O mês de março/21 marcou um novo pico de casos e mortes do Covid-19. Além disso, as dificuldades de se estabelecer um fornecimento confiável de vacinas mantém a necessidade de fechamentos parciais da economia para que a crise na saúde não se amplie ainda mais.
Na política, também tivemos um mês muito difícil. O governo continua tendo dificuldades no relacionamento com o Congresso, apesar da recente eleição de aliados para as presidências da Câmara e do Senado.
Declarações desastradas do presidente Bolsonaro não ajudam, criam desconfiança e geram incertezas. Importante lembrar que foi em março que foi aprovado um orçamento federal em desacordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal e com o Teto de Gastos. Parece que o governo se perdeu.
As incertezas na Saúde e na Política desembocam na Economia. Aparentemente, entramos em um círculo vicioso em que incertezas e maior percepção de riscos pressionam o câmbio, que fomenta a inflação, que gera necessidade de elevação de juros, o que alimenta novos aumentos de riscos.
Diante disso, a pergunta que mais ouvimos ao longo de março foi: “Por que mesmo assim o Ibovespa tem subido e está próximo das máximas históricas nominais?”. Nossas respostas:
1 – De um jeito ou de outro teremos vacina e a crise de saúde deve evoluir favoravelmente ao longo dos próximos meses.
2 – Em momentos de incertezas sobre câmbio, inflação e juros, ter ações de boas companhias tende a ser uma boa reserva de valor.
3 – Grande parte das ações negociadas na B3 (SA:B3SA3) são de empresas de primeira qualidade, bem geridas, testadas em momentos de crise e que geram crescimento e lucros mesmo em cenários adversos.
4 – Investimentos em ações devem ser feitos em momentos de incertezas, mirando longo prazo.
Sobre as perspectivas futuras, podemos dizer que a deterioração dos fundamentos econômicos do Brasil é evidente, traduzida por um câmbio muito desvalorizado, juros longos em patamares altos e uma preocupação crescente com o nível de endividamento público.
Sendo realista, será muito difícil este governo reverter este quadro para o que julgamos ideal, mas algumas melhoras certamente teremos ao longo do tempo.
Acreditamos que devemos entrar em um período de notícias melhores do lado econômico, potencializado pela saída da fase mais crítica da Pandemia, pela recuperação da economia decorrente da reabertura gradual e pela recuperação da economia mundial, notadamente EUA e China, os maiores parceiros econômicos do Brasil.
Algumas reformas de caráter macroeconômico devem evoluir (Lei do Gás, BR do Mar) e os projetos de novas concessões devem ser reiniciados a partir de abril (aeroportos, portos, ferrovias e rodovias) trazendo mais racionalidade para a economia brasileira. Com relação às grandes e necessárias reformas (Administrativa e Tributária) passamos a ter dúvidas se evoluirão nesse governo atual.
Continuamos vendo muitas oportunidades em várias companhias negociadas na B3. Em sua maioria, empresas preparadas para operar em cenários que mudam a todo tempo, como tem sido a tradição do Brasil nas últimas décadas.