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As incertezas em torno da política monetária no Brasil podem diminuir nesta semana, com as divulgações da ata da última reunião de política do Comitê de Política Monetária (Copom) na terça-feira (6) pelo Banco Central (Bacen) e da inflação ao consumidor (IPCA) pelo IBGE na sexta-feira (9). A diminuição da incerteza deve ficar na interpretação do Copom em relação às variáveis internas que impactam na inflação, pois a narrativa no exterior de trajetória da economia dos EUA teve mudanças na semana passada, de um pouso suave para uma aterrissagem forçada com maior risco de recessão.
A ata do Copom provavelmente terá um tom mais duro do que o comunicado da reunião que manteve a taxa Selic em 10,5% na última quarta-feira (31). O investidor deve se perguntar ao lê-la: há elementos suficientes para que o Copom eleve a taxa Selic em setembro ou até o fim de 2024?
Apesar de o comunicado ter sido duro, muitos analistas do mercado a consideraram dovish porque não deixou explícita a possibilidade de alta de juros diante da deterioração da expectativa de inflação e a curva de juros apresentar probabilidade de alta. Mas, a inclusão de novos trechos, que apontam os motivos de projeções piores na inflação, é o suficiente para que o Copom esteja comprometido com a perseguição do centro da meta de 3% ao ano, com a possibilidade da ata satisfazer os desapontados com o comunicado, especialmente na explicação em relação à "necessidade de maior vigilância" e "expectativas desancoradas demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela".
O Copom precisa, por isso, explicar na ata os motivos da classificação de simétrico do balanço de risco mesmo com mais fatores para a alta da inflação. Os novos trechos inseridos no comunicado podem provavelmente trazer uma interpretação mais dura sobre a atividade econômica e mercado de trabalho mais dinâmico do que o esperado, o desequilíbrio fiscal com projeção de déficit primário acima do piso da meta fiscal e a valorização do dólar, que acabam levando à piora das projeções de inflação para 2024 e 2025 com a deterioração das expectativas.
A alta do dólar, inclusive refletida na taxa de câmbio do cenário de referência, que passou de R$ 5,30 para R$ 5,55, pode ter uma avaliação especial, já que este foi o novo fator no balanço de risco para a elevação da inflação. Além de ser reflexo da desconfiança do mercado em relação a uma política fiscal que deixa de equilibrar uma trajetória sustentável da dívida, a valorização da moeda americana deve receber uma interpretação do Copom de como ela é impactada pela menor sincronia entre as políticas monetárias dos principais Bancos Centrais de economias desenvolvidas, com o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) prestes a iniciar um ciclo de corte de juros e o Banco do Japão recém inaugurou uma trajetória ascendente de sua taxa básica.
A elevação da taxa de juros no Japão acabou levando à desvalorização do real devido ao encerramento de operações de carry trade por investidores estrangeiros, que aproveitavam os juros baixos na economia asiática para aplicar em países, como o Brasil, onde os juros são maiores. Com a alta de juros no Japão, as operações passam a ter prejuízo e, com isso, são encerradas, impactando na cotação do dólar ante o real. Inclusive, cresce o número de analistas e economistas que apontam o fim dos estímulos monetários do Japão como um dos fatores relevantes para a liquidação nos índices de Wall Street, com o índice VIX, que mensura a volatilidade e é termômetro de pessimismo no mercado, ter disparado 42,71% na semana passada, principalmente na quinta e sexta-feira.
Por isso, a leitura da ata da reunião de política monetária, realizada também na última quarta pelo Banco do Japão, mostrará como os dirigentes japoneses avaliam o atual novo ciclo de alta de juros para o controle da inflação no país. A ata será divulgada neste domingo, 4, à noite (horário de Brasília).
Em relação aos EUA, a divulgação hoje (5) do PMI ISM Não-Manufatura de julho passa a ser primordial para verificar se a narrativa de pouso forçado com maior risco de recessão se confirma de vez. O número do PMI ISM Industrial divulgado quinta-feira (1) veio muito abaixo do projetado pelo mercado, indicando uma forte contração, o que deu impulso, junto com o número de pedidos iniciais por seguro-desemprego acima do projetado, à tese de recessão. O payroll na sexta-feira reforçou esse entendimento, com a criação líquida de empregos não-agrícolas vindo bem abaixo do consenso e a elevação na taxa de desemprego acima das projeções.
Mesmo com o Fed indicando que deve iniciar o corte de juros na próxima reunião, com um recuo de 25 pontos-base em setembro, sob a condição dos próximos de inflação confirmarem o encaminhamento para a meta de 2% ao ano com a desaceleração do mercado de trabalho, os números ruins na quinta e sexta levaram ao ganho de força nas apostas de que o Fed seja agressivo no início dos cortes, em meio ponto percentual.