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As Projeções Atuais Precisam Precificar Melhor o Dólar para 2015

Publicado 05.01.2015, 07:02

Qualquer que seja o enfoque sobre a situação macroeconômica do Brasil se concluirá que provavelmente estejamos no “fundo do poço”, e o “provavelmente” demonstra a insegurança ante um quadro de ampla deterioração de indicadores que, repetitivamente, não encontra limites para pioras e agravamentos, indo sempre além do que era previsto e considerado.

É generalizada e consensual a visão prospectiva de que o desafio para o “novo” governo e sua equipe econômica remodelada em relação ao “velho” governo, ambos sob o comando maior da mesma dirigente, será enorme, desafiador e que em muitos pontos dos anseios será “necessário ver para crer” face ao antagonismo frente condutas absolutamente dispares praticadas até recentemente.

A nova postura de gestão inevitavelmente será desgastante e não há certezas de que os resultados almejados serão alcançados.

Economia não é ciência exata e desta forma a teoria pode não se consolidar na prática, até porque há inúmeros fatores internos e externos de forte influência no trajeto, absolutamente incontroláveis pelo governo.

Evidentemente que o rigor fiscal precisará ser extremo e isto provocará relutâncias naturais dentro do próprio governo, visto que provocará desgastes e reclamos da própria base de sustentação política e de enorme parcela da população.

O Brasil, mas também grande parte de sua população, deverá enfrentar severa “dieta” para recompor seus gastos à compatibilidade com suas receitas, num duro retroagir à realidade, e isto pode até acabar em impactos altamente negativos na economia.

Mas o que nos chama atenção é que ocorre a centralização das análises e projeções focando o ambiente interno, havendo mesmo uma ausência de abordagens maiores focando o nosso setor externo, que acreditamos relevante e que pode acarretar inúmeros problemas às boas intenções dos gestores, face às perspectivas bastante desfavoráveis.

O Brasil é inquestionavelmente um país frágil no contexto do mercado internacional, embora o governo tenha sempre utilizado o “escudo” de que temos reservas cambiais de R$ 373,4 Bi, além de alguns outros fatores mais próximos do visionário.

A crise recente da Rússia, que depois de ter “controlado o incêndio” em torno do rublo com queima de reservas efetivas em dólares, ainda tem mais reservas cambiais do que o Brasil e sabidamente também integrante do rol de países frágeis, deve ser considerada pelo Brasil quando utiliza o escudo das reservas cambiais, que, em realidade, já vem sendo indelevelmente comprometida.

Há um endividamento externo elevado do setor privado e que tem sido foco de observações constantes nas avaliações sobre o Brasil, sugerindo preocupações e necessidade de redução.

Certamente com a atratividade em baixa o país receberá volume menor de IED´s e parte substantiva dos ingressos havidos de empréstimos “intercompanies”, assim considerados estatisticamente, tendem a ser retornados ao exterior, assim como os empréstimos tomados por nacionais poderão não ser rolados dado o agravamento do conceito de risco do país e a elevação dos custos.

A tendência sugere ingressos líquidos neste contexto em volumes substancialmente menores, havendo mesmo grande possibilidade de se revelarem negativos.

Os investimentos em renda fixa e renda variável tendem a ser menos intensos, com o fator risco ganhando força nas decisões dos investidores estrangeiros. Preços baixos das ações e rendimento elevado de renda fixa poderão não prevalecer como determinantes nas decisões, visto que o país além de seu “status quo” deteriorado tem sofrido desgastes relevantes face problemas de corrupção.

Os preços das “commodities” revelam forte tendência de manutenção do viés de baixa, o que atinge fortemente o Brasil por ter se tornado um país praticamente colonial nas exportações, levado pela demanda chinesa, agora cadente, e o “boom” que elevou sobejamente os preços internacionais, conduzindo o país ao equivoco que causou a desindustrialização do país. Não se pode esperar muito da balança comercial, pois mesmo com o preço do dólar mais elevado a relação causa-efeito na recuperação da indústria exportadora é lenta e requer investimentos.

Há um notório quadro de tendência a retração de ingressos de recursos externos e ampla possibilidade de saída de recursos em direção aos Estados Unidos e outras economias emergentes mais atraentes, já que o “gigante americano está se pondo de pé”, com um PIB anualizado até o 3º trimestre de 5%, o que pode determinar antes do imaginado a elevação do juro no mercado americano.

Temos para 2015 perspectivas para o setor externo agravadas em relação a 2014, e este é um fator relevante, pois será refletido no preço da moeda americana no nosso mercado de câmbio, e as repercussões impactantes nos preços relativos da nossa economia poderão determinar efeitos que não vem sendo considerados nas projeções.

O governo terá o desafio de buscar fazer os ajustes na economia num ambiente de atividade econômica desaquecida e com base de apoio político relativamente fragmentado, mas não pode perder o foco de que terá que conviver ao mesmo tempo com um cenário externo que tende a piorar para os emergentes, com o dólar em franco fortalecimento face à recuperação dos Estados Unidos, acentuada queda dos preços das commodities, volatilidade no mercado financeiro e nos fluxos financeiros.

Não dá para ter um olhar secundário a respeito da relevância do setor externo brasileiro, que poderá eclodir como fator muito preocupante no momento em que o país estará enfrentando o desafio da superação.

Em 2014 o dólar valorizou-se 13% frente ao real, atenuada pela queda na ultima rodada do ano, sendo razoável admitir-se que andou por volta de 15%, num ambiente melhor do que se propaga para 2015.

Os bancos até o dia 26 registravam posições vendidas (vendas a descoberto lastreadas em linhas de financiamentos em moeda estrangeira) de US$ 24,8 Bi, gerando liquidez no mercado à vista tarefa que deveria estar sendo realizada diretamente pelo BC com utilização das reservas cambiais. Este montante representa 6,63% das reservas cambiais.

O fluxo cambial do mês de dezembro até o dia 26 está negativo em US$ 10,797 Bi, bastante elevado. No ano até o último dia 26 está negativo em US$ 6,0 Bi resultante de comercial positivo em US$ 4,1 Bi e financeiro negativo em US$ 10,1 Bi. Importante também destacar que a balança comercial ronda os US$ 5,0 Bi negativos.

O BC tem colocado no mercado futuro para ancorar a credibilidade que falta à moeda nacional algo em torno de US$ 109,0 Bi de instrumentos financeiros denominados “swaps cambiais” e com isto evitou uma elevação mais severa do preço da moeda americana. Estes instrumentos nominados em US$ que envolvem troca de taxa de dólar por juros são liquidáveis por diferença em reais nos seus vencimentos.

A rigor a aceitabilidade destes instrumentos como “hedge” se sustenta no fato do país ter reservas cambiais de US$ 373,4 Bi, e já representam 29,20% do montante das mesmas.

O BC, após hesitações, resolveu dar sequência ao programa de oferta diária de US$ 100,0 M destes instrumentos financeiros, pelo menos até o 1º trimestre de 2015. Tecnicamente em câmbio o pré-anúncio de ações intervencionistas não é recomendada, mas entendemos que o BC assim tem agido procurando mitigar os riscos de elevação brusca nos preços da moeda americana ante a incerteza de disponibilização de “hedge”, tendo em vista que ainda perdura a fragilidade da moeda nacional.

A continuidade até março próximo, acreditamos, é meramente formal, pois não há como recuperar-se fluxo cambial intenso e sustentável e nem a credibilidade na moeda nacional até lá, havendo, isto sim, ampla possibilidade adversa.

Então, ainda que com uma observação rápida dos fatores de influência na formação do preço da moeda americana no nosso mercado, não podemos considerar crível uma projeção de preço em R$ 2,80 para 2015.

Consideramos uma projeção de preço em torno de R$ 3,20 para 2015, muito mais compatível com as perspectivas para o setor externo. Provavelmente no transcurso do 1º trimestre a taxa de R$ 2,80 já tenha sido atingida com naturalidade de forma sustentada.

O alinhamento dos preços relativos da economia neste cenário deve impactar forte na pressão inflacionária e exigir mais juros. Ao não focar com rigor o setor externo os analistas econômicos podem estar cometendo um erro grave nas projeções do preço do dólar para 2015, e assim também não estar considerando os naturais “efeitos colaterais”.

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