monitorar o ritmo das exportações e o interesse de compradores internacionais, que podem ser atraídos pelos preços mais baixos em reais. A cotação do dólar (DOLFUT) será crucial aqui. Uma eventual alta do dólar poderia dar algum suporte aos preços em reais, tornando nosso milho mais competitivo no mercado global. A demanda interna, vinda dos setores de ração animal e etanol de milho, segue aquecida, mas pode não ser suficiente para absorver toda a oferta da colheita no curto prazo.
- Cenário Externo (Chicago - ZC): O clima no Corn Belt americano entra em sua fase mais crítica (polinização). Qualquer notícia de tempo mais seco e quente que o esperado nos EUA pode gerar volatilidade e repiques de alta na Bolsa de Chicago, o que poderia aliviar parte da pressão baixista sobre o CCM. Além disso, o mercado já começa a se posicionar para o importante relatório de oferta e demanda mundial (WASDE) do USDA, que será divulgado nesta semana (geralmente por volta do dia 11). Ele trará novas projeções para a safra americana e os estoques globais, podendo ditar a tendência de médio prazo.
Análise Técnica: Teste de Suportes Cruciais
Do ponto de vista técnico, o gráfico do milho (CCM) segue indicando a força vendedora, mas se aproxima de regiões que podem atrair compradores.
Tendência: A tendência principal permanece de baixa. O ativo opera consistentemente abaixo das médias móveis, que funcionam como resistências dinâmicas a qualquer tentativa de recuperação.
Suportes: O principal ponto de atenção é o fundo recente, na região de R$ 61,00 - R$ 60,50. Este é o suporte a ser defendido pelos compradores. A perda deste patamar confirmaria a continuidade da tendência de baixa, abrindo espaço para buscar níveis de preço psicologicamente importantes, como os R$ 60,00.
Resistências: A primeira resistência significativa se encontra na zona do fundo rompido anteriormente, por volta de R$ 63,50. Uma recuperação mais forte só ganharia tração se o preço conseguisse superar a média móvel curta (em torno de R$ 64,50), o que parece um cenário menos provável para esta semana diante da pressão fundamentalista.
Perspectiva para a Semana
O cenário mais provável para a semana é a continuidade da pressão baixista ou, no mínimo, uma forte volatilidade com teste do suporte na casa dos R$ 61,00. A força da colheita, potencializada pela urgência de venda devido à falta de armazenagem, deve limitar o potencial de qualquer alta mais expressiva.
Cenário de Baixa: Um avanço rápido da colheita sem surpresas na demanda e com clima favorável nos EUA pode levar o CCM a romper o suporte de R$ 61,00.
Cenário de Alta/Alívio: Um repique de preços depende de fatores externos: (1) uma "weather rally" (alta por preocupação climática) em Chicago ou (2) uma alta significativa do dólar. Um relatório do USDA mais otimista que o esperado no final da semana também poderia reverter o humor do mercado.
Fatores para Monitorar:
Ritmo da colheita da safrinha e relatos sobre a capacidade de armazenagem.
Previsão do tempo para o Meio-Oeste americano.
Variação do Dólar (DOLFUT).
Posicionamento do mercado para o relatório WASDE do USDA.
Em resumo, a semana exige cautela. A força vendedora é clara, mas os preços se aproximam de níveis que podem ser considerados atrativos para compradores de médio prazo, aumentando a chance de volatilidade.