Em março, houve poucas variações nos preços do arroz em casca, e cada microrregião do Rio Grande do Sul apresentou características singulares de oferta e demanda, com diferentes interesses dentre os agentes, e o ritmo de negócios foi lento. Isso é resultado da proximidade da intensificação da colheita 2020/21, quando os valores regionais começam a se ajustar em relação ao Indicador ESALQ/SENAR-RS, 58% grãos inteiros (média ponderada e pagamento à vista), que subiu apenas 0,08% no correr de março, encerrando a R$ 86,99/sc de 50 kg no dia 31. Regiões que haviam registrado maior distanciamento de preços frente à média do Rio Grande do Sul (ponderada pelo Indicador) no correr de março passaram a apresentar certa aproximação no final do mês. É o caso da Zona Sul, que registrou diferença de apenas 2 centavos por saca de 50 kg no dia 25 de março, a menor desde o dia 20 de novembro de 2020 (quando era de apenas 1 centavo/sc), e da Fronteira Oeste, cuja média se igualou ao Indicador no dia 22.
Este movimento foi resultado da demanda um pouco mais ativa para exportação de arroz em casca na Zona Sul, onde está localizado o porto de Rio Grande. Agentes consultados pelo Cepea apontam que a Fronteira Oeste aumentou o interesse nas transações internacionais, devido ao bom percentual de área colhida – um dos maiores do estado até o fim de março. Entretanto, nem mesmo a valorização do dólar frente ao Real incentivou embarques volumosos, segundo colaboradores do Cepea. Com orizicultores restringindo a oferta de arroz em casca no Rio Grande do Sul ao longo de março, compradores reportaram dificuldades em adquirir o cereal. Este cenário levou demandantes locais e de outros estados a pagarem preços similares por grãos de diferentes tipos e qualidade, buscando atender às necessidades e preferências das unidades beneficiadoras.
A demanda seguiu firme durante boa parte do mês, mas nem todas as empresas precisaram repor seus estoques com urgência. Por outro lado, uma parcela das indústrias esteve preocupada com o repasse das valorizações da matéria-prima para o produto acabado e, em alguns casos, passou a ofertar preços mais baixos para a compra – este cenário foi verificado pontualmente em algumas microrregiões e apenas na última semana de março. Regionalmente, em março, houve expressivo aumento de 3,62% nos preços médios da Planície Costeira Externa (com média de R$ 91,16/sc na quarta-feira, 31). Na Planície Costeira Interna, a valorização foi de 1,62%, a R$ 89,20/sc. Na Fronteira Oeste, a alta foi de 0,68%, a R$ 86,83/sc. Já na Campanha, Zona Sul e Depressão Central, os valores caíram 2,19%, 1,82% e 0,73% no mesmo período, respectivamente, a R$ 84,22/sc e R$ 86,48/sc e R$ 85,15/sc no dia 31.
CAMPO – No Rio Grande do Sul, a colheita da temporada 2020/21 alcançou 56% da área total, de acordo com dados do Instituo Rio Grandense do Arroz (Irga) divulgados em 1° de abril. Quanto aos demais estados produtores, dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que, até 26 de março, a colheita estava em 63,9% em Goiás, 60% no Tocantins, 9,3% em Mato Grosso e 2% no Maranhão. Especificamente em Santa Catarina, dados da Epagri/Cepa apontam que, até março, 39% das lavouras de arroz já haviam sido colhidas. Da área que está em campo, 90% apresentam condições boas, e os outros 10%, médias. Em função do excesso de chuvas, um elevado volume de arroz maduro e o brotamento na panícula em algumas regiões do estado têm sido registrados, o que tende a reduzir produtividade e a qualidade dos grãos.