Nesta semana, os balanços dos maiores bancos de Wall Street mostraram que o aumento das pressões de custo provavelmente prejudicará suas margens em 2022, diminuindo as esperanças de mais um sólido ano para suas ações.
Os investidores passaram a vender ações bancárias diante de sinais de que as potências financeiras de Wall Street, cujas receitas atingiram níveis recordes, começaram a perder o fôlego. O JPMorgan Chase (NYSE:JPM) (SA:JPMC34) disse aos investidores, na semana passada, que custos com a folha de pagamento, entre outros, tiveram um salto no quarto trimestre.
As despesas da maior instituição financeira dos EUA subiram 11% em relação ao mesmo período do ano passado, e sua expectativa é registrar outro crescimento de cerca de US$77 bilhões neste ano, um aumento de 8,6%. Resultados aquém das expectativas na unidade de trading exerceram mais pressão sobre seus papéis, que caíram cerca de 6,5% nos últimos cinco pregões.
Citando a inflação e a quantia que o JPMorgan pretende gastar com investimentos, os executivos disseram que o banco deve “registrar alguns anos de retornos abaixo da meta”.
O Goldman Sachs (NYSE:GS) (SA:GSGI34) disse, na terça-feira, que gastou US$4,4 bilhões a mais com remunerações em comparação com o ano passado, o que fez com que o banco registrasse seu único declínio trimestral nos lucros do ano. O Citigroup (NYSE:C) (SA:CTGP34) também gastou mais com salários no último trimestre do ano, o que provocou um declínio de 26% em seu lucro. As despesas com salários durante todo o ano no Morgan Stanley (NYSE:MS) (SA:MSBR34) subiram 18% para US$24,6 bilhões.
Os bancos elevaram salários de executivos juniores em Wall Street em 2021, e as empresas também estão pagando mais para manter seus executivos de nível sênior.
Ações bancárias sob pressão
As ações de empresas do setor bancário dispararam no ano passado e neste ano, diante de sinais de que o Federal Reserve poderia começar a subir os juros em breve, um movimento que melhora as margens dos produtos de crédito.
O que aumentou o otimismo com o setor foi a expectativa de crescimento da concessão de crédito, segmento que ficou praticamente estagnado nos últimos dois anos nos EUA.
Mas, após a última temporada de balanços, tudo indica que os bancos também estão enfrentando pressões de custo, tendência que deve continuar colocando em xeque o crescimento dos seus resultados.
O índice KBW Bank de grandes instituições financeiras já devolveu quase metade dos seus ganhos deste ano, com os investidores evitando aumentar sua exposição a um dos segmentos mais quentes do mercado, onde os valuations atingiram níveis muito elevados.
Projeções futuras
Apesar da recente liquidação, não acreditamos que os bancos serão um investimento ruim para os investidores ao longo de 2022. A oferta de crédito está crescendo em ritmo mais acelerado do que os analistas inicialmente projetavam.
Dados do Federal Reserve, compilados pela Bloomberg, mostram que os empréstimos dos 25 maiores bancos americanos aumentaram 3,5% no fim de dezembro em relação ao mesmo período do ano anterior. Trata-se de uma significativa melhora em relação ao 3º tri, quando a mesma comparação ficou estável.
A rápida disseminação da ômicron deve desacelerar essa expansão, mas tudo indica que a economia americana voltará a crescer, e as infecções cairão com a mesma rapidez com que dispararam, de acordo com as últimas evidências de países que registraram primeiro a mais recente onda.
Além disso, os bancos estão em boas condições de ganhar “dinheiro fácil” quando os juros começarem a subir, sem precisar aumentar suas despesas. O Bank of America (NYSE:BAC) (SA:BOAC34), por exemplo, espera registrar US$6,5 bilhões em receita líquida de crédito nos próximos 12 meses com 1% de aumento nos juros ao longo da curva, de acordo com uma reportagem do Wall Street Journal.
Conclusão
Os últimos balanços dos maiores bancos americanos ofereceram resultados mistos para os investidores. Embora algumas instituições tiveram seus resultados pressionados por aumentos de custos, outras se beneficiaram das maiores receitas dos seus bancos de investimento. De modo geral, o ambiente continua favorável para as instituições financeiras, sobretudo porque o Federal Reserve deve começar a subir os juros, além de sinais de que as pessoas e empresas estão dispostas a tomar mais empréstimos.