Entre as ações de megacapitalização do grupo FAANG, a Netflix (NASDAQ:NFLX) (SA:NFLX34) foi a que mais se desvalorizou no acumulado do ano. A sorte dessa gigante do streaming sediada em Los Gatos, Califórnia, começou a mudar assim que suas ações tocaram a máxima recorde de quase US$692 em meados de novembro, ao ficar claro que o crescimento explosivo do seu número de assinantes durante a pandemia não era sustentável.
Suas ações fecharam o pregão de terça-feira a US$341,76, uma queda de 51% em relação ao pico.
A liquidação nos papéis da Netflix teve início após a divulgação do seu último balanço, com suas ações afundando 20% no dia seguinte à apresentação de projeções de crescimento aquém das expectativas. O enorme êxodo dos investidores de nomes de tecnologia de alto crescimento por causa da alta dos juros nos EUA também contribuiu para toda essa desvalorização e sustentou o ciclo de baixa da NFLX posteriormente.
Mesmo assim, essa drástica queda levanta uma questão importante para investidores de longo prazo: será que a ação está agora sobrevendida?
Efeitos persistentes da Covid
As últimas projeções da empresa mostraram que é pouco provável que haja um crescimento no curto prazo, diante do cenário macro mais desafiador e do acirramento da concorrência. Em sua carta aos acionistas, divulgada após os resultados do 4º tri e de todo o ano de 2021, a Netflix disse que as taxas de crescimento do seu número de assinantes ainda não haviam reacelerado para os níveis pré-Covid.
Entre as razões para isso estavam os “efeitos persistentes da Covid” e as dificuldades econômicas em diversas partes do mundo, inclusive América Latina, onde a desvalorização cambial fez com que os preços das assinaturas ficassem comparativamente maiores.
Em janeiro, a Netflix forneceu uma previsão de aumento de 2,5 milhões no número de assinantes no 4º tri, em comparação com 4 milhões no ano anterior. Naquele momento, a empresa também falhou em atingir suas estimativas de usuários no quarto trimestre, ao adicionar 8,3 milhões de assinantes, em vez de 8,5 milhões, como projetado.
Para piorar a situação, os consumidores passaram a contar com mais opções das maiores fornecedoras mundiais de conteúdo de entretenimento.
A Walt Disney Company (NYSE:DIS), maior concorrente da Netflix, anunciou, na semana passada, que ofereceria uma versão de baixo custo do Disney+, com anúncios publicitários no fim deste ano. O novo serviço começará nos EUA no fim de 2022 e se expandirá internacionalmente no próximo ano. A companhia pretende divulgar os detalhes de preço e cronograma de lançamento posteriormente.
A fraqueza pós-pandemia e a intensificação da concorrência são os dois grandes fatores que têm dividido os analistas em relação à Netflix nas últimas semanas. Em uma pesquisa com 43 analistas feita pelo Investing.com, 20 deles tinham classificação neutra ou de venda para a ação.
Fonte: Investing.com
Mesmo assim, o consenso para 12 meses fornece um potencial de alta de 49,33% para as ações da NFLX.
A intensificação da concorrência, entretanto, está se tornando um “problema maior agora” para a Netflix, disse Tim) Nollen, analista da Macquarie, em uma matéria da Bloomberg, rebaixando a ação para venda. Ele disse que a perspectiva para o número de assinantes era decepcionante e gerava incerteza.
Contudo, muitos analistas estão otimistas e veem valor na castigada ação da Netflix. Em uma nota nesta semana, o Wells Fargo (NYSE:WFC) (SA:WFCO34) manteve sua classificação de “acima da média”, dizendo que os investidores precisavam ser pacientes com o crescimento do número de assinantes da companhia. A nota disse ainda:
“O desafio da NFLX é ancorar as expectativas de adições líquidas. Esse mergulho profundo na conectividade global e penetração de assinantes sugere que as adições líquidas no longo prazo provavelmente alcancem 20 milhões ou mais. Se isso se confirmar, as ações têm sustentação, haja vista que as estimativas de LPA tendem a subir”.
Stifel, em uma nota emitida na semana passada, também reiterou sua recomendação de compra na gigante do entretenimento e disse que vê uma atraente relação de risco-retorno. A nota disse o seguinte:
“A Netflix possui mais de 200 milhões de assinantes totais no mundo. Nossa expectativa é que a empresa adicione cerca de 100 milhões de assinantes a mais nos próximos cinco anos e alcance cerca de 380 milhões de assinantes pagos em 2030. O aumento constante dos investimentos em conteúdo, aliado ao crescimento da base de assinantes, deve impulsionar continuamente o progresso da margem operacional.”
Conclusão
Pode ser que a Netflix caia mais no atual ambiente de mercado, em vista dos riscos crescentes. Mas, depois da sua enorme liquidação, sua ação não está mais sobreprecificada. Ao contrário, seus papéis agora refletem a queda discutida acima. Em nossa visão, os níveis atuais da NFLX oferecem uma boa oportunidade de compra para investidores de longo prazo.