Os preços do bezerro seguiram em forte movimento de alta no mercado brasileiro ao longo de março, renovando os recordes reais da série histórica do Cepea para esse produto. No final do mês, esses animais de reposição (nelore, de 8 a 12 meses) passaram a ser negociados acima de R$ 3 mil por cabeça em muitas regiões acompanhadas pelo Cepea. Esse cenário se deve à oferta de bezerro abaixo da demanda por novos lotes de reposição. Neste caso, vale lembrar que, em 2020, o abate de vacas foi o menor desde 2003, o que indica que pecuaristas têm segurado as fêmeas, visando recuperar a oferta de bezerros. Do lado da demanda, a elevada procura de frigoríficos por novos lotes de boi gordo para abate – especialmente para atender a exportação – mantiveram pecuaristas terminadores ativos nas aquisições de novos lotes de bezerro e de boi magro.
Aqui ressalta-se que o comportamento dos preços dos animais de reposição e também dos grãos nestes primeiros meses de 2021 mostram que este ano deve ser novamente desafiador a terminadores. Para buscar uma margem positiva, pecuaristas precisam, além de avaliar com cautela o movimento dos valores dos insumos, usar de modo eficaz ferramentas de gestão de seus custos de produção. Dentre os produtos da cadeia pecuária nacional acompanhados pelo Cepea, o bezerro é o que registrou a valorização mais intensa no acumulado de março. No mês, o Indicador do bezerro ESALQ/BM&FBovespa (Mato Grosso do Sul) avançou expressivos 8,63%, enquanto o do boi gordo para abate (Indicador CEPEA/B3, mercado paulista) subiu 4,17%. No caso da carne negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo, a valorização da carcaça casada do boi foi de 3,77%. O mesmo contexto é visto quando a comparação é anual. De março/20 para março/21, o bezerro se valoriza 27%, em termos reais, ao passo que o boi gordo avança 20,7%, e a carne, 10,3%. Ainda que o boi gordo e a carne tenham se valorizado com menos intensidade que o bezerro, os preços de março também foram recordes reais das respectivas séries do Cepea. Em março, o boi gordo foi comercializado no mercado paulista acima de R$ 315, e a carcaça casada no atacado, na casa dos R$ 20/kg.
EXPORTAÇÕES – Segundo dados da Secex, o Brasil embarcou 133,8 mil toneladas de carne bovina in natura em março, 31% a mais que no mês anterior e 6,26% acima do volume de março de 2020. Diante disso, as exportações brasileiras da proteína voltam a ficar próximas das quantidades observadas no final de 2020 – vale lembrar que, em janeiro e fevereiro de 2021, as vendas somaram pouco mais de 107 mil toneladas e 102 mil toneladas, respectivamente, ainda de acordo com dados da Secex. A China seguiu sendo o principal destino da carne brasileira, e o dólar elevado continuou favorecendo as receitas em Reais de frigoríficos brasileiros.