Publicado originalmente em inglês em 03/02/2021
A Opep+ quebrou um recorde na quarta-feira, 2 de fevereiro, ao realizar sua reunião mais curta de todos os tempos.
Em apenas 16 minutos, o grupo revisou os relatórios técnicos sobre o estado do mercado petrolífero e votou de forma unânime por prosseguir com o aumento de 400.000 barris por dia (bpd) em sua cota de produção a partir de março.
Se os membros da Opep e seus aliados externos, de fato, atingirem suas metas de produção, o grupo injetaria no mercado 41,294 milhões de barris por dia (mbpd) no mês que vem. (Esse total exclui a produção da Venezuela, Irã e Líbia, que atualmente estão isentos de restrições).
No entanto, tudo indica que a oferta da Opep+ não conseguirá atingir essa máxima em março, haja vista que o grupo vem produzindo menos do que suas cotas permitem há pelo menos um ano.
Lacunas existentes na produção
Neste mesmo período do ano passado, a baixa produção deveu-se, em grande medida, à decisão da Arábia Saudita de cortar voluntariamente o volume extra de 1 mpbd da sua oferta. No entanto, entre maio e julho de 2021, o país árabe encerrou seus cortes voluntários e aumentou sua produção e exportações. Os dados de julho de 2021 da Platts evidenciam que a Arábia Saudita produziu 9,48 mbpd naquele mês, um pouco abaixo da sua cota designada
Em 18 de julho, a Opep+ concordou com um plano de aumentar mensalmente suas cotas de produção em 400.000 bpd a partir de agosto de 2021 até setembro de 2022. (Aparentemente a Opep+ não conseguiu aumentar a oferta em 400.000 bpd em setembro de 2021, mantendo naquele mês sua cota de agosto de 2021).
Entre agosto e dezembro de 2021, a Opep+ ficou aquém da oferta prevista com uma média de 610.200 bpd. Em dezembro, a lacuna atingiu 1,121 mbdp, mesmo com o cartel aumentando sua produção geral em 310.000 bpd. Os problemas de extração parecem provir principalmente da Nigéria, Angola e Malásia, e não dos megaprodutores Arábia Saudita e Rússia.
Em vista dessas lacunas entre as cotas da Opep e sua produção concreta, os investidores estão questionando, e com razão, se as elevações de oferta anunciadas pelo cartel significam alguma coisa para o mercado. Apesar de o grupo ter concordado em elevar novamente suas cotas a partir de março, os preços do petróleo subiram imediatamente após o anúncio da decisão.
O barril de Brent ultrapassou a marca de US$90 e o de WTI atingiu US$89, embora ambas as referências do petróleo tenham recuado posteriormente. Pode ser que os traders esperassem um aumento maior, ainda que não houvesse qualquer indicativo de que tal pudesse ser o caso.
A impressão do mercado é que a Rússia enfrentará dificuldades para manter seus aumentos de oferta nos próximos meses, mesmo o país tendo ficado dentro da sua parcela de 100.000 bpd nos últimos meses. Cabe ressaltar ainda que nenhuma evidência veio à luz mostrando que a Rússia será incapaz de atingir sua meta de produção.
Não podemos nos esquecer de que, com o passar do inverno, fica mais fácil produzir na Sibéria. Ao mesmo tempo, as autoridades russas demonstram otimismo com sua produção. De acordo com o vice-primeiro-ministro Alexander Novak, o país aumentará sua oferta para 90% do seu nível pré-pandemia em março.
Os investidores acompanharão de perto para ver se a Rússia cumpre essa intenção, na medida em que as tensões na Ucrânia e possíveis sanções nos EUA podem impactar as exportações de energia da Rússia, o que está alçando os preços, independente dos níveis de oferta e demanda.