Os preços do boi gordo oscilaram ao longo de maio, mas o movimento predominante no mês foi de queda. No acumulado do período (entre 29 de abril e 31 de maio), o Indicador CEPEA/B3 (estado de São Paulo) recuou 4%, fechando a 321,40 no dia 31. A pressão veio do crescimento na oferta de boi, como típico neste período do ano, quando as pastagens começam a se deteriorar e o pecuarista acaba disponibilizando os animais para abate, visando evitar gastos com suplementação – ressalta-se que os custos com a alimentação pecuária estão bastante elevados. Além disso, a demanda doméstica fraca também reforçou o movimento de queda nos preços do boi gordo neste mês. Com a inflação alta, o poder de compra da população brasileira está fragilizado, e demandantes buscam proteínas mais baratas, como ovos e frango, em detrimento da carne bovina. Neste cenário, as vendas de carne no mercado atacadista estiveram tão lentas, que a carcaça casada do boi se desvalorizou 6,3% no acumulado de maio. Trata-se da maior baixa no acumulado de um mês, desde janeiro de 2020, quando a retração foi de 8,16%.
Considerando-se as médias mensais, a do boi gordo (Indicador CEPEA/B3) foi de R$ 323,10 em maio, queda de 3,6% frente à do mês anterior e de 5,21% em relação à de maio do ano passado, em termos reais (as médias foram deflacionadas pelo IGP-DI). Para a carne (carcaça casada do boi, no mercado atacadista), a média do mês foi de R$ 20,86/kg (ou de R$ 312,90/@), com recuos de 2,9% na comparação mensal e de 4,62% na anual, também em termos reais. Diante disso, em maio, a diferença entre os preços da arroba do boi gordo e da carne foi de 10,2 Reais/arroba, com vantagem para o animal para abate. Esta é a menor diferença desde novembro de 2021 e evidencia a pressão sobre os valores da carne.
ABATE – A aquecida demanda internacional pela carne bovina brasileira e o – consequente – elevado patamar de preço do boi gordo observados nos últimos anos têm levado pecuaristas a realizarem investimentos no setor. E os resultados começam a ser observados. Segundo dados preliminares do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no primeiro trimestre de 2022, foram abatidos no Brasil 6,907 milhões de animais, 4,73% a mais que em 2021. Já frente ao mesmo período de 2020, observa-se baixa no volume abatido, de 5,07%. O movimento no primeiro trimestre de 2022 pode ser considerado uma recuperação. Vale lembrar que, de janeiro a março de 2021, o volume de animais abatidos no Brasil somou apenas 6,595 milhões de cabeças, a menor quantidade para um primeiro trimestre desde 2009, ainda de acordo com dados do IBGE. Além disso, a quantidade abatida de janeiro a março de 2022 ficou 2,02% acima da registrada no último trimestre do ano passado. Ressalta-se, neste ponto, que um movimento de avanço no número de abate entre os trimestres outubro-novembro-dezembro e janeirofevereiro-março não era registrado desde 2006 para 2007. E, naquele período, a expansão foi menor que a atual reação, de apenas 1,65%, ainda de acordo com dados do IBGE.