Entre janeiro e março deste ano, a média mensal ponderada do arroz em casca no Rio Grande do Sul, representada pelo Indicador CEPEA/IRGA-RS (58% de grãos inteiros, com pagamento à vista), recuou 6,13%, passando de R$ 91,36/saca de 50 kg para R$ 85,75/sc no último mês. Especificamente entre fevereiro e março, a queda foi de 1,69%. Historicamente, o movimento é de baixa no primeiro trimestre do ano, devido ao período de colheita nas principais regiões produtoras do Mercosul. Do lado da demanda, a preferência num primeiro momento é pelo cereal verde, em detrimento ao seco (com rendimento definido), devido a contratos com produtores. Ao assumir os custos com a atividade de secagem, há condições de preços mais atrativos e ganho de tempo nos procedimentos. Apesar da queda, a média do Indicador CEPEA/IRGA-RS no primeiro trimestre de 2023, de R$ 88,11/sc, é a segunda maior já vista para o período – atrás apenas da registrada nos primeiros três meses de 2021 (de R$ 88,20/sc) – vale lembrar que a série do Cepea se iniciou em 2005. Este cenário está em linha com a expectativa do setor, de que os preços seguissem firmes, fundamentado na menor oferta prevista para a atual temporada.
Além da menor disponibilidade, a resistência de produtores em flexibilizar os preços de negociação da matéria-prima – visto que têm expectativa de negociações volumosas com atacadistas/varejistas – limitou a desvalorização de fevereiro para março. Segundo colaboradores do Cepea, espera-se que produtores se voltem às vendas da matéria-prima após contabilizarem oficialmente os dados da atual temporada – a colheita deve se estender até meados de maio. Dentre as microrregiões que compõem o Indicador CEPEA/IRGARS, o cenário também foi baixista. A Fronteira Oeste apresentou recuo de 2,17% entre um mês e outro, com média de R$ 84,49/sc em março, a queda mais significativa dentre as microrregiões. A Planície Costeira Interna apontou diminuição de 2,03%, a R$ 87,64/sc. Na Campanha, Planície Costeira Externa, Zona Sul e Depressão Central, as baixas foram de 1,90%, 1,52%, 1,22% e de 0,99%, a R$ 82,59/sc, R$ 88,10/sc, R$ 88,76/sc e R$ 83,10/sc em março, na mesma ordem. Para as demais faixas de rendimento acompanhadas pelo Cepea, o preço médio do produto com 50% a 57% de grãos inteiros no Rio Grande do Sul registrou baixa de 1,87% entre fev/23 e mar/23, encerrando a R$ 83,23/sc de 50 kg no último mês. Para os grãos com 59% a 62% de inteiros, o recuo foi de 1,57%, a R$ 86,21/sc. Quanto ao de 63% a 65% de grãos inteiros, o valor registrou decréscimo de 1,74% na mesma comparação, a R$ 87,00/sc.
CAMPO –Dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) apontam que, até o dia 29 de março, 53,27% das lavouras implantadas no RS já haviam sido retiradas do campo, contra 40% na semana anterior. Regionalmente, na Fronteira Oeste, os trabalhos estão mais adiantados, com 63,99% da área colhida. Em seguida estão: Campanha (62,80%), Planície Costeira Externa (57,02%), Depressão Central (39,59%), Planície Costeira Interna (47,47%) e Zona Sul (38,98%). Em relação à produtividade, de acordo com o levantamento do Irga, a média na Fronteira Oeste está em 8,87 toneladas/hectare. Para a Campanha, a estimativa é de 8,82 t/ha, Planície Costeira Externa (8,31 t/ha), Depressão Central (8,67 t/ha), Planície Costeira Interna (9,04 t/ha) e Zona Sul (9,49 t/ha). Em termos estaduais, a produtividade média para o Rio Grande do Sul, até o momento, está em 8,87 toneladas/hectare.
