O ano de 2019 deve ser lembrado por muito tempo pela pecuária nacional. Segundo pesquisadores do Cepea, depois de atravessarem o primeiro semestre registrando pequenas oscilações, os preços do boi gordo e da carne passaram a subir no início do segundo semestre, sendo alavancados em novembro, quando atingiram recordes reais. Já em dezembro, os valores se enfraqueceram, mas, ainda assim, encerraram o ano em patamares elevados. Pesquisadores do Cepea indicam que, ao longo do período, ficou evidente ao setor a importância da atuação no front externo e nos nichos de mercado. Novas plantas frigoríficas foram habilitadas para exportar a carne à China, principal destino do produto brasileiro. Segundo dados da Secex, as exportações de carne estiveram acima das 100 mil toneladas o ano inteiro, atingindo recordes de volume e de receita. Com a procura doméstica ainda fragilizada na maior parte do ano devido ao baixo poder de compra da população, as exportações acabaram ajudando a escoar a produção e a sustentar os valores internos da arroba e da carne.
FRANGO: CUSTO ELEVADO DO INSUMO EM 2019 LIMITA BONS RESULTADOS DO SETOR
De acordo com pesquisas do Cepea, o setor avícola brasileiro teve um ano melhor que 2018, quando, vale lembrar, enfrentou custos altos, exportações limitadas e consequente baixos preços do animal e da carne. Em 2019, as exportações até estiveram firmes, mas ainda ficaram aquém do esperado por agentes consultados pelo Cepea. Por isso, foi a demanda interna que acabou sustentando os preços ao longo do ano, especialmente nos últimos meses, período em que os elevados valores da carne bovina aqueceram a demanda por outras proteínas, como a avícola. Os resultados do setor, no entanto, foram limitados pelas altas cotações dos principais insumos da atividade avícola – milho e farelo de soja –, especialmente no segundo semestre de 2019. Diante disso, em dezembro, o produtor de São Paulo acumulava oito meses consecutivos de redução no poder de compra frente ao farelo e quatro meses em relação ao milho.
SUÍNOS: FORTE DEMANDA LEVA A PREÇOS RECORDES EM 2019
As fortes demandas externa e doméstica impulsionaram as cotações dos produtos da cadeia suinícola neste ano, levando a recordes nominais da série do Cepea. Casos de Peste Suína Africana (PSA) registrados na Ásia reduziram a oferta mundial da proteína, elevando a procura pela carne brasileira. Nos últimos meses de 2019, segundo pesquisadores do Cepea, a maior procura no mercado doméstico foi estimulada pela típica elevação das compras por parte de atacadistas, que formam estoques no final do ano. Além disso, o preço recorde da principal carne concorrente, a carcaça casada bovina, levou consumidores a migrarem para outras fontes de proteína com valores mais competitivos, como a carne suína.
OVOS: ANO COMEÇA COM PREÇO EM QUEDA, MAS DEMANDA INVERTE CENÁRIO
De acordo com dados do Cepea, os preços dos ovos iniciaram 2019 em baixa, devido à maior oferta do produto, típica de início de ano, e à menor demanda nessa época, por causa das férias escolares. Porém, as cotações voltaram a se recuperar no correr de 2019, encerrando dezembro em alta, devido à valorização das principais carnes consumidas pelos brasileiros (bovina, suína e de frango), o que aumentou o consumo de ovos. Em relação às exportações, estiveram aquém do esperado pelo setor. De acordo com a Secex, foram embarcadas 4,6 mil toneladas da proteína neste ano, volume 29,5% abaixo do registrado em 2018. Em termos de receita, o recuo (24,8%) foi menos intenso, devido ao alto patamar do dólar frente ao Real, que resultou numa receita de R$ 18 milhões.