A inflação no hemisfério norte segue resiliente, obrigando os principais bancos centrais a manterem suas políticas restritivas. Nessa semana o banco central inglês (BOE) elevou a taxa de juros para +5,25% ao ano: “O Banco da Inglaterra – BoE – decidiu manter a taxa básica de juros em 5,25% na reunião de hoje, com objetivo de levar a inflação de volta para a meta de 2%. Dessa forma, a taxa segue no maior nível desde fevereiro de 2008. Segundo o Comitê de Política Monetária do BoE, cinco dirigentes votaram a favor da manutenção da taxa, enquanto quatro optaram por elevá-la em 0,25 ponto percentual (p.p.), para 5,50% como, também era esperado por uma parcela relevante do mercado. No comunicado, o banco central inglês destacou que continuará monitorando de perto as indicações de pressões inflacionistas persistentes e de resiliência na economia como um todo, incluindo a rigidez das condições do mercado de trabalho e o comportamento do crescimento dos salários e da inflação dos preços dos serviços. A política monetária terá de ser suficientemente restritiva durante um período suficiente para que a inflação regresse ao objetivo de 2% de forma sustentável no médio prazo, disse o BoE”.
O Banco Central Europeu (BCE) “elevou a sua taxa de juros de referência (taxa de depósito) em 0,25 ponto percentual, para sua máxima histórica, optando por prosseguir combatendo a inflação persistente, apesar das preocupações com a possibilidade de a economia entrar em recessão na zona do euro. O aumento da taxa, o décimo consecutivo, elevou os juros básicos para 4% ao ano. O BCE sinalizou que pode ter aumentado as taxas o suficiente para devolver a inflação à meta de 2%, embora não tenha descartado novos aumentos. A taxa de empréstimos foi elevada para 4,75% e a de refinanciamento subiu para 4,5% ao ano. Segundo a instituição, “as futuras decisões assegurarão que as taxas de juros sejam fixadas em níveis suficientemente restritivos, durante o tempo que for necessário”.
Já o FED decidiu pela manutenção dos juros no mesmo “intervalo entre 5,25% a 5,50% ao ano, o maior registrado desde 2001. E sinalizou que poderá praticar novo aumento até o final do ano de 2023 e manter as taxas elevadas até o segundo semestre de 2024.
Apesar da China continuar sinalizando novos estímulos para reanimar sua economia, por outro lado a Rússia anunciou nova restrição na exportação de diesel e petróleo para controlar os preços internos. Mesmo com o aumento das taxas de juros o petróleo encerrou a semana novamente acima dos +90 US$/barril (tipo “wti” @ +90,33 US$/barril e tipo “brent” @ +93,83 US$/barril).
As notícias “positivas” acima voltaram a derrubar os preços do café.
A semana começou positiva com os “fundos + especuladores” ainda “cobrindo” posições vendidas. Nos 2 primeiros dias da semana o Dez-23 chegou a subir +535 pontos negociando na máxima do período @ +164,50 centavos de dólar por libra-peso. Segundo o CFTC* os “fundos + especuladores” compraram no intervalo de apuração +9.420 lotes e estão agora “vendidos” em -14.7627 lotes.
A partir da quarta-feira, mesmo com a confirmação da onda de calor que está castigando o Brasil nos últimos dias, o “mercado virou a mão” tendo como justificativa a publicação da última revisão da safra brasileira 23/24 pela Conab* (na quarta-feira pela manhã) e em seguida com o anúncio da decisão do FED*.
Nos três últimos dias da semana o Dez-23 caiu respectivamente -235 / -335 / -370 pontos por dia, encerrando a semana @ +151,15 centavos de dólar por libra-peso (negociando na mínima da semana @ +150,05 centavos de dólar por libra-peso)!
A Conab publicou o fechamento da safra 23/24 com +54,36 milhões de sacas sendo +38,16 milhões de sacas para o café tipo arábica e +16,20 milhões de sacas para o café tipo robusta.
Área em produção estimada em +1,88 milhões hectares e área em formação em +362,50 mil hectares – uma redução em -9,3% (com reflexos já na próxima safra 24/25)!
Aparentemente o “mercado” não leu direito os números da Conab* pois os números acima indicam uma REDUÇÃO em -380 mil sacas em comparação ao 2º levantamento de Café divulgado no dia 19 de maio-23 pela Conab*: “De acordo com o Boletim do 2º levantamento de Café, divulgado no dia 19 de maio pela Conab, a produção brasileira na safra 2023 apresentou perspectiva de crescimento de 7,5% em relação ao ciclo passado, com uma colheita estimada em 54,74 milhões de sacas beneficiadas contra 50,92 milhões de sacas em 2022”.
Segundo os dados preliminares da Cecafé* a exportação para o mês de set-23 deverá ficar entre +2,80 / +3,00 milhões de sacas! Uma redução entre -18% / -22% comparado ao mês de ago-23! O “mercado” continua apostando na “oferta tranquila” do produto brasileiro até a próxima “safra recorde” brasileira 24/25, com o Brasil exportando +44 milhões de sacas entre julho-23/junho-24. E com uma oferta tranquila da América Central e Vietnam + Indonésia a partir dos próximos meses. Será?
A onda de calor nas principais regiões produtoras deverá continuar pelos próximos dias preocupando muitos produtores. A próxima safra 24/25 vai mesmo ser recorde?
Como vimos nessa semana o “mercado” continua “soberano”. Os “fundos + algoritmos + especuladores” tem o “poder” (dinheiro) para “jogar” os preços pra cima ou para baixo com base nas suas análises / programas. Porém, no final, os preços irão convergir para os fundamentos! Isso poderá levar 3-6-12-18 meses! No “meio do caminho” esses movimentos especulativos irão “quebrar/machucar” aqueles que estão no mercado “especulando”, tomando posições contrarias às politicas de hedge! Muito cuidado para “você produtor” não estar no meio do caminho, apenas “olhando”, “torcendo”, “fazendo a dança da chuva rezando por preços melhores”!
Nessa semana, com a queda dos últimos dias, o mercado interno voltou a negociar abaixo dos +800 R$/saca para entregas “spot” com entregas entre outubro/novembro-23. E, para a próxima safra 24/25 os preços indicativos voltaram a ficar abaixo dos +850 R$/saca!
Continuo positivo no curto/médio prazo. Continuo acreditando na safra 23/24 entre +55 /+60 milhões de sacas e com uma exportação brasileira entre +36/+38 milhões de sacas!
Para a próxima safra 24/25 ainda é muito cedo para qualquer “projeção/chute” com relação ao “tamanho da safra brasileira”. Após a “florada maravilhosa” dos últimos dias, como será o pegamento / o desenvolvimento dos frutos, as chuvas, o próximo período do inverno junho-ago-24? Para onde irá o preço dos insumos, petróleo, inflação, mão de obra, câmbio?
A primavera começou e as próximas semanas/meses prometem muitas emoções!
Sugestão? Protejam-se!
Produtor: Aproveite para fixar preços para a próxima safra 24/25 acima do “seu custo de produção” comprando opções de compra “call*” como seguro e participação em eventual alta para mitigar eventual quebra na sua safra, problemas climáticos, explosão nos preços. Ou, apenas comprando uma opção de venda “put*” garantindo o seu “custo de produção” e aguarde o mercado reagir!
Para a indústria: muita atenção, pois “para baixo” o mercado poderá vir… até onde? +600/+650 R$/saca? E para cima? Será que iremos ver novamente preços acima dos +1.500/+1.700 R$/saca?