Passado o pleito eleitoral aqui no Brasil, começamos a pensar em como vai ser o país em 2023. Do lado da economia internacional, ainda existem grandes desafios pela frente. A inflação segue sendo um problema sério tanto nos EUA como na Europa. A guerra da Rússia continua escalando sem sinais claros de uma solução e a economia chinesa continua desacelerando. Por outro lado, no contexto doméstico, o novo governo vai enfrentar grandes desafios do lado fiscal. Reformas estruturais que são de grande urgência, como a tributária e a administrativa, serão debatidas a partir do novo ano entre o governo federal e o Congresso, que se reposicionam de maneira antagônica no espectro político.
O desalinhamento (novamente) entre Executivo e Legislativo torna mais difícil o caminho da aprovação de novas iniciativas. Mas há um sentido positivo nesse descasamento político: ele representa um avanço no sistema democrático brasileiro, fortalecendo os “checks and balances”. Nenhum poder tem capacidade absoluta de causar grandes alterações na matriz econômica brasileira e a importância do Congresso na condução da política do país fica cada vez mais relevante.
Então, o que esperar de 2023? Do lado bom, o Brasil vai entrando no processo desinflacionário muito antes do resto do mundo. Isso graças ao trabalho muito bem-feito pelo Banco Central brasileiro que, agora independente, deve seguir sendo um dos pilares de estabilização do país. Quanto ao crescimento, a economia brasileira deve acelerar cerca de 3% em 2022 — o que carrega um colchão de crescimento de PIB da ordem de 1% para 2023, trazendo mais este conforto.
O Brasil está estrategicamente posicionado como um dos principais produtores de commodities do mundo. Quando olhamos para as alternativas de investimento, nos destacamos como a melhor opção neste momento, apesar da preocupação dos estrangeiros com o arcabouço fiscal, que deverá ser endereçado pelo novo governo. Os ativos brasileiros seguem “baratos” em função da desvalorização cambial sofrida desde a pandemia e ainda devem atrair investidores estrangeiros ao longo de 2023.
Em suma, apesar de termos grandes desafios pela frente e ainda existirem incertezas em relação a indicações do próximo governo para os cargos chave, o cenário tende a ser benigno e os ativos brasileiros vão oferecer boas oportunidades. Agora, só esperar para ver.